Irradiação de alimentos: Processo preserva
nutrientes, reduz desperdícios e ainda combate pragas e microrganismos
Pouca
gente sabe, mas a tecnologia nuclear vai muito além da geração de eletricidade.
Uma de suas aplicações mais seguras e benéficas está na irradiação de
alimentos, um processo que ajuda a conservar frutas, vegetais, carnes e grãos,
eliminando microrganismos nocivos e aumentando a durabilidade dos produtos sem
comprometer sua qualidade nutricional.
Embora
ainda seja um tema pouco difundido no Brasil, a técnica já é amplamente
utilizada em cerca de 70 países para garantir alimentos mais seguros e reduzir
perdas no transporte e armazenamento. Segundo Patricia Wieland, membro do
Conselho Curador da Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades
Nucleares (ABDAN) e especialista em tecnologia nuclear aplicada à
agroindústria, "a irradiação é um método seguro e eficaz, aprovado por
órgãos internacionais como a FAO e a OMS. Diferente de conservantes químicos, o
processo não deixa resíduos e mantém as características naturais do
alimento".
A
irradiação funciona utilizando raios gama, elétrons ou raios-X para eliminar
pragas, fungos e bactérias, sem alterar a textura ou o sabor dos alimentos.
Além disso, pode substituir métodos tradicionais, como o uso de pesticidas e
conservantes químicos, contribuindo para uma produção mais sustentável e
segura.
Mesmo
com os benefícios, o Brasil ainda usa essa tecnologia em menor escala,
principalmente devido à falta de informação. Especialistas defendem que a
expansão da irradiação de alimentos poderia ajudar a reduzir desperdícios – um
problema grave no Brasil, que descarta cerca de 27 milhões de toneladas de
alimentos por ano – e facilitar a exportação de produtos agrícolas, já que
muitos países exigem tratamento contra pragas.
"Com
o uso de aparelhos de raio-x modernos e a crescente necessidade de garantir
alimentos mais seguros e sustentáveis, além de reduzir perdas e desperdícios, a
irradiação é um recurso promissor para otimizar a preservação dos alimentos. A
questão é: quando o Brasil reconhecerá o verdadeiro valor dessa inovação?",
afirma Wieland.
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