A participação ativa e o apoio do pai é fundamental para a amamentação. Cinthia Calsinski explica como tornar essa fase mais tranquila para a mãe e exemplos de como o homem pode ajudar de fato
Muitas vezes quando se pensa em amamentação a ideia é de que ninguém pode ajudar, afinal isso é uma questão entre o bebê e sua mãe. De fato, quem amamenta não pode receber ajuda para tal, mas existem muitas coisas que a rede de apoio e o pai podem fazer para auxiliar nesse processo.
Já nos primeiros dias, caso a amamentação não se apresente um pouco melhor a cada dia é importante considerar uma ajudinha extra: uma consultora de amamentação. Algumas opções para fazer acontecer são: procurar um banco de leite próximo a residência, retornar ao hospital onde o bebê nasceu ou contratar uma profissional que vá até a residência. Ajuda nesse momento é fundamental.
Felizmente, vivemos um cenário diferente de anos atrás. Uma grande parcela dos homens já se mostra mais participativa com os cuidados dos filhos. Mas ainda assim, muita coisa precisa mudar. De acordo com uma pesquisa global, realizada por Philips Avent em 2019, no cenário internacional, 81% dos pais gostariam de estar mais envolvidos no período de amamentação. No Brasil, esta realidade atinge um percentual menor (77,93%), embora 72,18% dos companheiros afirmarem estar envolvidos em confortar e cuidar do bebê.
O estudo mostrou ainda que 88,69% das mães brasileiras acreditam que são necessárias mais informações sobre como os parceiros podem apoiá-las nesse período de amamentação para tornar essa fase mais fácil. De fato, há uma lacuna nesse processo em que as mães precisam de ajuda e os pais estão dispostos a auxiliá-las, porém, em muitos casos, os parceiros não sabem como podem contribuir para tornar a fase do aleitamento materno mais leve e fácil para as mulheres.
Cinthia Calsinski enfermeira obstetra pela UNIFESP e Consultora Internacional de Lactação conta que em situação de pega ou posicionamento inadequados, ou que podem ser melhorados para dar mais conforto a quem amamenta é fundamental ter ajuda. “É mais fácil quando alguém olha de fora e nos ajuda: mais para cima, a cabeça está torta, barriga com barriga etc. A mulher algumas vezes não consegue perceber! E é comum durante a consulta eu pedir auxílio ao pai para “encaixar” o bebê no seio, pois após a saída da consultora, ambos precisarão reproduzir o que foi ensinado.” Explica.
Após passado os desafios iniciais, o olhar do pai para a amamentação consiste em garantir que quem amamenta possa se dedicar a isso sem outras preocupações como: refeições, roupas, mercado, contas, nada que demande energia! É comum que cuidados como troca de fralda, banho, auxílio para adormecer seja algo que não se quer delegar, pois apesar do cansaço traz grande prazer cuidar, alimentar e confortar o bebê.
É na madrugada que a ajuda falha, não é fácil mesmo acordar durante a madrugada. Algumas vezes a companhia, estar ao lado, já é uma grande ajuda, outras vezes pegar o bebê quando acorda, trocar a fralda e levar para a amamentar na cama traz além de conforto um descanso extra.
É essencial falar aos pais que eles devem, sim, participar do momento da amamentação e ajudar o máximo possível. Mas é preciso ir além e dar informações de como esse apoio pode ser dado na prática. “Estar ao lado da mulher durante as mamadas, dar apoio emocional e incentivá-la, faz com que ela não se sinta sozinha e consiga enfrentar os desafios mais facilmente.” Completa Cinthia.
O bebê diferencia o pai da mãe através do cheiro,
entonação da voz e principalmente do jeito particular que cada um tem nos
cuidados com o bebê. A participação do pai ajuda a estreitar o vínculo com o
bebê mais cedo uma vez que é muito comum que esse vínculo afetivo aconteça mais
tarde com os homens uma vez que, naturalmente, é a mãe quem está sempre
presente no processo inicial de vida da criança. Além disso, com apoio do
companheiro, a mulher tem muito mais chances de estabelecer e prolongar a
amamentação.
Cinthia Calsinski - Enfermeira Obstetra.
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