Várias
foram as vezes que amigos meus me enviaram vídeos policiais que mostram o
marginal xingando as autoridades, zombando dos investigadores, e mais,
ameaçando as mesmas autoridades com palavras de baixo calão. Por ser Advogado,
tive a oportunidade de acompanhar o comportamento de muitos detidos e posso
fazer uma distinção de como tais marginais, quando presos em flagrante 20 anos
atrás, se portavam e como se portam agora. A impressão que tenho é de que se
perdeu o medo da autoridade estabelecida, uma vez que o marginal confia, sim,
na impunidade, e quase sempre tem como referência os depoimentos de outros
agentes delituosos nos programas policiais − que atraem tantos expectadores −,
agindo da mesma forma grosseira e agressiva.
Nosso
país perdeu a noção dos valores em relação a tudo. A corrupção política acabou
servindo de esteio e justificativa para incentivar, legitimar ou fomentar o
roubo, o furto, a malandragem e, acima de tudo, o desrespeito à Lei e a seus
respectivos representantes. Do ponto de vista moral, estamos afundando no
descaso, e isso fatalmente nos levará a um colapso hierárquico legal, em outras
palavras, observamos aumentar a cada dia a falta de respeito com a Polícia
Judiciária estadual ou federal, com os membros do Ministério Público e da
Magistratura.
Pessoalmente
o que mais me chocou, e acredito que não só a mim mas a todos que assistiram ao
interrogatório do ex-presidente Luiz Inácio da Silva, foi a postura irônica,
irreverente e por que não dizer desrespeitosa em que por várias vezes se
colocou o ex-presidente, não como um réu, mas como um adversário político do
Juiz Sergio Moro, que no meu entender teve muita imparcialidade e controle ao
interrogar o ex-presidente, que realmente se alterou várias vezes, insurgindo-se
contra as perguntas feitas naquele Juízo, quando não se calava a pedido de seu
Advogado, que, com todo respeito ao colega, também não se portou com
urbanidade, muito embora estivesse no pleno exercício do direito de defesa.
Portanto,
se um ex-presidente da República se comporta dessa forma perante membros do
Ministério Público e Juízes, que exemplo de cidadania e respeito ao Poder
Judiciário estaria ele dando ao povo brasileiro? Observem que a questão que
estou por ora abordando não é processual, tampouco de mérito nas ações que
recaem sobre o ex-presidente, mas se deve tão somente aos maus modos perante as
autoridades.
Infelizmente
estamos vivenciando a ignorância do nosso povo na sua plenitude ao observar
tais comportamentos sem a devida indignação popular, e isso é compreensível,
pois nada mais vale neste país, nem a vida, nem as autoridades, que hoje ficam
quase reféns do crime organizado, da política populista sindical que muitas
vezes avaliza protestos agressivos nas grandes cidades, prejudicando os
trabalhadores, enfim, precisamos encontrar a paz, varrer a corrupção, nos valer
dos bons exemplos de países sérios, aí quem sabe seremos uma nação nos moldes
da nossa bandeira, na qual está consignada a frase “Ordem e Progresso”. Porém
adicionaria também o “respeito às instituições” por parte dos dirigentes deste
país, promovendo o velho e bom exemplo que existiu tempos atrás...
Fernando
Rizzolo - Advogado, Jornalista, Mestre em Direitos Fundamentais
-www.blogdorizzolo.com.br
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