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Durante o inverno, as mudanças bruscas de
temperatura favorecem o aumento de casos de sinusite, uma inflamação das
mucosas dos seios da face - a região óssea da face e crânio no entorno dos
olhos, nariz e maçãs do rosto. Além das temperaturas mais baixas, a queda na umidade
do ar no Brasil, juntamente com a maior concentração de poluentes na atmosfera,
propicia o aumento das doenças respiratórias. “As temperaturas mais baixas
reduzem o batimento dos cílios, que são aqueles pelinhos microscópicos que
ficam nas vias respiratórias do nariz, garganta e ouvidos, e movimentam o muco
protetor, aumentando assim a chance de entrada de vírus e bactérias na região”,
aponta Vinícius Ribas Fonseca, professor titular de Otorrinolaringologia do curso
de Medicina da Universidade Positivo (UP), em Curitiba, no Paraná.
Além disso, segundo o especialista, é comum que as
pessoas reduzam a ingestão de líquidos durante o inverno, o que acaba
desidratando os tecidos e aumentando a espessura do muco, favorecendo a entrada
de vírus e bactérias na região. “Isso sem contar que, em dias frios, costumamos
deixar os ambientes mais fechados e com maior aglomeração de pessoas, o que
também pode aumentar a probabilidade de exposição a agentes infecciosos”,
adverte.
Segundo o médico, o curso natural da sinusite se
deve a um processo inflamatório nasal mal resolvido. Pode ser provocado
por um resfriado, uma crise alérgica prolongada ou até mesmo por uma infecção
anterior que não tenha sido adequadamente tratada, o que pode levar a uma
diminuição na resposta do sistema imunológico. “Um sistema imunológico
enfraquecido facilita a entrada de novos agentes infecciosos”, afirma o
otorrinolaringologista. De acordo com a AAO-HNSF (Academia Americana de
Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço), a doença afeta uma em
cada oito pessoas em todo o mundo.
Há diferenças entre os tipos
de sinusites
Os tipos mais comuns de sinusite são a viral e a
bacteriana. A principal diferença entre elas é que a viral é uma inflamação
mais amena dos seios paranasais, enquanto a bacteriana ocorre como consequência
de um resfriado, gripe ou crise alérgica não tratados e costuma ser mais
intensa.
Os sintomas mais comuns da sinusite são tosse,
dores fortes na região dos seios da face, dores de cabeça, sensação de pressão
ao inclinar e levantar a cabeça, obstrução nasal com secreção purulenta
amarelada ou esverdeada. “Os pacientes também podem se queixar de coriza,
febre, perda de apetite, diminuição de olfato e dores musculares”, acrescenta o
médico.
Na maioria dos casos, a doença é autolimitada. Ou
seja, o tratamento envolve a lavagem nasal com soro fisiológico, seja na forma
de gotas, spray ou jato contínuo. Além disso, são recomendados analgésicos e
antitérmicos em casos de dor e febre. “Eventualmente, é necessário o uso de um
descongestionante sistêmico, que pode ajudar a melhorar a condição clínica do
paciente”, orienta o especialista. “Se o paciente também apresentar rinite
alérgica, esta condição também deve ser tratada”, complementa. Em geral,
para prevenir uma complicação de sinusite é indicado aumentar a hidratação e
adotar uma alimentação saudável com maior consumo de carboidratos e proteínas,
além de repouso. Os sintomas tendem a melhorar naturalmente em um período de
três a cinco dias, sem a necessidade de ajuda médica para recuperação. Por
isso, a sinusite viral é considerada o tipo mais comum e menos grave.
Por outro lado, a sinusite bacteriana começa com
sintomas semelhantes, mas pode se agravar no decorrer dos dias. Nesses casos, é
preciso atendimento médico para recomendar uma combinação de medicamentos,
geralmente envolvendo anti-inflamatórios, antibióticos e raramente
corticosteróides, além das lavagens nasais e inalações com soro fisiológico.
“Portanto, quando os sintomas persistem por mais de sete dias ou há sinais de
complicações, a recomendação é procurar um médico otorrinolaringologista”,
orienta.
Outros fatores associados
Além de ser causada por vírus, bactérias e fungos é
importante ressaltar que a sinusite pode surgir devido a outros fatores, como
mudanças climáticas, exposição à poluição do ar ou umidade, desvios de septo
nasais, e até disfunções nos cílios nasais. “Por isso, é altamente
recomendável evitar locais com poluição e fumaça de cigarro, manter o ambiente
bem higienizado para não ter contato com fungos, ácaros, pólen e pelos de
animais, além de não limpar o nariz com as mãos sujas e evitar ambientes
fechados”, orienta. “Além disso, é fundamental consultar um médico
otorrinolaringologista em casos de sinusite recorrente para investigar
possíveis alterações anatômicas, como desvio de septo ou adenoide nas crianças,
que podem ser responsáveis pelos quadros infecciosos de repetição”, completa.
Quando a sinusite pode ser
considerada grave
Acreditar que os sintomas da sinusite são semelhantes aos de um resfriado pode agravar o problema, pois os seios da face estão muito próximos dos olhos, ouvidos, cérebro, garganta e pulmões, mantendo uma relação íntima com esses órgãos. Ou seja, a sinusite bacteriana, quando não tratada, pode levar a complicações graves em alguns desses órgãos. A infecção é considerada grave quando o paciente apresenta sintomas intensos, tais como secreção amarelada e purulenta, dor e sensação de peso na face, tosse, febre acima de 39°C, edema ou inchaço no rosto e pálpebras, alteração visual ou na movimentação dos olhos e prostração intensa. “Nesses casos, a recomendação é procurar um médico especialista o quanto antes”, alerta. A sinusite bacteriana mal curada pode afetar o globo ocular, podendo levar a perda da visão, porque a inflamação tende a levar a formação de secreção que atinge a órbita, o globo ocular e o nervo óptico. Atingindo o cérebro, ela pode desencadear a meningite bacteriana, que é uma inflamação aguda das membranas que recobrem a medula e o cérebro.
Universidade Positivo
up.edu.br/
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