O ex-presidente
dos Estados Unidos, Barack Obama, deu uma verdadeira aula a milhares de pessoas
que lotaram um centro de convenções em São Paulo. Um dos principais motes de
sua fala foi a importância da educação.
Obama, que cresceu
no Havaí e nunca conheceu o pai, destacou a importância da educação em sua
vida. “Minha mãe me ensinou a ser curioso e querer aprender cada vez mais.
Precisamos de uma educação que nos prepare para o mundo”, disse.
O ex-presidente
também falou sobre o desafio que é sair das cercas imaginárias, impostas pela
sociedade aos mais pobres. “Quando ninguém perto de você fez algo grande, as
pessoas mais próximas te desencorajam, tentando te proteger. Mas, é preciso
vencer seus medos”, contou lembrando sua trajetória.
Resgatando
memórias sobre sua vida escolar, Obama destacou o papel do professor como um
agente de transformação. “O professor te ajudar a entender a si mesmo, a
reconhecer o que te impede de ser o melhor que você pode. Educação tem que
ensinar a ver o mundo pelos olhos dos outros e não só pelos seus”.
A diversidade
também esteve no foco de seu discurso. “É preciso garantir a inclusão de
pessoas com diferentes perspectivas, origens e experiências. Um bom líder só
toma decisões melhores se contar com uma boa variedade de pessoas”. E destacou
importância das mulheres: “os homens precisam aprender com elas”, acrescentou.
A educação,
segundo ele, é a base para essa inclusão. “Pode ser que na favela está
crescendo uma criança que vai descobrir a cura do câncer. Ela só precisa de uma
chance. A questão não é uma igualdade perfeita, mas criar condições e
oportunidades para todos. Dar uma boa educação e serviço social não é caridade,
é condição para o desenvolvimento econômico de um país”.
Em um evento de
inovação e tecnologia, Obama não deixaria de abordar a transformação que a
inteligência artificial deve causar no modelo de sociedade atual. “As máquinas
vão fazer o que é repetitivo, mas só as pessoas podem pensar de forma criativa
e inovadora. Os países que entenderem isso, serão melhores sucedidos”.
Ele se diz aberto
aos avanços, mas faz ressalvas. “Não quero destruir a inovação ou a liberdade
de mercado, mas precisamos projetar um sistema inclusivo. Precisamos pensar em
sustentabilidade, cuidar do meio ambiente. É necessário encontrar equilíbrio e,
líderes políticos, empresariais e religiosos precisam discutir o assunto”.
Segundo ele,
muitas coisas precisam ser revistas. “Você não tem um bom mercado se não tiver
um bom governo, boas leis e uma boa infraestrutura. Corrupção e nepotismo
impedem o crescimento de um bom mercado”, disse ele reforçando que os impostos
deveriam ser um bom investimento para a sociedade.
As questões
financeiras também exigem cuidado. “Estamos obcecados pelo dinheiro. Nos
esquecemos das condições que permitem que os negócios sejam bem sucedidos.
Depois de certa quantidade, o dinheiro não traz mais felicidade. Precisamos
rever nossa medida de sucesso. Se somos poderosos e influentes, precisamos
ajudar aos outros. Precisamos recompensar. Temos que rever nossos valores”.
A preocupação
agora é com as gerações futuras. “Precisamos treinar a próxima geração de
líderes. Temos que inspirar, encorajar, dar poder. Os jovens precisam começar a
atuar dentro de suas próprias comunidades. Somos responsáveis pela próxima
geração”.
Obama também
discorreu sobre o papel de um líder. “Nós temos pontos cegos. Como presidente,
eu não tinha como saber tudo. Eu só tinha as perguntas certas e me cercava de
boas pessoas, capazes de respondê-las. Você só é tão bom quanto a equipe que
você constrói. Não é sobre você, é sobre as pessoas que você serve. O líder tem
que fazer com que as pessoas atinjam seus sonhos. Não tive uma administração
perfeita, mas preservamos a nossa integridade”.
Para ele, a parte
mais delicada da liderança é a tomada de decisão. “As decisões são tomadas com
base em probabilidade. É preciso se acostumar a não acertar sempre. Eu tinha
que criar processos, testar ideais e teorias com base em dados e informações.
Não podia ter certeza que estava tomando a melhor decisão, mas eu tinha que
garantir que havia olhado tudo com cautela e cuidado para, naquele momento,
fazer o que julgava ser o mais certo. Tinha que pensar em todas as variações,
deixando o medo de lado”, afirmou.
Os ex-presidente
falou ainda sobre uma cegueira social. “As pessoas querem ajustar os fatos de
acordo com a opinião que elas já têm. É preciso olhar a realidade, por mais
desagradável que ela seja” e, de acordo com ele, estamos na melhor fase da
humanidade. “O mundo é muito melhor hoje. Os números mostram o quanto evoluímos
em acesso à educação e condições básicas de saúde”.
Para encerrar,
Obama deixou uma mensagem aos brasileiros. “Mantenham-se otimistas. Não temos
garantias de progresso, mas precisamos ter esperança. Precisamos ir além de nós
mesmos para construirmos um mundo melhor. Cada um precisa fazer a sua parte”.
Marília Cardoso -
jornalista, com pós-graduação em comunicação empresarial, MBA em Marketing e
pós-MBA em inovação. É empreendedora, além de coach, facilitadora em processos
de Design Thinking, professora de inovação em universidades e consultora na
PALAS, consultoria de inovação e gestão. Ama aprender e é adepta da mentalidade
de crescimento.
PALAS
Nenhum comentário:
Postar um comentário