Radioterapia, medicina nuclear e manejo
da dor revelam a complexa rede de especialistas que atuam além do oncologista
no combate ao câncer
Com o câncer avançando como um dos maiores desafios de saúde
pública no Brasil (e já figurando como principal causa de morte por doença não
transmissível em mais de 600 municípios, segundo dados recentes do SUS),
entender quem são os profissionais envolvidos no cuidado dos pacientes
tornou-se fundamental. Embora o oncologista seja o médico mais lembrado, outras
especialidades pouco conhecidas têm papel decisivo no tratamento e na
recuperação das pessoas com diagnóstico de câncer.
Para esclarecer essas áreas, a Faculdade São Leopoldo Mandic, uma
das principais instituições de ensino superior na área de saúde do Brasil,
conversou com o oncologista clínico Dr. Paulo Pizão, professor da instituição,
que destacou especialidades como radioterapia, medicina nuclear e manejo da dor,
determinantes para o desfecho clínico, mas ainda pouco reconhecidas pelo
público e até por muitos estudantes de Medicina.
Segundo o especialista, a oncologia moderna depende de uma
abordagem multidisciplinar, e não apenas da atuação do cirurgião
ou do oncologista clínico. “Estudos mostram que um plano de tratamento
integrado, construído por vários especialistas, praticamente dobra a
sobrevida em cinco anos quando comparado a decisões tomadas por
um único médico”, explica Dr. Pizão.
Radioterapia: essencial para até 70% dos pacientes oncológicos
Pouco conhecida entre alunos e até entre
profissionais de outras áreas, a radioterapia é uma das
especialidades mais determinantes no tratamento do câncer. O Dr. Pizão lembra
que entre 40% e 70% dos pacientes tratados com intenção de cura recebem
radioterapia em algum momento.
Apesar disso, muitos estudantes de Medicina nunca têm contato direto com o radioterapeuta durante a graduação. “É o radioterapeuta quem define, planeja, executa e acompanha o tratamento, não o cirurgião, nem o oncologista clínico”, afirma.
O professor destaca ainda o apelo tecnológico da área, que utiliza
aceleradores lineares, planejamento computadorizado e conceitos de física
nuclear. “É uma especialidade muito sedutora para quem gosta de tecnologia e
ciências exatas”, complementa.
Medicina Nuclear: tecnologia de ponta, acesso direto e expansão acelerada
Outra especialidade essencial e ainda pouco difundida
é a medicina nuclear, que possui residência médica de acesso direto e formação
de três anos. Tradicionalmente associada a exames diagnósticos como cintilografias,
a área vem ganhando protagonismo também no tratamento oncológico, graças ao
avanço dos radiofármacos.
Dr. Pizão destaca o crescimento dos chamados teranósticos:
drogas que combinam radioisótopos a anticorpos monoclonais, permitindo
localizar e destruir células tumorais com precisão. “É como um medicamento com
CEP: ele encontra exatamente a célula do câncer”, explica.
O avanço tecnológico ampliou a demanda por especialistas, que já é
maior que a oferta no país.
Médico da Dor e Medicina Paliativa: formações complementares e indispensáveis
Embora não sejam especialidades regulamentadas como
residência médica pelo MEC, tanto o médico da dor quanto o paliativista exercem
papéis cruciais no cuidado ao paciente oncológico. A formação é feita por meio
de cursos de especialização — muitas vezes buscados por profissionais que ainda
não ingressaram em uma residência.
Na oncologia, o conhecimento em controle da dor é considerado
indispensável. “Cerca de 70% dos pacientes com câncer terão
dor significativa em algum momento da trajetória, mesmo aqueles que alcançarão
a cura”, reforça o oncologista.
Além disso, na maior parte das vezes, o paciente em crise de dor
será atendido por plantonistas — e não por oncologistas. Por isso, capacitar
médicos generalistas para manejo adequado da dor torna-se fundamental.
A importância de apresentar essas áreas aos futuros médicos
Como docente da Mandic desde a primeira turma, o
professor reforça a responsabilidade das escolas médicas em expor os estudantes
a especialidades menos visíveis, mas fundamentais. Ele já chegou a dividir a
disciplina de Oncologia com uma radioterapeuta, proporcionando aos alunos uma
formação mais completa.
“Os alunos frequentemente diziam que não sabiam que a radioterapia existia como especialidade. Dar visibilidade a essas áreas é uma forma de ampliar horizontes e contribuir para suprir lacunas importantes no mercado. É por isso que o curso de Medicina da Mandic faz parte de uma minoria das escolas em que a disciplina de Oncologia integra a grade curricular na graduação”, finaliza.
Faculdade São Leopoldo Mandic
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