A fumaça
do cigarro possui em torno de 4,7 mil substâncias tóxicas que trazem riscos à
saúde
O dia de hoje é marcado pelo Dia Mundial Sem Tabaco. A data é uma iniciativa da
Organização Mundial da Saúde (OMS) e tem o objetivo de aumentar a
conscientização sobre os efeitos nocivos e mortais do uso do tabaco e da
exposição ao fumo passivo. Em 2019, o mote da campanha é "saúde do tabaco
e dos pulmões".
Segundo dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas
por Inquérito Telefônico (Vigitel), de 2017, o percentual total de fumantes
com 18 anos ou mais no Brasil é de 10,1%, sendo 13,2% entre homens e 7,5% entre
mulheres. Este percentual é acessado, desde 2006, por meio de monitoramento
anual por telefone nas 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal com
adultos maiores de 18 anos que residam em local com linha de telefone fixo.
Riscos do Tabagismo
De acordo com o oncologista Tiago Kenji, especialista em
câncer de pulmão no Hospital Santa Paula, o risco de câncer de pulmão em um
ex-fumante será sempre maior quando comparado a alguém que nunca tenha fumado.
“Comparados aos não fumantes, os tabagistas têm cerca de
20 a 30 vezes mais risco de desenvolver o câncer de pulmão. Geralmente os
sintomas aparecem apenas quando a doença já está avançada como: tosse
frequente, mudança no padrão da tosse, tosse com sangue, rouquidão, chiado no
peito, falta de ar e dor no tórax”, explica o especialista.
O câncer de pulmão pode ser classificado em quatro
estágios. O estágio 1 representa os tumores iniciais, o 2, os tumores um pouco
maiores, mas ainda restritos aos pulmões, o 3, os tumores avançados dentro do
tórax, e o 4 são os tumores que já se disseminaram pelo organismo. O tratamento
é feito com cirurgia, radioterapia e quimioterapia.
“Costumo dizer para meus pacientes que, hoje, o maço de
cigarros custa em média R$ 7,00. Em vinte anos, o indivíduo gastará em média R$
50 mil, ou seja, se parar de fumar, ele pode comprar um carro zero km ou fazer
uma viagem para o exterior”, diz Kenji.
Para quem convive com fumantes, o médico aconselha a
evitar ao máximo o contato com o cigarro, determinando a área externa como o
único ambiente possível para quem quiser fumar. O médico afirma que o simples
fato de ser fumante passivo já aumenta em 30% o risco de ter câncer de pulmão.
“O tabagismo é uma doença crônica e transmissível, basta olhar alguém fumando
para sentir vontade. É por isso que 85% dos tabagistas começam a fumar aos 16
anos. De 80% que tentam parar, apenas 3% conseguem”, afirmou.
Se o tabagista está em tratamento, é importante que a
família e amigos saibam lidar com as possíveis recaídas. “Em média, é na
terceira tentativa que a interrupção definitiva é alcançada pelo paciente.”
Outras doenças
Além do câncer de pulmão, o cigarro pode causar cerca de
50 outras doenças, especialmente problemas ligados ao coração e à
circulação.
De acordo com o médico, cada tragada é responsável pela
inalação de aproximadamente 4,7 mil substâncias tóxicas. As principais são a
nicotina, associada aos problemas cardíacos e vasculares (de circulação
sanguínea); o monóxido de carbono (CO), que reduz a oxigenação sanguínea no
corpo; e o alcatrão, que reúne vários produtos cancerígenos, como polônio,
chumbo e arsênio.
Entre os principais danos causados ao corpo
estão:
Boca: mau hálito, irritação da gengiva, aparecimento de
cáries, alteração nas papilas gustativas, o que afeta o paladar, e aumento do risco
de câncer de boca.
Cérebro: a dificuldade de circulação sanguínea no órgão
pode comprimir os vasos e aumentar a pressão arterial, resultando em um derrame
cerebral.
Coração: aumento do colesterol total, da pressão arterial
e da frequência cardíaca, que pode subir em até 30% durante as tragadas. Além
disso, todo fumante é mais propenso a ter infarto.
Corrente sanguínea: o fumante está mais sujeito a
problemas relacionados à circulação como aneurisma, trombose, varizes e
tromboangeíte obliterante, que afeta as extremidades do corpo, podendo levar à
amputação de membros.
Estômago: náuseas e irritação das paredes do estômago. As
substâncias tóxicas do cigarro também podem gerar gastrite, úlcera e câncer no
estômago.
Fígado: a nicotina é metabolizada no fígado e,
consequentemente, aumenta a chance de desenvolver câncer no órgão.
Pulmão: os tecidos dos pulmões perdem a elasticidade e
são destruídos aos poucos. A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é um dos
problemas causados e manifesta-se de duas maneiras: enfisema pulmonar e
bronquite crônica. Das mortes provocadas por essas enfermidades, 85% estão
associadas ao cigarro. Elas geralmente se desenvolvem depois de muitos anos de
agressão aos tecidos do pulmão por causa das toxinas do cigarro.
O oncologista listou sete dicas para quem quer
parar de fumar:
1 - Em média, é na terceira tentativa que a interrupção
definitiva é alcançada, tenha paciência.
2 - Existem vários grupos de apoio antitabagistas para
orientar os pacientes que desejam parar de fumar. As pessoas se reúnem em
grupos de autoajuda, no mínimo, uma vez por semana. Em alguns casos essa
frequência pode ser ajustada para mais dias por semana.
3 - No Brasil, os tratamentos farmacológicos podem
ajudar, eles incluem o uso de adesivos e goma de mascar.
4 – Evite bebidas alcoólicas e café, pois a ingestão
desses líquidos estimula a vontade de fumar.
5 - A abstinência é normal e dura somente alguns minutos.
Neste momento, beba água, masque chiclete ou coma algum doce.
6 - A prática de exercício físico contribui muito para a
melhora respiratória. As atividades mais indicadas são natação, caminhada,
corrida e ciclismo.
7 – Busque o apoio de sua família e amigos para lidar com
possíveis recaídas.
Algumas das vantagens em largar o vício
são:
- Ter a pressão sanguínea de volta ao normal após 20
minutos sem fumar.
- Ter a circulação sanguínea adequada após três semanas
sem cigarro.
- Depois de 5 a 10 anos, ter o risco de infarto igual ao
de uma pessoa que nunca fumou.
- Os que largarem o cigarro aos 30 anos podem viver até
dez anos mais do que viveriam.
- Diminuir a ansiedade e o risco de calvície.
Hospital Santa Paula
Av. Santo Amaro, nº 2468 - Vila Olímpia - (11) 3040-8000
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