Cuidado com a automedicação! Especialista reforça os danos do uso inadequado de remédios.
Pexel
No Dia Mundial do
Uso Racional de Medicamentos, especialista explica que hábito pode causar danos
irreversíveis à saúde humana
O brasileiro tem o hábito de correr às farmácias
para se automedicar contra dor de cabeça, febre, gripe, entre outras doenças.
Segundo dados do Conselho Federal de Farmácia (CFF), 77% da população se
automedica e quase metade (47%) têm o hábito de tomar remédio sem receita
médica pelo menos uma vez ao mês. Essa prática tem sido comum não só no Brasil,
mas por vários países. Pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra
que, pelo menos, 50% da população mundial se automedica de forma irregular.
A automedicação e a facilidade de comprar
medicamentos sem receita médica é um dos maiores problemas da saúde mundial,
segundo a OMS. É um alerta que precisa ser reforçado na semana que marca o Dia
Mundial do Uso Racional de Medicamentos, em 5 de maio.
Em Goiás, os casos de intoxicação por
medicamentos apresentaram crescimento nos últimos anos. Levantamento divulgado
pela Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO) mostra que em 2016 foram
registrados 1.924 casos; em 2017, 2.348 e, em 2018, 2.373. Não há números mais
atuais.
O uso inadequado ou abusivo de remédios é
apontado pela secretaria como o segundo tipo de intoxicação que mais acomete as
pessoas no Estado. Só perde para os acidentes por animais peçonhentos. O ato
pode trazer consequências sérias para a saúde das pessoas. Cerca de 10% das
internações hospitalares no mundo ocorrem em função do uso incorreto de
medicamentos, segundo a OMS.
Alerta
Esse hábito tem gerado preocupação em especialistas e limitado a prescrição de
fármacos, como por exemplo, os antibióticos, que podem produzir uma série de
irregularidades no corpo humano. O uso irracional desses medicamentos pode
produzir a chamada resistência bacteriana - permitindo a adaptação das
bactérias e criando resistência ao medicamento - e gerando o agravamento de
infecções que seriam tratadas facilmente.
O gastroenterologista Heitor Rosa (CRM-GO 687),
que atende no Órion Complex, explica que os médicos estão cada vez mais
conscientes sobre o uso abusivo de remédios. “Atualmente há maior
conscientização médica sobre a prescrição de medicamentos. É indispensável o
exame físico ao receitar o remédio e o profissional deve estar convencido dessa
necessidade”.
Antigripais
Com o surgimento da Covid-19, dengue e de outras doenças respiratórias, como a
Influenza H3N2, os brasileiros também intensificaram o hábito do consumo
exagerado de antigripais e também dos anti-inflamatórios.
Heitor Rosa explica que, assim como os
antibióticos, os antigripais e antiinflamatórios também podem gerar prejuízos
para a saúde. “Os antigripais têm forte apelo ao consumo inadequado, são
utilizados para tratar sintomas como o corrimento e obstrução nasal, além dos
espirros. Já os antiinflamatórios tratam dores articulares e musculares. Ambos
causam irritação gástrica, ativação de úlceras e até hemorragias digestivas.”
Para o gastroenterologista, a prevenção contra o
excesso de medicamentos é a melhor medida para evitar reações químicas indesejáveis.
“Se qualquer sintoma for persistente, o diagnóstico e a orientação médica são
imprescindíveis. Não tome o remédio usado pelo vizinho ou indicado pelo amigo.
Os mesmos sintomas ocorrem em doenças diferentes”, alerta Heitor Rosa.
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