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quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Alimentação e atividade física: a sua rotina te ajuda a prevenir o câncer?

Cerca de 90% da população reconhece o tabagismo como

fator de risco para o câncer, mas 50% da população desconhece a importância da alimentação e atividade física na prevenção

 

 

Acaba de ser divulgada a publicação Dieta, Nutrição, Atividade Física e Câncer: Uma Perspectiva Global, uma tradução do III Relatório de Especialistas do Fundo Mundial de Pesquisa em Câncer, produzido pelo American Institute for Cancer Research (AICR) e World Cancer Research Fund (WCRF). O documento foi lançado pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), do Ministério da Saúde, e inclui um relatório de especialistas sobre o tema para a perspectiva brasileira. 

São enfatizadas a relação entre alimentação, nutrição, atividade física e prevenção do câncer por meio de dados epidemiológicos e recomendações específicas, fornecendo subsídios para fundamentar intervenções individuais e coletivas. 

Segundo a publicação, nos países de alta renda, mais de 90% da população estudada reconhece o tabagismo como importante fator de risco para o desenvolvimento de câncer. Mas aproximadamente metade da população desconhece a relação da doença com a má alimentação, a inatividade física e o excesso de peso corporal. 

No Brasil, a situação pode ser ainda mais crítica. Por isso, a população deve ser amplamente informada sobre a importância destes fatores na prevenção e detecção precoce dos diversos tipos de câncer.

 

A importância das escolhas saudáveis 

O objetivo desta publicação é ajudar as pessoas a fazerem escolhas saudáveis diariamente, reduzindo o risco de câncer e de outras doenças crônicas não transmissíveis. Isso vale também para aqueles que já receberam um diagnóstico da doença. 

No entanto, informar as pessoas sobre os fatores que causam ou protegem contra o câncer e fazer recomendações sobre comportamentos de saúde é importante, mas não é suficiente. Parte do comportamento de uma população é reflexo de questões sociais, econômicas e do ambiente em que vivem. 

Assim, a publicação destaca a responsabilidade dos governos de proteger a saúde de seus cidadãos e criar ambientes propícios para isso. Ou seja, mudanças na rotina, que incluam uma dieta mais saudável e a realização de atividade física, também dependem de políticas públicas que priorizam e permitam que estas mudanças.

 

Câncer em alta no mundo 

O câncer pode afetar qualquer pessoa, mas algumas estão em maior risco que outras. Além do fator genético, há fatores ambientais e estilo de vida modificáveis, que podem ter forte influência sobre o risco de câncer, fazendo com que a doença seja evitável em muitos casos. 

Estima-se que entre 30 e 50% de todos os casos de câncer são preveníveis por meio da adoção de estilos de vida saudáveis e evitando a exposição a carcinógenos ocupacionais, poluição ambiental e infecções crônicas. 

No entanto, com as atuais tendências de crescimento do sedentarismo e consequente aumento da gordura corporal, é esperado que os números do câncer continuem subindo, especialmente com o envelhecimento da população mundial. Se estas tendências continuarem, o sobrepeso e a obesidade podem, em breve, ultrapassar o tabagismo como o principal fator de risco para o câncer. 

É importante destacar a importância da participação de todos os setores da sociedade na divulgação destas informações, com o objetivo de prevenir o câncer e melhorar a sobrevivência. População, multinacionais, organizações da sociedade civil, governo, mídia, indústria, pesquisadores, profissionais das áreas de saúde, educação, produção de alimentos, economia, comunicação, entre outros, têm um importante papel nesta questão.

 

O câncer no Brasil 

A iniciativa Cancer Today, da Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer (Iarc), reúne estimativas de incidência, mortalidade e prevalência do câncer em 185 países ou territórios, para 36 tipos de câncer por sexo e faixa etária. 

Os números referentes ao Brasil mais recentes, de 2018, apontam que os cânceres de mama, próstata, cólon e reto, pulmão e tireoide correspondem a cerca de 50% dos casos. O risco cumulativo de desenvolver algum tipo de câncer durante a vida, no Brasil, é de 47,7% em homens e 35,5% em mulheres, e o de morrer por algum tipo de câncer é de 30,7% em homens e 19,7% em mulheres. 

Segundo o INCA, em 2018-2019, a estimativa era de 600 mil casos novos de câncer ao ano. Os tipos mais frequentes em homens eram próstata (31,7%), pulmão (8,7%), intestino (8,1%), estômago (6,3%) e cavidade oral (5,2%) e, em mulheres, mama (29,5%), intestino (9,4%), colo do útero (8,1%), pulmão (6,2%) e tireoide (4,0%). 

No Brasil, estima-se que a alimentação inadequada, o consumo de bebida alcóolica, a inatividade física, o sobrepeso e a obesidade sejam responsáveis por 14,7% dos casos de câncer e 17,8% dos óbitos.

 

Prevenção do câncer 

Ainda na publicação, o INCA oferece algumas recomendações para a prevenção do câncer, especialmente elaboradas para a população brasileira. As recomendações também valem após o diagnóstico de câncer. Confira: 

• Mantenha o peso corporal saudável, dentro dos limites recomendados de IMC. Evite o ganho de gordura corporal na vida adulta, mantendo peso e circunferência abdominal adequados 

• Seja fisicamente ativo, tanto no lazer como nos deslocamentos, atividades domésticas ou no trabalho 

• Busque atividades que deem prazer e limite hábitos sedentários, como passar muito tempo assistindo TV ou usando o celular ou computador 

• Faça dos alimentos de origem vegetal a base da alimentação, incluindo nas refeições frutas, legumes, verduras, feijões, cereais integrais, sementes e nozes 

• Evite alimentos ultraprocessados, bebidas açucaradas e fast food, que além de possuírem elevadas quantidades de açúcar, gordura e/ou sal, promovem o ganho de peso 

• Coma à mesa com amigos e familiares, não substitua refeições por lanches. Cozinhar favorece a alimentação saudável 

• Limite o consumo de carne vermelha a até 500 gramas (cozida) por semana (equivalente a 750 gramas de carne crua). As melhores formas são assadas, cozidas ou ensopadas. Carnes grelhadas, fritas ou preparadas como churrasco aumentam a produção de agentes que causam câncer 

• Evite o consumo de carnes processadas, como presunto, salsicha, mortadela, linguiça, salame, bacon, peito ou blanquet de peru, entre outras 

• Evite o consumo de chimarrão em temperatura superior a 60°C. Para isso, desligue o forno quando iniciar a formação de bolhas gasosas no fundo da panela e espere alguns minutos antes do consumo 

• Evite bebidas alcoólicas. Se beber, procure consumir a menor quantidade possível 

• Para as mulheres, quando possível, amamentem seus bebês. A amamentação protege as mães do câncer de mama e os bebês do sobrepeso e da obesidade ao longo da vida. É aconselhável amamentar até dois anos ou mais, oferecendo somente leite materno nos primeiros seis meses 

• Não use suplementos alimentares para prevenção do câncer. Uma alimentação saudável fornece a quantidade adequada de nutrientes

 


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