É indiscutível que haja participação efetiva da
família na vida escolar das crianças. Auxiliar na tarefa de casa, acompanhar o
rendimento escolar, ir a reuniões de pais, são alguns exemplos. Por si só, a
rotina comum da vida cotidiana de família e escola já é desafiadora. Porém,
neste momento histórico, os familiares estão sendo requisitados a participarem
ativamente dessa jornada acadêmica doméstica.
Com a suspensão das aulas presenciais nas escolas
das redes pública e privada, muitas famílias não sabem como equilibrar a rotina
de trabalho com as crianças em casa. Qual o melhor caminho? Seguramente, o
primeiro esclarecimento a ser feito com todos os envolvidos é que esse período
não se trata de férias, recesso ou tempo ocioso, e sim da oferta de um formato
alternativo (e necessário) para a constituição da escola na atual conjuntura
atípica e provisória.
Dito isso, o próximo passo a ser dado é superar
possíveis barreiras pré-existentes quando o tema é tarefa de casa. Confusões e
discussões. Procrastinação. Falta de paciência. Frustração. Se algumas dessas
sensações ou reações faz parte do cenário conhecido, fica claro para os filhos
que o “evento” tarefa não é algo prazeroso. A forma como os pais lidam com a
lição de casa influencia diretamente o nível de interesse da criança. Preparar
o ambiente onde a família possa participar de forma integrada remete uma boa
mensagem aos filhos. Atitudes simples, como desligar a TV e o celular (tanto da
criança quanto dos pais), contribuem substancialmente para manter a motivação
na tarefa.
Neste período em especial, a preocupação é com algo
maior do que tarefas de casa diárias. Agora, estabelecer uma rotina de estudos
é essencial para equilibrar os afazeres da criança, dos pais, os momentos de
descanso e os motivos das renúncias de lazer. Com uma agenda pré estabelecida,
é preciso fixar o mesmo horário que o aluno estaria na escola para a realização
das atividades enviadas pela escola ou disponibilizadas de forma virtual. A
criança pode ser envolvida na construção desta rotina, onde ela compartilhará
com a família como são organizados os horários na escola, as atividades e as
pausas.
Ao criar uma rotina de estudos, os pais também
incentivam que crianças e adolescentes desenvolvam o senso de responsabilidade,
conscientes dos seus deveres, desenvolvendo-se adultos muito mais organizados e
focados. Além disso, é importante monitorar se a agenda estabelecida para as
atividades diárias está sendo cumprida, fazendo ajustes no decorrer do processo
para que a rotina seja respeitada e facilmente readaptada com a regularização
da situação escolar.
Não há manual de instruções para os tempos que
vivemos. É uma situação nova – tanto para escola, quanto para pais e filhos. O
importante é que não devemos nos apoiar em excessos, nem promover estratégias
exageradas que acabem por criar mal estar nas crianças que já estão
completamente fora da rotina. Respirar e aproveitar para estreitar os vínculos
afetivos com os filhos, eis a lição!
Milena Fiuza - gerente
pedagógica do Sistema Positivo de Ensino.
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