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segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

HIV cresce entre a população 60+ e exige atenção urgente à saúde mental, alerta SBGG

Especialista destaca o impacto psicológico profundo e reforça que apoio familiar e social é essencial para adesão ao tratamento e qualidade de vida.

 

No mês dedicado a abordar a importância da prevenção ao HIV/AIDS e a outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), por meio da Campanha Dezembro Vermelho, a população idosa, involuntariamente, acaba sendo “deixada de lado” por não ser considerada o público-alvo. No entanto, esta atitude se mostra equivocada. Dados do Boletim Epidemiológico sobre HIV/AIDS do Ministério da Saúde mostram que entre 2011 e 2021 foram registrados 12.686 diagnósticos de HIV em pessoas com 60 anos ou mais, além de 24.809 casos de AIDS e 14.773 mortes nessa faixa-etária. Outro dado que chama a atenção é o crescimento acelerado da doença na população idosa. Para se ter ideia, entre 2012 e 2022, houve um aumento de 441% no número de diagnósticos, sendo a única faixa-etária que apresentou aumento percentual no número de óbitos ao longo dessa década. 

O fato é que receber um diagnóstico de HIV após os 60 anos é algo que provoca um forte abalo emocional, que exige uma rede de apoio sensível, acolhedora e, acima de tudo, preparada para lidar com essa nova situação. 

De acordo com a psicóloga, Cecília Galetti, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (Seccional Paraná), diferentes reações refletem o peso emocional do diagnóstico em pessoas idosas, pois muitos ainda carregam as lembranças da época em que o HIV era associado diretamente à morte e isso intensifica o sofrimento psíquico, podendo levar ao retraimento social. “Quando um idoso recebe esse diagnóstico, preconceitos e julgamentos morais costumam surgir, tanto no entorno social quanto dentro da própria família, e para quem vivencia essa situação, o medo da discriminação se torna central, favorecendo o isolamento, a ocultação do diagnóstico e a diminuição da busca por cuidados com a saúde.” 

Ela explica que o impacto emocional costuma ser profundo, sendo que depressão, ansiedade, desesperança, dificuldade de adaptação e até mesmo o aumento de tentativas de suicídio são frequentes. “A depressão é um dos transtornos mais prevalentes entre a população 60+ que vive com o HIV. Além disso, a apatia, a tristeza, a perda de interesse pelas atividades e alterações do sono podem prejudicar a adesão ao tratamento antirretroviral. E há também os casos que o uso de álcool e outras substâncias surge como tentativa inadequada para enfrentar a doença, agravando o caso”, aponta.

 

Apoiar, sempre!

Cecília reforça que o apoio do círculo social é essencial. Família, amigos e comunidades que acolhem, ouvem e validam os sentimentos da pessoa idosa ajudam de maneira significativa no processo de aceitação e cuidado. “Já os que vivem sozinhos ou que enfrentam rejeição, têm índices maiores de abalo na saúde mental e pior adesão ao tratamento.” 

Segundo a psicóloga, para que os familiares possam ajudar, é preciso descontruir antigos paradigmas, abandonando crenças de que pessoas idosas não têm vida sexual ativa. “Sexualidade é parte da condição humana em todas as fases da vida e reconhecer isso possibilita conversas honestas, sem qualquer tipo de moralismo e sem medo”, ressalta Cecília, ao comentar que familiares e cuidadores devem ter atitudes que favoreçam o bem-estar emocional e a autonomia da pessoa idosa. “Ouvir sem julgar e reconhecer o sofrimento da pessoa; rever valores pessoais; incentivar o tratamento clínico e psicológico e fortalecer a autonomia das pessoas são as principais atitudes. Tudo isso melhora a autoestima, reduz o sofrimento emocional e promove a qualidade de vida.”

 

Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia - SBGG

 

 

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