Uma frase de Jim Carrey ressoa na mente: “eu acho
que todo mundo deveria ficar rico, famoso e fazer tudo o que sempre sonhou,
para que possa ver que essa não é a resposta". No fundo, essa frase nos
faz pensar sobre uma das coisas que muitos, se não todos, gostariam de ter: o
sucesso. Basta entrar no Google e digitar “sucesso” que você encontrará
promessas de chegar até lá, fórmulas e vários passo a passos para chegar mais rápido.
O sucesso é concebido como prêmio. Parece, no entanto, um prêmio que quando
você o recebe e o segura, já não tem valor.
O sucesso hoje é muito ligado ao dinheiro, ao poder
e à fama, ou, como muitos gostam de eufemizar, ao reconhecimento. Vivemos para
isso. Vivemos para nos tornar alguém. Escutei muitas vezes “eu sou médico”; “eu
sou engenheiro”; “eu sou doutor advogado”; mas, conto em uma mão quando escutei
“eu sou feliz”. No processo de vida do indivíduo, conquistar, ser reconhecido,
etc., é importante, mas devemos ter cuidado, pois a busca por dinheiro, poder e
fama em excesso corrompem o indivíduo. Maquiavel estava certo quando mencionava
que, para se conhecer um indíviduo, basta dar a ele algum poder.
Quem avança demais sem escutar a voz de dentro (a
vocação), da alma, da ética da totalidade do indivíduo, corrompe-se e, por fim,
perde o sentido de viver. Este sucesso é do “eu”, do “ego”, ele é uma ilusão
narcisista, e está em todos os lugares: a famosa imagem do indivíduo escalando
até o alto da montanha sozinho, todo próspero. Sucesso não é nada disso.
Sucesso é coletivo e é um movimento eterno de ir para dentro de si e para fora
de si, para baixo (erros) e para cima (acertos).
Sucesso é um caminho feito de fracassos que, assim
como uma harpa, vão afinando nosso caminho de vida. Sucesso deve estar ligado à
palavra sucessão, no sentido de: “como deixarei o mundo, a sociedade, para a
próxima geração?”. Ou seja, não mais ligado ao “eu”, mas ligado ao “nós”, ao
todo. Se entendermos isso, não precisaremos mais buscar com euforia (ou seja, o
eu somente fora) o dinheiro, a fama e o poder. Como diz Gandhi: “quem não vive
para servir, não serve para viver”.
Leonardo Torres -
Palestrante, Professor, Doutorando em Comunicação e Cultura Midiática e
Pós-graduando em Psicologia Junguiana
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