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segunda-feira, 9 de maio de 2022

Inovação e comportamento precisam andar juntos na economia circular

Desafio é criar produtos e ideias sustentáveis para engajar o planeta com a rapidez necessária, afirma novo embaixador educacional do Movimento Circular, Daniel Guzzo

 

Na economia circular, inovação significa entender o que as pessoas querem e como estão dispostas a se comportar, além da viabilidade técnica e econômica das iniciativas, defende o professor e pesquisador em economia circular Daniel Guzzo, novo embaixador educacional do Movimento Circular. O desafio desse novo mercado é criar produtos e ideias sustentáveis que tenham o poder de engajar a maior parte das pessoas do planeta com a rapidez necessária.

Segundo Guzzo, para que uma economia alternativa ao modelo atual seja realmente o futuro do planeta, substituindo o modelo linear e insustentável, existe a necessidade de que as novas soluções tecnológicas se aliem a soluções comportamentais e de valores. De acordo com Guzzo, a inovação é fundamental para as novas iniciativas e novas maneiras de utilizar os recursos. 

“Estamos em um ponto em que ou a escalamos os conceitos que estamos desenvolvendo, fazendo toda a jornada de inovação chegar até as grandes empresas e sair do lugar de nicho, chegando à maioria das pessoas, ou a não vamos ter rapidez suficiente para o tempo que temos para fazer a mudança”, disse o pesquisador em economia circular. 

Ainda que a mudança de comportamento pareça difícil em curto e médio prazos, o professor defende que iniciativas em diferentes graus de maturidade apontam caminhos para um futuro onde majoritariamente as práticas serão circulares. Ele citou como exemplo a empresa holandesa Fairphone, que aposta em design de celulares modulares, com a possibilidade de trocar componentes quando necessário para que o dispositivo inteiro não seja substituído. 

No Brasil, lembrou Guzzo, existe um aplicativo chamado Cataki, que tem a proposta de conectar pessoas que possuem materiais recicláveis com os catadores e catadoras da cidade, assegurando o descarte ecológico e fazendo a diferença na vida dos trabalhadores. 

O professor disse que o setor público é um ator importante nesse processo e deu como exemplo o Projeto Ligue os Pontos, que busca fortalecer a agricultura na zona rural da cidade de São Paulo conectando produtores de forma a empoderar a produção local de alimentos. 

“Inovar é essa busca constante em conseguir criar coisas iniciais, mas também fazer essas coisas se transformarem em comportamento majoritário das pessoas. Essa é uma grande dificuldade, porque a gente tem vários produtos e serviços que só vão ser viáveis economicamente se escalarem. Se ninguém investir, estamos brigando contra uma indústria que está em níveis ótimos de produtividade”, reforçou. 

O professor defendeu que a transição não depende apenas das empresas, mas são “extremamente importantes” novas políticas públicas que tornem certos comportamentos menos ou mais interessantes. “Acho que esses dois mundos, o das políticas públicas e da inovação, têm que conversar e estarem cada vez mais próximos de modo que um entenda o outro. É importante a política pública entender o mundo da inovação e criar os gatilhos e linhas de fomento que o potencializam”, disse Guzzo. 


Daniel Guzzo -Doutor em Engenharia de Produção Mecânica (2020) pela Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo. É professor licenciado no Insper, onde atua desde 2017 nas áreas de Design, Gestão da Inovação e Economia Circular. Hoje, Daniel é pesquisador de pós-doutorado na Universidade Técnica da Dinamarca, onde pesquisa potenciais efeitos rebote de iniciativas de Economia Circular. Seus trabalhos de pesquisa têm sido publicados em respeitados periódicos internacionais. A inovação surgiu na vida do especialista antes mesmo da sustentabilidade, quando teve a experiência de, no último ano de graduação em Engenharia de Produção Mecânica (2013), pela EESC/USP, trabalhar em uma aceleradora de startups. O tema de Economia Circular solidificou-se na vida do especialista em 2017, quando foi um dos escolhidos para a Schimidt MacArthur Fellowship, programa pioneiro de inovação em Economia Circular organizado pela Fundação Ellen MacArthur.


Sobre o Movimento Circular

O Movimento Circular é um movimento iniciado na América Latina, a partir da reflexão urgente sobre a necessidade da participação de todos para que nada mais vire lixo. A comunidade é formada por pessoas, empresas, organizações sociais e poder público, empenhada em contribuir, por meio da educação e da cultura, com a transição da economia linear para a circular.

A missão coletiva é disseminar o conhecimento e encorajar o desenvolvimento de novos processos, produtos e atitudes que promovem a economia circular. O Movimento foi criado em 2020, em meio à crise gerada pela pandemia da Covid-19, que deixou ainda mais clara a urgência de fazer com que o mundo funcione de outra forma. Mais do que reciclar, o Movimento Circular incentiva o reuso dos materiais, levando em conta que o mundo gera mais de dois bilhões de toneladas de lixo por ano. A iniciativa é aberta, promove espaços de colaboração para chegar a cada vez mais pessoas e mais lugares.

Saiba mais: https://movimentocircular.io/

 

Sobre Economia Circular

A Economia Circular propõe um novo olhar para a forma de produzir, consumir e descartar, a fim de otimizar os recursos do planeta e gerar cada vez menos resíduos. É um modelo alternativo ao da Economia Linear, baseado em extrair, produzir, usar e descartar, que tem se provado cada vez mais insustentável ao longo da história. Na Economia Circular, a meta é manter os materiais por mais tempo em circulação por meio do reaproveitamento, até que nada vire lixo. Para que esse modelo se torne uma realidade, todos nós temos um papel a desempenhar. É um verdadeiro círculo colaborativo, que alimenta a si mesmo, e ajuda a regenerar o planeta e nossas relações.

 

Escola de Economia Circular

https://landing.movimentocircular.io/curso-introducao-economia-circular-lp


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