Contaminação causa nove alterações nos olhos e 74% das sequelas mais graves ocorrem em pessoas não vacinadas.
O Brasil vive hoje um surto epidêmico da varíola dos macacos ou monkeypox, infecção viral causada por um vírus do mesmo nome que já infectou mais de 1 mil brasileiros nos últimos três meses. A doença que chegou por aqui em maio, coloca o Brasil entre os 10 países com maior número de contaminações entre as 75 nações que notificaram à OMS (Organização Mundial da Saúde) 16 mil casos da varíola dos macacos até final de julho.
Pior: Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, oftalmologista do Instituto Penido Burnier de Campinas, o novo surto é um perigo à saúde ocular. Os principais grupos de risco são crianças, imunossuprimidos e gestantes. “A doença já é bem conhecida pela comunidade médica. Uma evidência disso são os diversos estudos científicos que vem sendo realizados desde que a varíola dos macacos surgiu na África”, comenta.
O oftalmologista afirma que
as nove alterações oculares decorrentes da monkeypox e suas respectivas
frequências elencadas pela comunidade científica são:
·
Aumento
dos gânglios linfáticos perioculares - 75%
·
Formação
de vesículas na órbita e ao redor dos olhos – 25%
·
Blefarite
– 30%
·
Conjuntivite
- 30%
·
Lesão
foco conjuntival – 17%
·
Úlcera
na córnea – 4%
·
Fotofobia
ou aversão à luz – 22,5%
·
Ceratite
(inflamação da córnea) 3,6% a 7,5%
·
Perda
da visão – 10% nas contaminações primárias e 5% nas contaminações secundárias.
Vacina protege olhos
Queiroz Neto afirma que o
mais preocupante na nova epidemia é o hábito de automedicação entre
brasileiros. Isso porque, um colírio inadequado no tratamento da conjuntivite
pode causar uma perfuração na córnea, uma emergência médica que sem atendimento
imediato leva à perda da visão. Por isso, toda
pessoa com suspeita de varíola dos macacos e desconforto nos olhos deve
passar por consulta oftalmológica. Os
estudos revelam que a vacina reduz de 30% para 7% o risco de desenvolver
conjuntivite (inflamação da conjuntiva) e blefarite (inflamação das pálpebras).
A incidência de lesões no foco conjuntival caem de 17% para 14% e os casos de
úlcera na córnea de 4% para 1%. O problema, comenta, é que as vacinas
desenvolvidas na Europa para a monkeypox são escassas e a vacina para varíola
humana, embora seja eficaz pela similaridade genética entre os dois vírus,
deixou de ser fabricada depois que a doença foi erradicada.
Transmissão
Queiroz Neto explica que após
o contato com roedores ou pessoas contaminadas pelo monkeypox, o vírus ficar
encubado de 5 a 21 dias. O contágio também pode ocorrer através de fronhas,
lençóis, toalhas e talheres utilizados por um doente ou pelo contato com
secreção das lesões da pele, saliva ou gotículas das vias respiratórias. “Basta
tocar um desses elementos e levar as mãos aos olhos para contrair o vírus e
contaminar o globo ocular”, afirma. Os primeiros sinais da varíola dos macacos
podem ser confundidos com uma gripe: febre, dor no corpo desânimo, dor de
cabeça. Até 5 dias depois desses sintomas surgem manchas vermelhas na pele
chamadas de rash cutâneo que coçam. Estas manchas se transformam em vesículas
cheias de um líquido viscoso que contém o vírus, e evoluem para pústulas cheias
de pus que secam formando uma crosta. O médico alerta que o contato com uma
pessoa que foi contaminada pelo monkeypox só se torna seguro para sua saúde e
olhos quando todas as crostas já foram eliminadas.
Tratamento
O oftalmologista afirma que o
tratamento das alterações oculares varia de acordo com a avaliação
oftalmológica. O mais indicado é a instilação de colírio lubrificante para
melhorar o conforto. O uso de colírio com corticoide aumenta a resistência do
vírus, pode afinar a córnea e provocar perfuração. Casos de infecções
resistentes podem ser tratados com antivirais, sempre com supervisão médica
pelo risco do medicamento. A varíola dos macacos é uma doença autolimitada e
como todas as viroses o sistema imunológico geralmente elimina o vírus.
Prevenção
As dicas de Queiroz Neto para
prevenir a monkeypox e a contaminação dos olhos são:
·
Lave
as mãos com frequência.
·
Evite
levar as mãos aos olhos.
·
Mantenha
os olhos lubrificados.
·
Em
caso de diagnóstico de monkeypox ou desconforto nos olhos consulte um
especialista.
·
Não
use colírio por conta própria. Todo medicamento tem efeitos colaterais que
podem ser perigosos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário