Nomofobia pode
prejudicar raciocínio durante exame, comprometendo resultado
Acendendo e apagando, a luz que indica novas
interações nas redes sociais e aplicativos de mensagem não para de piscar, não
importa a hora do dia ou da noite. Um comentário em uma foto, uma resposta aos stories,
a confirmação de um encontro com amigos ou crushes, tudo é motivo de notificação -
e ficar longe desses pequenos drops de informação é fonte de
ansiedade para muitos jovens. Como, então, lidar com a exigência de permanecer
várias horas longe do smartphone, com o aparelho desligado e completamente fora
do alcance das mãos e até mesmo do olhar? A nomofobia - medo de ficar sem o
celular - pode ser um problema real para estudantes que vão prestar vestibular
ou o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Nomofobia é questão de saúde do século XXI
Um estudo realizado na Coreia do Sul e publicado no
periódico Cyberpsychology, Behavior, and Social Networking pela City University
de Hong Kong chegou à conclusão de que estudantes universitários consideram
seus smartphones como uma extensão de seus corpos e de sua
identidade. Quando privados do contato com esses aparelhos, os jovens
demonstravam ansiedade e angústia. O termo “nomofobia” vem da expressão em
inglês “no mobile phobia”, literalmente “medo de ficar sem celular”.
Esse é um problema que tende a ser cada vez mais comum em todo o mundo.
“Com o passar do tempo, se tornou mais difícil
ficar longe do celular porque, para a maioria das pessoas, ele é um instrumento
de conexão. Também o utilizamos para leituras, pesquisas, agenda, registrar
momentos por meio de fotos e vídeos, localização (GPS), assistir séries e
filmes, jogar, aprender, entre tantas outras funções”, explica Rafaela de
Faria, doutora em Educação e professora do curso de Psicologia da Universidade
Positivo. Durante a realização de uma prova como a do Enem, entretanto, não é
permitido mexer nesse tipo de aparelho, o que pode ser um problema para quem
não está acostumado a deixar de lado as teclas e notificações. “Preparar-se
para essas longas horas longe do smartphone também é uma parte
importante do período que antecede exames como o Enem e vestibulares. É preciso
exercitar o cérebro para que ele permaneça tranquilo ao longo da resolução da
prova”, afirma a especialista.
Como se preparar para ficar sem o celular durante o
Enem?
Para o professor de História e coordenador
editorial do Sistema Positivo de Ensino, Norton Nicolazzi Junior, ao fazer uma
prova como o Enem, tão importante quanto saber os conteúdos que podem ser
cobrados é estar emocionalmente preparado. “Muitos estudantes não conseguem
lidar com a pressão psicológica envolvida em uma avaliação que pode ser
determinante para o futuro profissional. Então, saber resolver as questões é
apenas uma parte da preparação necessária para esses exames”, pontua. Nicolazzi
lembra que, atualmente, dependemos do celular para uma série de tarefas
fundamentais no dia a dia, mas que precisam ser deixadas do lado de fora da
sala de aplicação da prova. “O estudante precisa ser capaz de focar sua atenção
na resolução dos exercícios cobrados, sem ficar pensando no que está ‘perdendo’
por não estar com o smartphone por perto”.
Uma das dicas para chegar a esse resultado é
começar aos poucos, nos meses que antecedem o Enem. Aumentar o tempo de
afastamento do aparelho um pouquinho a cada dia pode ajudar. Rafaela afirma que
“esse é um momento que demanda disciplina nos estudos para aumentar as chances
de conquistar a vaga almejada na universidade”.
Ela separa algumas dicas importantes para conseguir
chegar ao dia da prova sem tanta ansiedade pela separação do smartphone. A
primeira delas é tornar a rotina de estudos mais analógica. “Se possível, não
estude pelo celular. Dê preferência aos livros, apostilas e computador”,sugere.
Segundo ela, essa prática contribui para que o estudante comece a associar o
momento de estudo a estar sem o celular à mão. O tempo de exposição ao aparelho
também precisa ser observado. “Ao estudar, deixe o celular em uma gaveta, longe
de você ou em outro cômodo. Desative todas as notificações, mas antes avise as
pessoas importantes que podem se preocupar com você nesse período. Monitore o
tempo de uso. Você pode fazer isso colocando alarmes como lembrete para
encerrar o acesso e voltar para os estudos e estabelecendo horários para usar o
aparelho, como nos períodos de intervalos ou aqueles dedicados ao lazer.
Também é possível excluir alguns aplicativos e instalar bloqueio de uso”,
aconselha.
Por fim, se não for possível estudar sem a ajuda do
aparelho, a especialista lembra que alguns passos também podem ser tomados.
“Caso utilize o smartphone para estudar, mantenha todas as notificações
desativadas para não ser interrompido e, se necessário, peça ajuda para os
familiares, amigos, professores e especialistas”, finaliza.
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