O
acúmulo de poluentes e a baixa umidade do ar aumentam em 30% as doenças
respiratórias no outono e inverno segundo a OMS
(Organização Mundial da Saúde). De acordo com o oftalmologista Leôncio
Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier a primeira reação ocular provocada por
estas alterações climáticas é o ressecamento da lágrima que atinge 12% da
população. Quem tem ceratocone sofre mais. Um levantamento feito por Queiroz
Neto com 315 portadores mostra que 24% têm olho seco, ou seja, o dobro do
restante dos brasileiros. “No País, são
cerca de 100 mil pessoas com esta doença que faz a córnea tomar o formato de um
cone e responde por 70% dos transplantes”, comenta. Os problemas para os
ceratocônicos não param por aí. O levantamento do especialista também revela
que metade deles têm asma, bronquite ou rinite, importantes gatilhos para a
conjuntivite alérgica.
Grupos
de risco
O
ceratocone geralmente aparece na adolescência, mas pode surgir na infância
especialmente entre crianças com alergia atópica, síndrome de Down ou asma. De
todas as doenças respiratórias a asma é a mais frequente no Brasil com uma
prevalência de 20% entre nossas crianças, segundo o relatório do Global Asthma
Report que reúne pesquisadores do mundo todo que acompanham a evolução da doença.
Sintomas
Queiroz
Neto afirma que tanto o olho seco como a conjuntivite alérgica provocam
embaçamento da visão, vermelhidão e coceira nos olhos. A conjuntivite alérgica
se diferencia pelo inchaço das pálpebras e secreção viscosa. “Ninguém deve
coçar os olhos. Isso porque, a córnea é uma lente frontal do olho composta
principalmente por colágeno. Esfregar os olhos enfraquece estas fibras e
deforma o formato da córnea, levando ao astigmatismo ou ao agravamento do
ceratocone”, explica.
Os
sintomas do ceratocone são a visão desfocada para perto e longe que pode ser
confundido com astigmatismo, a troca
frequente do grau dos óculos ou lentes de contato, enxergar halos noturnos,
fotofobia, aumento da fadiga ocular e olhos frequentemente irritados.
A
dica do oftalmologista é ao primeiro sinal de coceira aplicar nos olhos
compressas frias. Podem ser feitas com gaze embebida em água filtrada. Se o desconforto não desaparecer em até dois
dias é necessário consultar um oftalmologista.
Tratamentos
– Olho seco
O
tratamento do olho seco depende do diagnóstico preciso de qual camada da
lágrima entrou em desequilíbrio, afirma. Hoje existe uma tecnologia que permite
visualizar as camadas da lágrima para indicar um colírio lubrificante com
substâncias ativas para diferentes disfunções.
“Severa redução da camada oleosa da lágrima, comum em algumas mulheres
após a menopausa, pode demandar a suplementação com ômega 3. Por isso, correr
até a farmácia para comprar um colírio lubrificante pode até piorar o
desconforto do olho seco, principalmente nas fórmulas com conservantes que
irritam a mucosa ocular”, esclarece.
Conjuntivite
alérgica
Já a
terapia para conjuntivite alérgica depende da gravidade. “Colírios anti-histamínicos
são indicados para alergias mais leves. Nos casos mais severos o ideal são os
colírios com corticóide que por terem ação mais potente fazem muitos alérgicos
acreditar que são a melhor solução. Ledo engano. “Usar corticóide
indiscriminadamente causa glaucoma, doença que impõe o uso contínuo de colírio
antiglaucomatoso por toda a vida”, argumenta.
Ceratocone
A
única terapia que interrompe a progressão do ceratocone é o crosslink, uma
cirurgia que associa riboflavina (vitamina B2 ) e radiação UV (ultravioleta)
para aumentar a resistência da córnea, explica. Nas córneas muito finas o
crosslink é contraindicada, adverte. Neste caso, as alternativas para evitar o transplante são o
implante de um anel que aplana a córnea ou o uso de lentes esclerais que se
apoiarem na esclera.
Prevenção
As
dicas de Queiroz Neto para proteger seus olhos no outono são:
Evite plantas, flores
e animais com pelo dentro de casa.
|
Mantenha os ambientes
arejados e livres de pó.
|
Livre-se dos
travesseiros de pena e objetos de decoração que acumulam pó.
|
Substitua a vassoura
por aspirador de pó e o espanador por panos úmidos.
|
Não esfregue ou coçar
os olhos.
|
Forre almofadas e
colchões com capas impermeáveis.
|
Atenção ao consumo de
água para hidratar o corpo todo, inclusive os olhos.
|
Usar óculos com
proteção UV nas atividades externas
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário