Cirurgião dentista explica como a ansiedade, a tensão e o estresse podem levar a problemas odontológicos, prejudicando a qualidade de vida
As queixas de bruxismo
que chegam aos consultórios odontológicos aumentaram desde o início da
pandemia. Ranger ou apertar os dentes durante o sono a ponto de provocar
alterações na saúde e na qualidade de vida se tornou um problema para milhares
de brasileiros. Estimativas da Organização Mundial da Saúde indicam que cerca
de 30% da população sofra com o distúrbio.
Assim como as visitas ao
dentista, o interesse pelo assunto também cresceu nas plataformas de pesquisa
na internet. No Google, as buscas pelo termo bruxismo atingiram o maior nível
desde 2004.
De acordo com o
cirurgião e traumatologista buco-maxilo-facial Luiz Eduardo Baglioli
Sniecikovski, ainda que não existam estudos afirmando que pacientes infectados
pelo SARS COV-2 (vírus causador da Covid-19) tenham maior prevalência no
desenvolvimento do bruxismo, o problema tem uma íntima relação com os
transtornos psicológicos - uma das consequências da pandemia.
“O crescimento nos casos
de ansiedade leva à hiperfunção muscular ou a distúrbios do sono. Assim, a
tendência é que ocorra uma incidência maior nas alterações craniofaciais como
bruxismo, DTM (disfunções temporomandibulares) e dores orofaciais (cabeça,
face, pescoço ou boca)”, explica o especialista, que também é professor do
curso de Odontologia do UniCuritiba – instituição de ensino superior que faz
parte da Ânima, uma das principais organizações educacionais do país.
O que é bruxismo?
Desordem funcional
caracterizada pelo ranger ou apertar dos dentes de forma involuntária, o
bruxismo trata-se de uma atividade muscular mastigatória repetitiva que pode
lascar, fraturar, amolecer ou soltar os dentes. O cirurgião dentista Luiz
Sniecikovski explica que há duas classificações: bruxismo do sono ou de
vigília.
No primeiro caso, os
pacientes desenvolvem o hábito de ranger os dentes enquanto dormem, muitas
vezes relacionado ao uso de medicações ou a alterações neurológicas e
respiratórias. Já o bruxismo de vigília se apresenta, na maioria das vezes,
ligado a quadros de estresse ou ansiedade.
“Os fatores responsáveis
pelo desencadeamento do bruxismo são alterações dentárias, além de fatores
musculares, sistêmicos, ocupacionais, psicoemocionais e até idiopáticos (sem
causa definida)”, explica o professor, ressaltando que, conforme estudos
atuais, aspectos psicoemocionais atuam como agravantes.
Sintomas, prevenção e tratamento
Os pacientes portadores
de bruxismo podem apresentar sintomas como dores na região cérvico-facial,
cefaleias, fadiga, estresse, distúrbios do sono, trismo (dificuldade na
abertura bucal) e alterações dentárias, como fraturas, desgastes, mobilidade ou
sensibilidade, com reflexos na vida e na saúde do paciente.
Manter hábitos saudáveis
que controlem as doenças de base - como as patologias neuromusculares e
respiratórias - e ajudem a reduzir o uso de medicamentos é a primeira dica do
especialista Luiz Eduardo Baglioli Sniecikovski.
A lista tem ainda uma
rotina de atividades físicas e o controle do nível do estresse. “Mesmo assim é
bom lembrar que por se tratar de uma alteração multifatorial e bastante
complexa, todos estão suscetíveis ao bruxismo. O alerta é para que o paciente
busque orientação de um cirurgião dentista a qualquer indício, mesmo que
inicial.”
Por se tratar de uma
alteração multifatorial, o bruxismo requer, em muitos casos, um tratamento
multiprofissional, com suporte psicológico. “A placa oclusal é uma ferramenta
muito utilizada na proteção da articulação temporomandibular e dos dentes. Além
disso, outras medidas têm demonstrado alta eficiência nos resultados, como o
tratamento farmacológico associado a fisioterapia e terapias integrativas como
a acupuntura”, finaliza o professor do UniCuritiba.
Ânima Educação
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