Para analista financeiro do Hub do Investidor, o
pacote de investimentos pretendido pelo governo chinês tende a ser muito bom
para commodities
Mesmo
com as duas economias em crise, Brasil e China ainda são duas importantes
apostas do mercado internacional. O governo chinês anunciou uma meta ambiciosa
de crescimento de 5,5% do PIB para este ano.
Ricardo
Penha, sócio-fundador do Hub do Investidor, analisa os anúncios chineses e os
possíveis impactos para os investidores brasileiros. Segundo ele, a paralisação
da economia da China pode ser algo de curtíssimo prazo e, no segundo semestre,
o país pode voltar ao caminho do crescimento. “O governo chinês defende uma
campanha de construção de infraestrutura como forma de estimular o crescimento
econômico no país, em uma tentativa de aumentar a demanda doméstica e manter o
crescimento, o que pode ser um ponto chave para impedir uma desaceleração
econômica local”, explica.
Analisando
a atuação do Banco Central chinês, Penha destaca que a instituição se absteve
de cortar as taxas de juros, apesar das crescentes evidências de uma forte
desaceleração no crescimento econômico, sugerindo que banco pode estar
preocupado com a depreciação da moeda e as saídas de capital do país. “Isso se
nota porque o Banco Central manteve as taxas de empréstimo de médio prazo de um
ano no patamar de 2,85%, além de renovar os 100 bilhões de yuans (cerca de 15
bilhões de dólares) em empréstimos de médio prazo sem fornecer liquidez
adicional, mesmo diante de um dos menores índices de produção industrial e de
consumo desde o início da pandemia”, ressalta.
A
aposta da China também está no aquecimento do mercado imobiliário, ao anunciar
uma redução das taxas de juros de hipotecas para compradores primários de
habitação, além de incentivar um esforço, pelas instituições bancárias do país,
em reduzir ainda mais as taxas para compradores. “O mercado imobiliário da
China é uma fonte crucial de crescimento para a economia doméstica, mas está em
queda há quase um ano, com as vendas caindo a um ritmo de dois dígitos todos os
meses desde agosto de 2021 e os preços das novas casas, também, após a
repressão do Governo. De fato, temos indicadores econômicos que sugerem uma
economia um pouco mais desaquecida, porém, temos que ponderar que são dados de
alta frequência e que estão sob forte influência das condições de curto prazo,
influenciados pelos lockdowns e política covid zero por lá. Superada a crise
sanitária, entendemos que os dados futuros, provavelmente, serão melhores”.
Ainda
assim, é preciso ter cautela, pois o yuan desvalorizou cerca de 6,7% em relação
ao dólar desde o final de março, tornando-se a moeda com o pior desempenho na
Ásia durante o período. “O estímulo do Banco Central Chinês foi relativamente
modesto este ano. Ele cortou a taxa em janeiro e fez uma redução menor do que o
esperado na quantidade de dinheiro que os bancos devem manter em reserva em
abril (compulsório). Em vez disso, os formuladores de políticas confiaram no
uso de ferramentas estruturais para atingir áreas mais fracas da economia, como
programas de repasse para pequenas empresas”, diz. Segundo Penha, mesmo com um
cenário incerto e ambivalente, o pacote trilionário pretendido pelo governo
chinês tende a ser muito bom para commodities, o que pode ser bastante
interessante para países e empresas exportadores como Brasil e Vale.
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