A cultura de troca
constante de empregos pode retornar, após a pausa ocasionada pela pandemiaShutterstock
Criatividade,
engajamento, agilidade, inovação, poder de transformação no ambiente
corporativo e, ainda, economia de custos – são esses e diversos outros os
benefícios de se ter um estagiário no ambiente corporativo. Mas, após a
pandemia causada pelo novo Corona vírus, como está o mercado para esses
profissionais e o que os últimos três anos trouxeram para este perfil em seu
cenário trabalhista?
As relações de
trabalho, durante a pandemia, foram radicalmente afetadas de maneira positiva e
negativa em alguns aspectos. Se por um lado a expansão do home office
possibilitou o sucesso das tarefas remotas, por outro lado afastou o contato
presencial dentro do ambiente corporativo. É possível comprovar quando 52% dos
entrevistados, no estudo “Futuro do Trabalho 2023”, elaborado
pela consultoria global Korn Ferry, afirmam que o serviço
remoto faz com que se sintam desconectados de seus colegas e que essa
desconexão poderia ser o suficiente para fazê-los procurar emprego em
outro lugar.
Segundo o
especialista e carreira da consultoria global BR Talent, Rudney Pereira Junior,
essa desconexão do presencial pode ser também um gatilho para um estagiário.
“O perfil deste estudante é conhecido pela sua facilidade em absorção,
agilidade, empolgação, proatividade e curiosidade, ainda mais por estar em um
momento de aprendizado naquela determinada função que atua na empresa. É isso o
esperado. Mas, a falta de networking coletivo, no cotidiano, como era
antigamente e já esperado por este aprendiz, pode ser uma brecha para desmotivação
nas tarefas e, até mesmo em alguns casos, ocorrer a desistência do curso”,
alerta.
O mercado para os
estagiários está crescendo cada vez mais, sendo o terceiro ano consecutivo,
como retratam os dados divulgados pelo Centro de Integração Empresa-Escola
(CIEE), em que o total é de 933 mil profissionais nesta modalidade
e a expectativa é que, segundo divulgação recente, ainda neste ano acontecerá
um aumento de 10,3%. Vale lembrar, que o único decréscimo, de 23%, foi
registrado apenas em 2020, momento em que o país enfrentou os danos sociais e
econômicos alavancados pela pandemia.
“Como organização,
é possível avaliar que as empresas ganham muito além de economia no orçamento
tendo os estagiários em seu time e é indispensável se atentar nos desafios que
esta modalidade de emprego oferece, para se precaver de futuros danos aos
contratantes e contratados. Vale lembrar que o estagiário engajado, bem
remunerado e realmente envolvido com a cultura da empresa, tem mais chances de
colaborar com a retenção de talento, redução de
turnover, participação em plano de sucessão e,
ainda, colabora como um prospect que busca tendências de T&D”,
explica Pereira.
De
galho em galho
Um levantamento
realizado pela consultoria global Korn Ferry, revelou que pessoas
altamente curiosas têm 2,2 vezes mais chances de se tornarem nômades na
carreira, ou seja, migrarem constantemente de empregos. Este
perfil com mais curiosidade e agilidade faz parte das qualidades dos
estagiários, mas, ao mesmo tempo pode ser um alerta nas trends organizacionais:
retenção de bons talentos e a precaução dos prejuízos em T&D.
O especialista em
carreiras da consultoria BR Talent, Rudney Pereira Junior, compreende que as
possíveis práticas nômades dos estagiários durante a pandemia foram
modificadas, porque houve cautela na nomadicidade devido aos receios das
consequências da crise econômica. No entanto, nos dias atuais, observamos um
ressurgimento dessa cultura, especialmente quando os benefícios laborais não
correspondem às suas expectativas. Esse cenário é agravado pela falta de
interações presenciais, algo fundamental para esse tipo de perfil, o que compromete
a qualidade das trocas de conhecimento e networking. Além disso, vale mencionar
a possibilidade concreta de crescimento em empresas concorrentes, variando de
acordo com o setor de atuação. Por isso, entender os objetivos, anseios e desenhar
o perfil do candidato na hora do recrutamento é essencial”,
finaliza.
Dicas
para os estagiários:
- Se você é 50+,
você também pode conseguir uma oportunidade e poderá contribuir muito com sua
experiência;
- Seja sincero
durante a sua entrevista e explique o que a determinada empresa pode colaborar
com seus anseios profissionais;
- Demostre suas
hard skills, mas não esqueça de expor as suas soft skills;
- Passe segurança
de que, se der tudo certo futuramente, você pode fazer parte do time de
efetivados;
- Destaque suas
fragilidades, mas como forma de processo de aprimoramento e não como
eliminatória;
- Combine sua
flexibilidade no trabalho, pensando nos seus estudos e determine isso com a
empresa.
Dicas
para o RH:
- Saiba
entrevistar o estagiário, para que ele se sinta à vontade para compartilhar
seus objetivos profissionais na empresa;
- Analise o perfil
não pensando em curto prazo, mas a longo prazo e considerando aquisição de
talentos;
- Faça um mapa do
que a oportunidade oferecida pode agregar de acordo com o que o candidato busca
naquela companhia;
- Compare os
benefícios que serão oferecidos com os que ele almeja, tente equilibrar para
ambos;
- Não prometa o
que não irá cumprir.
www.brtalent.com.br
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