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segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Jogos auxiliam na recuperação de pacientes com sequelas cognitivas também causadas pela Covid-19

Programa de atividades para estímulo cognitivo por meio de jogos de tabuleiro, cartas e tablets proporciona benefícios como estímulos para melhorar a concentração, memorização, linguagem e socialização. O projeto foi elaborado pela equipe de Terapia Ocupacional do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE)

 

A equipe de Terapia Ocupacional do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) criou o programa de atividades para estímulo cognitivo por meio de jogos de tabuleiro, cartas e tablets. A assistência é destinada aos pacientes com o desempenho cognitivo levemente comprometido em decorrência de doenças que podem prejudicar o raciocínio lógico, como Acidente Vascular Cerebral (AVC), Alzheimer e pós-covid. Entre os benefícios relatados estão melhora na concentração, memória, linguagem e socialização.

O programa é realizado em dez sessões, uma por semana e em duplas que são definidas mediante a análise cognitiva dos pacientes. Eles devem apresentar desempenho intelectual semelhante para compor o par. A proximidade é verificada por meio da aplicação dos testes: miniexame do estado mental, fluência verbal e teste do relógio, que consistem na reprodução de um desenho de relógio indicando algum horário. São atribuídos pontos a cada quesito das avaliações para medir e comparar as performances. 

Para auxiliar na sessão de terapia com jogos, cada membro traz um acompanhante. A terapeuta ocupacional Tatiana Couto do HSPE, idealizadora da ação, explica que a presença dessa pessoa ajuda na adesão ao programa, além da possibilidade de aprender a lidar com o paciente de maneira adequada em outros momentos. “O caráter cognitivo das atividades ajuda o participante a desenvolver sua independência e autonomia, além de contribuir para que o acompanhante aprenda a lidar com as dificuldades do assistido”, pontua a especialista.

Getúlio de Souza, que foi encaminhado à Terapia Ocupacional depois do diagnóstico de demência leve, realizou 23 pontos antes de realizar as sessões. Na avaliação de conclusão do programa, Getúlio passou de 23 para 26 no miniexame, e de 7 para 9 na fluência, além disso, houve melhora substancial na reprodução do relógio. A especialista explica que a melhora é consequência da escolha de jogos. “A dinâmica é definida a partir das capacidades que a dupla tem em comum. As atividades trabalham comunicação, raciocínio e memória, entre outros”, comenta.

De acordo com a diretora do Serviço de Neurologia Clínica do HSPE, Sônia Maria de Azevedo, o motivo da melhora na pontuação está relacionado ao exercício da função executiva do cérebro treinada nas sessões. "Os jogos trabalham a capacidade de flexibilidade e planejamento mental. A repetição dessas atividades beneficia a concentração e a linguagem, assim, o paciente se atenta aos detalhes e à elaboração de novas estratégias para concluir as partidas evitando falhas anteriores", complementa a médica, que indica os jogos para estimulação cognitiva a qualquer pessoa independente de desempenho intelectual.

A paciente Márcia Sanches, que também foi encaminhada após sofrer um AVC em decorrência da covid-19, se tornou tímida e apática após a doença, características comuns entre os atendidos pela Terapia Ocupacional. Seu humor e disposição mudaram após as sessões de terapia com jogos. Segundo Márcia, hoje ela tem vontade de conversar, vestir roupas coloridas e conhecer lugares. “O AVC me deixou deprimida, tinha dificuldade para conversar e sair de casa. Os encontros com a equipe de Terapia Ocupacional me devolveram o ânimo de viver”, afirma.

 

Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual de São Paulo (Iamspe)


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