De acordo com dados
divulgados, em 2014, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de um milhão
de pessoas cometeram suicídio em todo o mundo. O Sistema de Informação sobre
Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, mostra que no Brasil, em 2012, foram
registrados oficialmente 11.821 casos, o que representa uma média de 32 mortes
por dia. O país é considerado o oitavo em número absoluto de suicídios. Porém,
estima-se que muitas declarações de óbito omitem a informação sobre esse tipo
de morte, o que contribui para a subnotificação.
E como forma de prevenir
esse tipo de ato, setembro tornou-se o mês de conscientização para a prevenção
do suicídio. A campanha foi mobilizada pelo Centro de Valorização da Vida
(CVV), Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de
Psiquiatria (ABP), e ficou conhecido como o “Setembro Amarelo”. O principal
objetivo dessa ação é alertar as pessoas sobre o suicídio e, principalmente,
diminuir e prevenir o crescimento de mais casos.
Não importa o gênero, a
classe social ou a idade, o comportamento suicida pode atingir qualquer pessoa.
Existe uma série de fatores de risco socioculturais, genéticos, filosóficos,
existenciais e ambientais que levam o indivíduo a cometer esse ato. A
existência de um transtorno mental encontra-se presente na maioria dos casos, e
os que mais estão associados são: depressão, transtorno afetivo bipolar, abuso
e dependência de álcool e outras drogas psicoativas, esquizofrenia e transtorno
de personalidade.
O risco de suicídio fica
ainda maior quando o diagnóstico inclui dois ou mais distúrbios como, por
exemplo, bipolaridade e abuso de drogas. Porém, é preciso ficar atendo a outros
fatores que também estão ligados à questão, como desesperança, busca de sentido
existencial, falta de habilidade para resolução de problemas, isolamento
social, impulsividade e acesso a meios letais.
É importante saber
que o suicídio pode ser prevenido e, para isso, é importante ficar atendo a
alguns sinais que podem ser um alerta quando uma pessoa apresenta por exemplo,
determinados comportamentos como não ver sentido na vida, alteração brusca de
humor, nutrir sentimento de vingança, alto nível de ansiedade, se achar um
fardo para os outros, isolar-se do resto da sociedade por vergonha ou
sentimento de humilhação, não cuidar da higiene pessoal, abusar de drogas
lícitas e ilícitas, entre outros. Isso não significa que todos os indivíduos
que se enquadram nesses quesitos irão um dia cometer suicídio, mas são sim
sintomas de transtornos mentais, que podem levar a cometer o ato em si se não
houver um cuidado.
E a melhor maneira de
ajudar quem está nessa situação é dar a devida atenção e fazer com que ela fale
sobre o problema. É preciso lutar contra esse tabu do suicídio, que por uma
série de questões culturais e religiosas, ainda enfrenta muitos obstáculos
perante a sociedade. É importante procurar ajuda médica psiquiátrica ou
psicológica, mas a prevenção vai além da rede de saúde. É necessário investir
em ações nas escolas e universidades, usar o poder das mídias para disseminar
campanhas preventivas, controlar acesso aos métodos mais utilizados para
cometer o ato como, venenos e arma de fogo, e principalmente incentivar espaços
de promoção a saúde e criação de grupos de apoio e autoajuda em instituições, ONGs,
empresas e centros religiosos.
Por fim, é
fundamental ressaltar que tão importante quanto a prevenção é a posvenção do
suicídio, trabalho que consiste em ajudar os “sobreviventes suicidas”. O
tratamento é feito de acordo com um plano terapêutico multidisciplinar tanto
para o paciente quanto para os familiares, que inclui habilidades e estratégias
para cuidar e ajudar, informar e prevenir um novo episódio.
Dra.
Hanah Mustapha Abou Arabi - médica coordenadora de
interconsultas psiquiátricas do HSANP, centro hospitalar localizado na zona
Norte de São Paulo.
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