Programa de atividades para estímulo cognitivo por meio de jogos de tabuleiro, cartas e tablets proporciona benefícios como estímulos para melhorar a concentração, memorização, linguagem e socialização. O projeto foi elaborado pela equipe de Terapia Ocupacional do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE)
A equipe de Terapia Ocupacional do Hospital do
Servidor Público Estadual (HSPE) criou o programa de atividades para estímulo
cognitivo por meio de jogos de tabuleiro, cartas e tablets. A assistência é
destinada aos pacientes com o desempenho cognitivo levemente comprometido em
decorrência de doenças que podem prejudicar o raciocínio lógico, como Acidente
Vascular Cerebral (AVC), Alzheimer e pós-covid. Entre os benefícios relatados
estão melhora na concentração, memória, linguagem e socialização.
O programa é realizado em dez sessões, uma por
semana e em duplas que são definidas mediante a análise cognitiva dos
pacientes. Eles devem apresentar desempenho intelectual semelhante para compor
o par. A proximidade é verificada por meio da aplicação dos testes: miniexame
do estado mental, fluência verbal e teste do relógio, que consistem na
reprodução de um desenho de relógio indicando algum horário. São atribuídos
pontos a cada quesito das avaliações para medir e comparar as
performances.
Para auxiliar na sessão de terapia com jogos, cada
membro traz um acompanhante. A terapeuta ocupacional Tatiana Couto do HSPE, idealizadora
da ação, explica que a presença dessa pessoa ajuda na adesão ao programa, além
da possibilidade de aprender a lidar com o paciente de maneira adequada em
outros momentos. “O caráter cognitivo das atividades ajuda o participante a
desenvolver sua independência e autonomia, além de contribuir para que o
acompanhante aprenda a lidar com as dificuldades do assistido”, pontua a
especialista.
Getúlio de Souza, que foi encaminhado à Terapia
Ocupacional depois do diagnóstico de demência leve, realizou 23 pontos antes de
realizar as sessões. Na avaliação de conclusão do programa, Getúlio passou de
23 para 26 no miniexame, e de 7 para 9 na fluência, além disso, houve melhora
substancial na reprodução do relógio. A especialista explica que a melhora é
consequência da escolha de jogos. “A dinâmica é definida a partir das
capacidades que a dupla tem em comum. As atividades trabalham comunicação,
raciocínio e memória, entre outros”, comenta.
De acordo com a diretora do Serviço de Neurologia
Clínica do HSPE, Sônia Maria de Azevedo, o motivo da melhora na pontuação está
relacionado ao exercício da função executiva do cérebro treinada nas sessões.
"Os jogos trabalham a capacidade de flexibilidade e planejamento mental. A
repetição dessas atividades beneficia a concentração e a linguagem, assim, o
paciente se atenta aos detalhes e à elaboração de novas estratégias para
concluir as partidas evitando falhas anteriores", complementa a médica,
que indica os jogos para estimulação cognitiva a qualquer pessoa independente
de desempenho intelectual.
A paciente Márcia Sanches, que também foi
encaminhada após sofrer um AVC em decorrência da covid-19, se tornou tímida e
apática após a doença, características comuns entre os atendidos pela Terapia
Ocupacional. Seu humor e disposição mudaram após as sessões de terapia com
jogos. Segundo Márcia, hoje ela tem vontade de conversar, vestir roupas
coloridas e conhecer lugares. “O AVC me deixou deprimida, tinha dificuldade
para conversar e sair de casa. Os encontros com a equipe de Terapia Ocupacional
me devolveram o ânimo de viver”, afirma.
Instituto de Assistência
Médica ao Servidor Público Estadual de São Paulo (Iamspe)

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