Comercialização de catálogos musicais mostrou-se saída vantajosa para aumentar ganhos, sem depender da monetização via streaming
Com
o surgimento e a expansão dos serviços de streaming de música, a indústria
fonográfica e os profissionais do setor viveram uma grande transformação na
forma como o seu trabalho é consumido e remunerado. O play no Spotify se tornou
indicador, com métricas nem sempre justas, já que o streaming é sustentável
para artistas pop cujas faixas são reproduzidas digitalmente milhões de vezes
ao mês. Mas para músicos cuja carreira não é tão desenvolvida, o modelo pode
ser desastroso.
E
o debate sobre os royalties de streaming ganhou mais força com a pandemia, já
que o isolamento social impulsionou o uso do serviço digital e muitos artistas
cancelaram shows e turnês – perdendo assim a receita que vem com eles.
“A
suspensão dos shows, que para muitos costumava ser a principal fonte de renda,
tornou ainda maior a dependência dos artistas em relação à renda gerada pela
música gravada. Sendo assim, a reivindicação por uma remuneração mais justa das
plataformas, que já era uma realidade, se intensificou com a chegada da
pandemia”, comenta João Luccas Caracas, CEO da gestora musical Adaggio.
Como são feitos os pagamentos via
Streaming?
As
empresas não costumam ser claras sobre a forma de pagamento dos artistas.
Porém, no início do ano, uma das maiores plataformas do mercado de música
digital lançou uma página para esclarecer como a receita gerada pela empresa é
repassada aos cantores e compositores.
Um dos pontos mais relevantes é que o dinheiro não vai diretamente para os artistas. Ele chega nas mãos de quem possui os direitos sobre as músicas, isto é, gravadoras, distribuidoras e afins. A cada play, os detentores dos direitos recebem, portanto, uma fatia do valor arrecadado com a sua utilização (publicidade veiculada e assinaturas).
“Os artistas e compositores escolhem os
titulares dos seus direitos e os acordos sobre suas músicas, inclusive dando
permissão para elas estarem nas plataformas de streamings. As plataformas fazem
o pagamento a esses titulares e são eles que repassam ganhos aos artistas e
compositores”, esclarece João.
Rendimentos antecipados
Hoje,
entretanto, os artistas e compositores têm alternativas para aumentarem os
ganhos com suas obras. Uma delas é a comercialização do catálogo musical, por
meio de uma gestora musical, modelo já bastante difundido mundo afora, mas
ainda recente no Brasil. "Basicamente, o artista cede o direito de receber
royalties futuros em troca de uma liquidez imediata, ou seja, uma antecipação
de recebimentos, para investir como bem entender. A gestora musical trabalha
esse catálogo para potencializar seus rendimentos e identificar novas
oportunidades comerciais, diminuindo assim a dependência da monetização via
plataformas de streaming”, explica o CEO.
No
Brasil, a Adaggio é o primeiro
fundo de investimento especializado na aquisição de catálogos musicais. Em
2021, a empresa já alocou 40% do capital levantado e está fazendo diligência em
60 catálogos que, juntos, valem cerca de R$ 250 milhões. Fazem parte do
portfólio da empresa nomes como Jorge Aragão, Délcio Luiz, Dado Villa-Lobos,
Toni Garrido, Danilo Caymmi, Dinho, do Mamonas Assassinas, entre outros grandes
artistas.
João
reforça que, para além do aspecto financeiro da parceria com os cantores e
compositores, a aquisição de catálogos musicais valoriza o trabalho dos
artistas e fortalece a cultura do país – todo o portfólio da Adaggio é formado
por composições nacionais. “A cada parceria fechada, além do imenso orgulho que
sentimos em trabalhar os direitos autorais de artistas tão respeitados e
consagrados, somos motivados a buscar também a valorização dessas obras e da
cultura do país, pois conseguimos manter vivos grandes sucessos e aumentar o
alcance dessas canções”.
João Luccas Caracas - CEO da
gestora musical Adaggio.
Sobre a Adaggio
A Adaggio é uma gestora musical fundada
pelo músico João Luccas Caracas, que conta com um time de executivos veteranos
da indústria fonográfica. O fundo Arbor Adaggio é gerido pela Arbor Capital,
com recursos de clientes e sócios da gestora e sócios da Atmos Capital. Juntos,
oferecem aos investidores uma exposição pura e simples de canções e direitos de
propriedade intelectual dos compositores e artistas associados. A empresa já
alocou 40% do capital e está fazendo diligência em 60 catálogos que, juntos,
valem cerca de R$250 milhões. Formada por músicos e para músicos, tem como
missão eternizar e ressignificar canções.
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