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segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

O câncer além do oncologista: especialidades médicas pouco conhecidas que ajudam no tratamento

Radioterapia, medicina nuclear e manejo da dor revelam a complexa rede de especialistas que atuam além do oncologista no combate ao câncer
 

Com o câncer avançando como um dos maiores desafios de saúde pública no Brasil (e já figurando como principal causa de morte por doença não transmissível em mais de 600 municípios, segundo dados recentes do SUS), entender quem são os profissionais envolvidos no cuidado dos pacientes tornou-se fundamental. Embora o oncologista seja o médico mais lembrado, outras especialidades pouco conhecidas têm papel decisivo no tratamento e na recuperação das pessoas com diagnóstico de câncer. 

Para esclarecer essas áreas, a Faculdade São Leopoldo Mandic, uma das principais instituições de ensino superior na área de saúde do Brasil, conversou com o oncologista clínico Dr. Paulo Pizão, professor da instituição, que destacou especialidades como radioterapia, medicina nuclear e manejo da dor, determinantes para o desfecho clínico, mas ainda pouco reconhecidas pelo público e até por muitos estudantes de Medicina. 

Segundo o especialista, a oncologia moderna depende de uma abordagem multidisciplinar, e não apenas da atuação do cirurgião ou do oncologista clínico. “Estudos mostram que um plano de tratamento integrado, construído por vários especialistas, praticamente dobra a sobrevida em cinco anos quando comparado a decisões tomadas por um único médico”, explica Dr. Pizão.
 

Radioterapia: essencial para até 70% dos pacientes oncológicos

Pouco conhecida entre alunos e até entre profissionais de outras áreas, a radioterapia é uma das especialidades mais determinantes no tratamento do câncer. O Dr. Pizão lembra que entre 40% e 70% dos pacientes tratados com intenção de cura recebem radioterapia em algum momento. 

Apesar disso, muitos estudantes de Medicina nunca têm contato direto com o radioterapeuta durante a graduação. “É o radioterapeuta quem define, planeja, executa e acompanha o tratamento, não o cirurgião, nem o oncologista clínico”, afirma.

O professor destaca ainda o apelo tecnológico da área, que utiliza aceleradores lineares, planejamento computadorizado e conceitos de física nuclear. “É uma especialidade muito sedutora para quem gosta de tecnologia e ciências exatas”, complementa.
 

Medicina Nuclear: tecnologia de ponta, acesso direto e expansão acelerada

Outra especialidade essencial e ainda pouco difundida é a medicina nuclear, que possui residência médica de acesso direto e formação de três anos. Tradicionalmente associada a exames diagnósticos como cintilografias, a área vem ganhando protagonismo também no tratamento oncológico, graças ao avanço dos radiofármacos. 

Dr. Pizão destaca o crescimento dos chamados teranósticos: drogas que combinam radioisótopos a anticorpos monoclonais, permitindo localizar e destruir células tumorais com precisão. “É como um medicamento com CEP: ele encontra exatamente a célula do câncer”, explica. 

O avanço tecnológico ampliou a demanda por especialistas, que já é maior que a oferta no país.
 

Médico da Dor e Medicina Paliativa: formações complementares e indispensáveis

Embora não sejam especialidades regulamentadas como residência médica pelo MEC, tanto o médico da dor quanto o paliativista exercem papéis cruciais no cuidado ao paciente oncológico. A formação é feita por meio de cursos de especialização — muitas vezes buscados por profissionais que ainda não ingressaram em uma residência. 

Na oncologia, o conhecimento em controle da dor é considerado indispensável. “Cerca de 70% dos pacientes com câncer terão dor significativa em algum momento da trajetória, mesmo aqueles que alcançarão a cura”, reforça o oncologista. 

Além disso, na maior parte das vezes, o paciente em crise de dor será atendido por plantonistas — e não por oncologistas. Por isso, capacitar médicos generalistas para manejo adequado da dor torna-se fundamental.
 

A importância de apresentar essas áreas aos futuros médicos

Como docente da Mandic desde a primeira turma, o professor reforça a responsabilidade das escolas médicas em expor os estudantes a especialidades menos visíveis, mas fundamentais. Ele já chegou a dividir a disciplina de Oncologia com uma radioterapeuta, proporcionando aos alunos uma formação mais completa. 

“Os alunos frequentemente diziam que não sabiam que a radioterapia existia como especialidade. Dar visibilidade a essas áreas é uma forma de ampliar horizontes e contribuir para suprir lacunas importantes no mercado. É por isso que o curso de Medicina da Mandic faz parte de uma minoria das escolas em que a disciplina de Oncologia integra a grade curricular na graduação”, finaliza. 



Faculdade São Leopoldo Mandic
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