O mês de novembro traz uma comemoração muito especial e essencial para estes tempos pandêmicos e de tanta polarização política: o Dia da Gentileza. Ser gentil é uma virtude que todos queremos sentir nos outros, mas que poucos se preocupam em desenvolver. É algo que, quando verdadeiramente praticado, contagia os que estão à nossa volta e torna o ambiente mais agradável e, por que não, mais produtivo. Todos querem estar em um ambiente onde a gentileza impera.
A gentileza é uma virtude que deve ser praticada. É
algo intencional que, paulatinamente, é internalizado, ou seja, é uma virtude
que pode ser aprendida e ensinada. Mas como ensinar a gentileza? Com conversa
e, sobretudo, exemplos. Quando uma família conversa com seus filhos sobre a
importância de tratar o próximo com respeito e suavidade, está ensinando a
gentileza. Quando um motorista dá passagem para outro condutor, está
demonstrando gentileza para as crianças que estão no banco traseiro do carro e
ensinando gentileza para o condutor do outro automóvel. Quando um professor se
abaixa e conversa com uma criança suavemente, olhando nos seus olhos, está
ensinando a gentileza.
Lembro-me de, como professor, esperar os alunos na
porta do laboratório cumprimentando um a um com um sorriso e um bom dia. Isso é
ensinar a gentileza. É um comportamento que, às vezes, é subestimado ou
confundido com fraqueza por uma sociedade absolutamente envolta na aspereza das
preocupações diárias, mas que, quando praticado intencionalmente, tem o poder
de conquistar corações e se espalhar, tornando, ao final, o ambiente mais
cordial, mais gentil. A gentileza é uma virtude que tem o poder de transformar
a sociedade em um espaço melhor para se conviver.
A grandeza da gentileza está colocada na
abrangência dessa virtude. Quem quer realmente ser gentil, contagiando e
transformando o local onde está, precisa ir além do afeto, do querer bem amigos
e familiares. É necessário ser gentil com todos que nos cercam. E isso não
significa ser inocente, muito pelo contrário. Em Aristóteles, a gentileza pode
ser rapidamente associada a valores como o amor, a humildade e a temperança,
porém, eu a considero, sobretudo, firmemente casada com a virtude do respeito.
A falta da gentileza, tal qual o respeito, traz a
negligência, e o excesso, a idolatria. A falta da gentileza é negligenciar a
sociedade e a força do bem conviver, o que acarreta, em última instância, em
prejuízo para o indivíduo. Estar em um ambiente onde o desrespeito e a aspereza
imperam é ruim para as relações humanas, pouco produtivo, insalubre. Ao tratar
com aspereza uma pessoa, construímos barreiras invisíveis que atrapalham a
comunicação e dificultam as relações com os outros.
O excesso de gentileza, por sua vez, é confundi-la
com o aceitar qualquer atitude e não falar a verdade por ela ser dura demais.
Verdades precisam ser ditas, mas isso pode ser feito com leveza e respeito. Ao
ver uma criança cometendo um erro, o adulto deve repreendê-la, com firmeza,
porém, com doçura. Um colega de trabalho, superior hierarquicamente ou não, tem
o dever de alertar o outro quando este estiver errando. Alertar com dados,
informando o que acredita estar errado, de forma respeitosa. E o colega que está
recebendo esse alerta deve aceitar a informação com educação, agradecendo e,
depois, usando-a da melhor forma possível. Isso é verdadeiramente ser gentil:
falar a verdade com respeito e empatia, querer o bem do todo: da empresa e do
ambiente onde se está inserido.
Locais onde a gentileza impera, com a força da
verdade e do bem querer o outro, são ambientes inspiradores, onde gostamos de
estar e que queremos bem. Que o mês de novembro possa ser um momento de
reflexão sobre a intencionalidade da gentileza. Queira ser gentil. Em pouco
tempo, você sentirá o poder dessa virtude tão menosprezada: as pessoas passarão
a lhe tratar melhor, você se sentirá inspirado para ser gentil com mais
pessoas, e o ambiente à sua volta será transformado. Pratique a gentileza e ajude
o nosso planeta a ser um lugar melhor para viver e conviver.
Celso Hartmann - diretor executivo dos colégios do Grupo Positivo.
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