País tem inflação
mais alta dos últimos seis anos; inviabilidade na exportação e importação é um
dos principais motivosCréditos: Envato
Desencadeada pelo início da pandemia, a crise na
logística que o mundo todo enfrenta, especialmente por conta da falta de
contêineres, é um dos grandes motivos para o aumento do custo de vida no
Brasil. Com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro, a
inflação acumulada dos últimos doze meses chegou a 10,25%. Somente em 2021, a
alta do IPCA é de 6,90%, bem acima do teto de 5,25%, que era a meta estipulada
pelo governo para a inflação deste ano.
O aumento do preço dos fretes é um dos fatores que
encarece o valor das mercadorias, tanto na exportação quanto na importação.
“Essa crise escancarou ainda mais os problemas de infraestrutura que o país
possui, e ainda há muitas incertezas no caminho para a melhora do cenário
atual”, esclarece o coordenador do curso de Comércio Exterior e professor de
Relações Internacionais da Universidade Positivo (UP), João Alfredo Lopes
Nyegray.
Segundo ele, essa crise logística é reflexo da
forma como cada país lidou com o início da pandemia. Enquanto alguns faziam a
contenção da primeira onda da doença, outros ainda enfrentavam o auge. Por
conta disso, muitos contêineres ficaram parados e, consequentemente, veio o
aumento dos preços dos fretes. “O Porto de Ningbo, na China, por exemplo,
terceiro maior porto do mundo em movimentação de contêineres, ficou parado por
duas semanas por conta de um caso de covid-19. Além disso, não podemos esquecer
do incidente portuário no Canal de Suez. Com todos esses problemas, as cadeias
mundiais de suprimento e abastecimento foram sofrendo uma grande pressão por
não conseguir acompanhar a demanda”, explica.
Outro prejuízo que o Brasil enfrenta com essa alta
dos fretes é o encarecimento das exportações. Um frete China-Paranaguá, que
estava na casa dos mil dólares, agora está custando 11 vezes mais. O frete
China-Manaus atingiu os 24 mil dólares. “Em um momento em que o real está
desvalorizado e o país poderia estar aproveitando para exportar mais, acaba
sendo prejudicado pelo alto valor do frete”, aponta Nyegray.
A previsão para melhora de apenas alguns desses
problemas é no primeiro semestre de 2022, mas ainda há muitas incertezas pelo
caminho, como as variantes do coronavírus, por exemplo. Nyegray explica que,
enquanto as exportações e importações encareceram por conta do frete, o custo
de vida continua elevado por conta da falta de opções de meios de transportes
dentro do próprio país. “Se o Brasil contasse com linhas férreas confiáveis
para o transporte de produtos, a situação poderia estar melhor. Porém, o frete
no país é caro porque depende do modal rodoviário, cujos preços subiram por
conta do aumento dos combustíveis”, justifica.
Universidade Positivo
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