Entidade
esclarece que o paciente com câncer de próstata tem direitos que o defendem;
leis não chegam ao conhecimento de quem precisa
Segundo a Organização
Mundial de Saúde (OMS), a cada três pessoas adultas que morrem no Brasil, duas
são do sexo masculino. Um dos motivos que explicam esse cenário é o fato de os
homens procurarem menos a consulta médica preventiva. Com a pandemia, o
problema se intensificou. Dados do Ministério da Saúde mostram que o número de
consultas urológicas no SUS caiu 33,5% entre 2019 e 2020. A realização de um
exame complementar, chamado PSA, teve queda de 27%. O número de biópsia, ou
seja, a retirada de fragmentos do tecido da próstata para análise, caiu 21%.
Por fim, as cirurgias para retirada da próstata por câncer caíram 21,5% no
período.
Celebrada em mais de
20 países, a campanha do Novembro Azul visa a conscientizar a população, em
especial os homens, para a importância desta doença que, segundo dados do
Instituto Nacional do Câncer (Inca), é o segundo tipo de câncer mais comum
entre os homens, sendo superado apenas pelo câncer de pele não melanoma.
O presidente da
Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética (Anadem), Dr. Raul Canal,
fala da necessidade e da importância das consultas médicas preventivas: "É
de suma importância que os homens se conscientizem da necessidade de se fazer
consultas médicas preventivas e periódicas. Temos que acabar com esse
preconceito de que homem não adoece. Para isso, estamos com uma campanha
interna, na Anadem, com o lema: ‘Tenha um dedo de prosa com o seu médico’. O
objetivo é desmistificar, de forma leve e com uma pitada de informalidade,
esses estereótipos, preconceitos e receios do universo masculino".
Soma-se à resistência
masculina em procurar consulta médica a demora nos processos para o início do
tratamento, e o cenário é de uma realidade difícil para aqueles acometidos pela
doença. Segundo pesquisas, o tempo médio entre o diagnóstico do câncer de
próstata e o primeiro tratamento é de cerca de 82 a 88 dias no Estado de São
Paulo, por exemplo. Neste tempo, a qualidade de vida do paciente e, até mesmo,
o sucesso do tratamento podem ser comprometidos.
"Além de
superarmos essa barreira, que é o homem não procurar auxílio médico com
frequência, temos que vencer outra batalha que é a identificação precoce da
doença. Existem algumas leis que visam a aprimorar e a otimizar o tempo para a
prevenção do câncer, o que temos que fazer é exigir que elas sejam colocadas em
prática em prol dos pacientes", ressalta o presidente da Anadem.
Entre as legislações e
os direitos pouco divulgados e reivindicados estão a Lei nº 13.045, de 2014,
que determina que as unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) devem realizar
exames para a detecção precoce do câncer de próstata sempre que o médico
considerar necessário; a Lei n° 13.767, de 2018, que permite a homens e a
mulheres se ausentarem do trabalho, sem prejuízo no salário, por até três dias
em cada 12 meses trabalhados, para a realização de exames de detecção de
câncer; e o direito que todo paciente diagnosticado com câncer possui de
resgatar o FGTS por tempo de serviço.
O presidente da Anadem
fala da importância de se fazer valer os direitos e as leis, tendo em vista o
momento delicado do paciente. "Pesquisas mostram que quando o homem vai ao
médico - muitas vezes, depois de uma árdua campanha de convencimento de seus
familiares - na maioria dos casos, a doença já está no estágio II, em primeiro
lugar, ou no estágio IV, em segundo lugar. Portanto, ele tem que ter seus
direitos preservados integralmente e o tratamento iniciado o quanto antes para
que possa ser eficiente em todos os sentidos. Ele não pode ficar preocupado com
outra coisa que não se curar da doença", finaliza Raul Canal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário