Profissional de educação física do CEJAM explica como ajustar horário, hidratação, alimentação e intensidade para evitar desidratação e superaquecimento
Treinar ao ar livre é um hábito de muitos
brasileiros, mas a exposição direta ao sol pode transformar uma rotina saudável
em um risco quando o corpo perde a capacidade de lidar com o calor.
Segundo Washington Alves, profissional de educação
física da UBS Jardim Comercial, unidade gerenciada pelo CEJAM – Centro de
Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”, em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo (SMS-SP), o organismo
entra numa disputa interna por energia quando a temperatura está muito elevada.
Ele explica que o corpo precisa, ao mesmo tempo, sustentar o esforço físico e
acionar mecanismos para resfriar a temperatura interna.
“Quando o calor é intenso, o corpo liga um modo de
emergência. É como tentar acelerar um carro com o motor superaquecendo”, afirma.
Nesse contexto, aumentam as chances
de desidratação, perda de eletrólitos, tontura, queda de pressão, câimbras e
até insolação. O profissional reforça que muitos desses riscos podem ser
evitados com ajustes simples de rotina, atenção aos sinais do corpo e escolhas
mais estratégicas no treino. Abaixo, separamos 7 dicas essenciais para a prática de atividades físicas ao ar livre:
Escolha o horário certo
Antes das 9 horas e depois das 17 horas, o sol está
menos perpendicular e a radiação é mais tolerável. Washington recomenda evitar o
período entre 10 e 16 horas e alerta que a sensação térmica elevada e a
umidade acima do comum tornam o esforço ainda
mais perigoso. Quem já acorda indisposto, com
tonturas ou mal hidratado também deve adiar o treino.
Hidrate-se antes, durante e depois do treino
Multiplicar o peso corporal por 35 mililitros ajuda a
calcular o consumo diário de água. Durante o exercício, a orientação é ingerir
200 mililitros a cada 15 ou 20 minutos. Em treinos longos ou sob calor forte,
vale incluir reposição de eletrólitos. A perda de sódio, potássio e magnésio
está entre as principais causas de câimbras e queda de pressão.
Reconheça os sinais do corpo
Tontura, visão escurecida, náusea, dor de cabeça
pulsante, arrepios no calor, confusão mental, batimentos mais acelerados sem
motivo e ausência de suor são sinais de que é preciso parar imediatamente. “O
corpo sempre fala. O problema é quando os sinais são ignorados”, lembra Alves.
Use roupas adequadas e proteja a pele
Optar por tecidos leves, respiráveis e de cores claras
reduz a absorção de calor. Boné, óculos escuros e protetor solar devem fazer
parte da rotina. Sempre que possível, treine em áreas sombreadas para diminuir
a sobrecarga térmica.
Faça um pré-treino leve
Refeições pesadas antes do exercício desviam sangue
para o sistema digestivo e reduzem a capacidade do corpo de se resfriar.
Frutas, iogurte e lanches naturais com proteína magra ajudam a manter o nível
de energia sem atrapalhar a regulação térmica. “Comida pesada e calor forte não
combinam”, diz o educador.
Reduza a intensidade em dias quentes
Diminuir de 10 a 30 por cento do ritmo habitual,
aumentar os intervalos e priorizar atividades contínuas ajudam a preservar o
corpo. “O mesmo esforço
exige mais energia sob calor intenso, e o que seria leve
num dia fresco vira moderado ou até pesado”, pontua.
Redobre os cuidados em praias
A areia e a água refletem radiação e aumentam a
exposição. Além disso, o vento pode mascarar a sensação de calor enquanto o
corpo continua perdendo líquidos. “O vento engana; a pessoa acha que está mais
fresca, mas continua desidratando rápido”, destaca. Nessas
condições, hidratação reforçada e pausas frequentes na sombra são
indispensáveis.
Além dessas recomendações, o educador acrescenta que a prática de exercícios ao ar livre continua sendo benéfica, desde que respeitados os limites individuais e as condições ambientais. Para ele, o ponto central é entender que o desempenho não deve ser prioridade em dias quentes. “Treinar faz bem, mas treinar com segurança é fundamental. A combinação de planejamento, atenção aos sinais do corpo e adaptações simples na rotina é o que garante que o exercício cumpra seu papel sem colocar a saúde em risco.”
CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
@cejamoficial

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