Ceratoconjuntivite
seca, úlcera de córnea e uveíte são as doenças oculares mais comuns em animais.
Além de grande desconforto, algumas delas podem ser sinais de alerta para
enfermidades mais graves
Secreção ocular constante, vermelhidão, coceira
localizada, olhinho fechado, dor, apatia... Atenção! Seu pet pode estar com
alguma das doenças oculares que mais acometem cães e gatos ou, pior, estas
podem ser manifestações clínicas secundárias de doenças mais graves, desde as
infecciosas, como a cinomose e leishmaniose, até as sistêmicas, caso de
diabetes, pressão alta e tumores.
Confira quais são e como identificar as doenças
oculares mais comuns:
Ceratoconjuntivite seca
Também conhecida como doença do olho seco, é, como
o nome diz, uma enfermidade caracterizada pela baixa produção da lágrima nos
animais, principalmente nos cães. Vale lembrar que além de lubrificar, a
lágrima cuida da imunidade ocular, e a secura pode abrir as portas para
infecções e corpos estranhos, como poeira, pólen e pelos.
A princípio, pode ser difícil identificar se seu
cão está com ceratoconjuntivite seca porque a causa normalmente decorre de
alguma infecção que provoca uma reação exagerada do organismo e a inflamação
das glândulas lacrimais. Porém, o olho seco pode ser uma das manifestações
clínicas de problemas mais sérios, como alerta o médico-veterinário
pós-graduando em oftalmologia e clínico geral da equipe do Veros Hospital Veterinário, Guilherme Ferreira da
Silva Tamaki.
“O vírus da cinomose e a leishmaniose são exemplos
de doenças sistêmicas que podem causar uma infecção das glândulas”. Segundo
Guilherme, a secura ocular pode ser também um sinal de diabetes, que afeta não
a quantidade de lágrima, mas sim a qualidade. “É uma lágrima ruim”, explica.
Por se tratar de uma doença imunomediada (uma
reação do próprio organismo), é mais difícil prevenir a ceratoconjuntivite
seca. Por isso, é muito importante o tutor procurar o médico-veterinário, de
preferência com especialização em oftalmologia, logo que notar as primeiras
manifestações clínicas no animal: aumento da secreção, vermelhidão, olho
semiaberto e muita coceira na região.
O tratamento é simples, na maioria dos casos, com
aplicação de colírio lubrificante, anti-inflamatório ou antibiótico. O paciente
pode receber também um imunomodulador para controlar a inflamação e recuperar a
capacidade de produção das glândulas lacrimais. E é sempre bom reforçar que
manter a carteira de vacinação do pet em dia é a melhor forma de prevenir a
maioria das doenças infecciosas que podem causar a ceratoconjuntivite seca.
Úlcera de córnea
É uma lesão, uma ferida aberta nas camadas mais superficiais ou profundas do olho, provocada por algum trauma proveniente de arranhaduras com a própria unha no ato de coçar, mordedura durante as brincadeiras com outros bichos, “trombadas” com móveis ou outros objetos e até pelos de cílios mais proeminentes que “cutucam” o olho. A falta de lubrificação da ceratoconjuntivite também pode evoluir para a úlcera de córnea.
O ferimento causa tanta dor ao animal que ele tem
dificuldade em abrir o olho, principalmente em ambientes iluminados, e pode ser
tomado por apatia e inapetência. A lesão nem sempre é visível, mesmo para os
tutores mais cuidadosos, e somente o médico-veterinário pode fazer o
diagnóstico preciso a partir da aplicação de um colírio que confirma a região
machucada.
Uma vez que o trauma que provoca a úlcera de córnea
vem, normalmente, de atividades típicas dos animais, o ideal é manter uma
rotina periódica de avaliação médica. “A melhor forma de prevenção é levar o
pet regularmente ao médico-veterinário especializado em oftalmologia para que
ele possa detectar se existe algum tipo de úlcera ou outra doença ocular”,
reforça Tamaki.
Detectada a lesão, o tratamento inicial passa pela
prescrição de colírios lubrificantes com antibióticos, para evitar possível
infecção no ferimento, analgésicos para aliviar a dor (em forma de colírio ou
oral) e aplicação do colar elizabetano (cervical), para impedir que o animal coce
os olhos. Se nenhum destes procedimentos funcionar, o médico-veterinário pode
optar pela cirurgia.
Uveíte
A principal preocupação com o diagnóstico da uveíte
é que se trata de uma doença secundária. Ou seja, essa inflamação dos vasos
sanguíneos que irrigam o olho do animal por dentro é a manifestação provável de
um grande número de doenças sistêmicas: a já mencionada cinomose, a doença do
carrapato, parasitoses diversas, leptospirose, doenças hormonais (como
diabetes) e renais crônicas (em animais idosos), piometra (infecção do útero) e
outras infecções (inclusive dentárias) e hipertensão. Ou, então, das próprias
doenças oculares, como catarata e úlcera de córnea, e, em casos mais extremos,
linfoma ou tumores em qualquer parte do corpo, não necessariamente nos olhos ou
cabeça.
Na prática, a uveíte não é uma doença em si, mas um
alerta de que o animal está acometido de alguma outra enfermidade. Por isso, os
tutores devem ficar atentos aos sinais mais comuns: olhos semiabertos,
escurecimento da íris (a parte colorida do olho) e vermelhidão (hemorragia
intraocular). Ao diagnosticar a uveíte, a primeira ação do médico-veterinário é
realizar um check-up para investigar a causa primária do problema. Em paralelo,
podem ser administrados colírios e anti-inflamatórios para diminuir o
desconforto do animal.
Em caso de dúvida sobre estas e outras doenças
oculares menos comuns, consulte sempre o médico-veterinário do seu pet. Ele é o
melhor profissional para orientar sobre o esquema vacinal, prevenção,
tratamento e demais cuidados da saúde animal.
Guilherme Ferreira da Silva Tamaki -
médico-veterinário da equipe de Pronto Socorro do Veros
Hospital Veterinário. Graduado pela Universidade Paulista (2017) e
pós-graduando em Oftalmologia Veterinária e Microcirurgia Ocular pelo Instituto
Qualittas, tem grande experiência na clínica médica de pequenos animais.
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