Dia D da Diálise
luta pelo tratamento dos 144 mil renais crônicos e pela sobrevivência das
clínicas conveniadas ao Sistema Único de Saúde
Em ato simbólico, as clínicas que realizam o
tratamento de diálise aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o
país apagarão suas luzes por alguns minutos às 14h desta quinta-feira (26). A
ação, que marca o Dia D da Diálise, com a campanha #adialisenaopodeparar, reivindica um
tratamento de qualidade e acesso para os mais de 144 mil doentes renais
crônicos do país. O movimento reivindica reajuste imediato de 46% na tabela
SUS, totalizando R$ 285,45, para garantir a qualidade assistencial desses
pacientes e a sobrevivência das clínicas conveniadas ao SUS.
Ainda como parte da programação do Dia D da
Diálise, também na quinta-feira (26) será promovida, às 18h, a live “O que você
quer saber sobre diálise?”, como forma de esclarecer dúvidas do público em
geral sobre a doença renal. Os convidados serão o Dr. André Pimentel: Diretor
técnico da ABCDT, Dra. Maria Goretti: Diretora do Departamento de Nefrologia
Pediátrica da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN); Raquel Carreiro,
especializada em nutrição para pacientes renais crônicos; Graziele da Silva
Ferreira, membro da diretoria nacional da Associação Brasileira de Enfermagem
em Nefrologia (Soben).
Em 2021, o ‘Dia D’ da Diálise é realizado pela
Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT) com o apoio
da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Associação Brasileira de
Enfermagem em Nefrologia (SOBEN), Federação Nacional de Associações de
Pacientes Renais e Transplantados do Brasil (FENAPAR) e Aliança Brasileira de
Apoio à Saúde Renal (Abrasrenal). Saiba mais sobre a campanha
#adialisenaopodeparar em www.vidasimportam.com.br,
no FB @VidasImportam e no IG @vidasimportam.
Déficit histórico
O último reajuste do Ministério da Saúde aconteceu
em 2017, quando o reembolso da sessão de hemodiálise passou de R$ 179,03 para
R$ 194,20, com aumento de 8,47%. Porém, este valor, que à época já era
insuficiente e muito abaixo da inflação, hoje é insustentável, obrigando as
clínicas a arcar com a diferença de 46% em cada sessão. Em 2016, a própria
equipe técnica do Ministério da Saúde já havia calculado o custo da sessão da
diálise em R$ 219. A partir de cálculos de atualização dos custos, o valor
mínimo que está sendo defendido junto ao MS é de R$ 285,45.
“Frente a este quadro de desequilíbrio financeiro,
as clínicas vêm perdendo sua capacidade de investimento em qualidade,
segurança, expansão e até da manutenção de suas atividades. Com aumento
significativo de custos e a grande defasagem no valor do reembolso, a maioria
das prestadoras de serviço ao SUS precisa recorrer a empréstimos ou não
consegue sustentar o tratamento, sendo real o risco de desinvestimento no
setor”, explica Marcos Alexandre Vieira, presidente da ABCDT.
Risco de colapso na diálise
O retrato da diálise no Brasil é uma tragédia
anunciada. A situação dos serviços prestados pelas clínicas privadas que
atendem ao SUS está precária e caminhando rapidamente para um colapso no setor.
Muitas clínicas alertam para o risco iminente de fechamento total da unidade ou
encerramento de contrato para atendimento aos pacientes SUS. Somente nos
últimos meses de maio e junho, as clínicas CRD Anil (RJ), CDR Cascadura (RJ),
Hemodialise do Hospital São Lucas (MG) tiveram que encerrar suas operações.
Além dessas, outros centros de diálise nas cidades de Vitória de Santo Antão
(PE), Rosário do Sul (RS), Santana do Livramento (RS) e Distrito Federal já
noticiaram o cenário crítico em que se encontram.
Outro sinal de alerta é com relação à grave crise
da diálise peritoneal. Este tratamento permite que o paciente possa realizar o
tratamento em sua residência, sendo uma alternativa imprescindível em países de
dimensão continental como o Brasil, em que apenas 7% dos municípios possuem
clínicas de diálise. Com reajuste de apenas 6% nos últimos 15 anos, a diálise
peritoneal está sendo inviabilizada no país. A correção da Tabela SUS para esta
modalidade é essencial, sendo necessário reconhecer o custo do frete para viabilizar,
principalmente, o atendimento nas regiões Norte e Nordeste, que já se encontram
em desassistência.
Doença Renal Crônica e a Covid-19
A doença renal crônica (DRC) é uma das principais
causas de morte no Brasil, com 40 mil novos casos de pessoas com alguma
disfunção renal ao ano. De acordo com levantamento da SBN, um em cada quatro
pacientes que fazem tratamento da diálise e contraem a Covid-19 morre.
Atualmente, o país soma mais de 140 mil pacientes em tratamento renal crônico,
sendo 85% com a terapia financiada através do SUS. No Brasil, 820
estabelecimentos prestam o serviço de diálise, sendo 710 unidades clínicas
privadas. Com o crescente aumento de pacientes renais e com as clínicas em
situação de insolvência e sem capacidade de expansão, torna-se crítica a
continuidade de atendimento aos pacientes em diálise, bem como o acesso da
população às alternativas de tratamento, resultando em filas de espera e
ocupação de leitos hospitalares para realização de diálise.
Sobre a ABCDT
A Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT) é
uma entidade de classe que representa as clínicas de diálise de todo o país.
Tem como principal objetivo zelar pelos direitos e interesses de seus
associados, representando-os junto aos órgãos públicos, Ministério da Saúde,
Senado Federal, Câmara Federal, Secretarias Estaduais e Municipais. Também
representa as clínicas e defende seus interesses individuais e coletivos.
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