De acordo com pesquisa divulgada pela
Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), o Brasil é maior produtor e
exportador de café do mundo com um consumo calculado em 21 milhões de sacas
anuais, número que representa cerca de 13% da demanda mundial. O país está na
segunda posição no consumo da bebida, seguido pelos Estados Unidos, onde a
demanda é de aproximadamente 23 milhões de sacas de 60kg anuais, que
correspondem a 14% do que é bebido de café no planeta.
O café e o sistema de recompensas
Algumas pessoas não se identificam com o
sabor marcante do café, enquanto outras sentem que seu dia não começa antes de
uma boa xícara da bebida. Mas, por que isso acontece?
Muito já se ouviu dizer sobre o café,
especialmente sobre seu principal componente ser psicoativo, a cafeína - uma
substância que atua no nosso sistema nervoso central e periférico, estimulando
a liberação de neurotransmissores excitatórios. Isso resulta em um melhor
desempenho em tempo de reação nas atividades do dia a dia e no raciocínio
visuoespacial.
Ao ingerir o café, a bebida ativa o sistema
nervoso central do indivíduo por meio da otimização da percepção que se tem do
ambiente, o que pode gerar uma tendência a dependência por melhorar a
capacidade de execução de tarefas cotidianas. Isso tem a ver com o sistema de
recompensa, que é uma conexão de neurônios que são capazes de gerar sensações
prazerosas ou agradáveis após o uso de determinadas substâncias.
Em outras palavras, o café libera uma
substância chamada endorfina, popularmente conhecida como hormônio do prazer.
Embora seja um processo biologicamente primitivo, altera-se a função do sistema
de recompensas e faz com que o organismo deixe de se preocupar com o próprio
bem-estar e passe a alimentar o vício. É o típico caso da pessoa que sofre de
gastrite, por exemplo, mas não abre mão de um cafezinho.
Consumir com moderação
O café pode trazer diversos benefícios ao
organismo, como melhorar o estado de alerta e tempo de resposta aos estímulos
de rotina da pessoa. Ele aparece em estudos como um fator de proteção em
relação às doenças de Parkinson e de Alzheimer, além de contribuir com a
diminuição do risco de depressão e de diabetes, entre outros. Porém, para que
seja benéfico, alguns estudos mostram que a dose considerada segura é de até
400 mg de café por dia, o equivalente a cinco xícaras pequenas de café fresco.
Porém, tudo o que é demais pode acabar
prejudicando o organismo. O consumo excessivo do café pode aumentar a
incidência de dores de cabeça, acentuar os sintomas de ansiedade, causar
agitação, desencadear arritmia e doença arterial coronariana. Embora a
existência de dependência e o abuso seja controversa, a abstinência ao café é
algo muito conhecido, sendo a dor de cabeça o sintoma mais comum. Portanto,
aprecie com moderação!
Dr. Paulo Takeshi Nakano - neurologista e
clínico geral, responsável pelo setor de Neurologia do Hospital IGESP.
Nenhum comentário:
Postar um comentário