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de Maio, dia mundial da reciclagem e o problema do lixo em áreas urbanas tem
ficado cada vez maior. Como autor da Política Nacional de Resíduos Sólidos
(PNRS), me preocupa que tenhamos ainda cerca de 51% dos resíduos sólidos
urbanos coletados nas cidades brasileiras correspondendo à matéria orgânica, o
que dá 36,5 milhões de toneladas por ano com baixíssimo nível de tratamento e
isso pode se agravar com a possível aprovação da extensão do prazo para os
lixões proibidos pela Lei Nacional de Resíduos Sólidos.
O
dado é da última edição do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, publicado
pela Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais
(Abrelpe). Isso mostra como ainda precisamos educar a população sobre não
apenas o consumo consciente, mas também a correta destinação de seus
resíduos, principalmente os que não são recicláveis.
A
cada dia a capital paulista produz 20 mil toneladas de lixo. São 12 mil de
resíduos domiciliares. É um material orgânico jogado fora, mas que poderia ser
aproveitado em iniciativas importantes como a reciclagem, compostagem
e novas tecnologias que visem a recuperação energética. Temos ainda 8 mil
toneladas da varrição, número que poderia ser menor se fosse incentivada uma
maior consciência ambiental - menos lixo jogado na rua.
Somente
na cidade de São Paulo, por exemplo, a baixa adesão da população à coleta
seletiva, além dos problemas ambientais causados, também prejudica a geração de
emprego e renda para as 1.200 famílias que trabalham na reciclagem, integrantes
das 24 cooperativas habilitadas na capital.
A
coleta de recicláveis corresponde atualmente a apenas 7% do total. Quase metade
dos resíduos coletados diariamente poderia ser reciclada. Em Campinas, a
Prefeitura já há alguns anos coleta os galhos e folhas da poda de suas árvores
para servirem de adubo nos parques municipais.
Em
Florianópolis, o prefeito Gean Marques Loureiro sancionou uma lei
inovadora sobre resíduos: ela obriga a destinação ambientalmente adequada
de resíduos sólidos orgânicos por meio dos processos de reciclagem e
compostagem.
Fica
proibida também a destinação desses resíduos orgânicos aos aterros sanitários e
à incineração no município. Em Curitiba, a prefeitura quer que todos os
alimentos tenham destinação correta. A ideia é que alimentos em bom estado
sejam doados para consumo humano, já os que não estão bons vão direto para a
composteira.
Em
São Paulo temos o Recicla Sampa que é uma
iniciativa para promover educação ambiental e ampliar a conscientização da
população acerca da importância de tratar com mais responsabilidade os resíduos
que geramos. Seus objetivos estão totalmente integrados às políticas nacional e
municipal de resíduos sólidos. https://www.reciclasampa.com.br/
São
passos importantes quando consideramos que cada tonelada de material orgânico
desviada de aterro deixa de emitir 900 kg de CO2 equivalente.
São
ações que demonstram que com boa vontade e consciência ambiental é possível
reverter esse quadro. A prefeitura paulistana prometeu que das 1.500 escolas
municipais, 300 terão cursos sobre reciclagem de lixo já neste ano, em uma
parceria da Amlurb com as empresas contratadas e a Secretaria de Educação.
Ação
essencial em uma cidade onde o total de resíduos sólidos domiciliares coletados
é de cerca de 6.120 toneladas de matéria orgânica por dia, que vão para aterros
sanitários. Decompostas, geram 200 toneladas de gás metano, mais poluente que o
CO2.
Segundo
projeção da Abrelpe, a recuperação da fração orgânica no Brasil teria
o potencial de reduzir emissões de gases de efeito estufa correspondentes à
retirada de 7 milhões de automóveis das ruas, com benefícios diretos para a
saúde de 76 milhões de pessoas.
Em
São Paulo, se fosse recuperada toda a matéria orgânica, já estaria resolvida
metade da meta de redução de emissões da Política Municipal de Mudanças
Climáticas, de acordo com esta projeção.
É
preciso investir em educação ambiental, de crianças e adultos, e seguir com
propostas como a construção do Ecoparque em São Paulo, com capacidade
recebimento de 10% do total coletado nos domicílios da cidade. São passos rumo
a um futuro onde possamos ter água limpa, solo fértil e cidades menos poluídas.
Depende de atitudes que começam pequenas dentro de casa e
terminam gigantes ajudando o meio ambiente mundial.
Arnaldo Jardim - Deputado Federal -
Cidadania/SP - Autor da
Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS)
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