Pesquisar no Blog

sexta-feira, 14 de novembro de 2025

Cirurgia metabólica: tratamento eficaz para diabetes tipo 2 ainda é pouco acessível no Brasil

Shutterstock
Neste Dia Mundial de Combate ao Diabetes - 14 de novembro - Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) traz dados que comprovam a remissão do Diabetes Tipo 2 com a cirurgia metabólica e menor impacto econômico para o SUS com custos do tratamento


Mais de 16 milhões de brasileiros convivem com o diabetes tipo 2, uma das doenças crônicas que mais crescem no país. Apesar disso, apenas 0,2% dessa população tem acesso a um dos tratamentos mais eficazes para controlar a enfermidade, a cirurgia metabólica, também conhecida como cirurgia para o Diabetes Tipo 2.

Em maio deste ano, o CFM (CFM nº 2.429/25) ampliou o acesso de pacientes à cirurgia para Diabetes Tipo 2 - doença que está relacionada à obesidade. Desde então, os pacientes com IMC (Índice de Massa Corporal) entre 30 e 35 passam a ser elegíveis à cirurgia desde que tenham diabetes tipo 2, doença cardiovascular, doença renal em decorrência do diabetes tipo 2, apneia do sono grave, doença gordurosa hepática não alcoólica com fibrose, afecções com indicação de transplante, refluxo gastroesofágico com indicação cirúrgica ou osteoartrose grave. 

“Para tomarmos essas decisões, avaliamos vários estudos e escutamos as sociedades de especialidade, sempre com o objetivo de oferecer o melhor para o paciente”, explicou na oportunidade o presidente do CFM, José Hiran Gallo. 

Entre os estudos avaliados estão os que comparam a cirurgia metabólica e o melhor tratamento clínico para pacientes com Diabetes Mellitus tipo 2 que tenham IMC entre 30 e 35 (obesidade grau 1), com alterações microvasculares, como as doenças renais. 

Já o último relatório da International Diabetes Federation (2025) mostrou que até 40% dos pacientes alcançam remissão total da doença após a cirurgia, especialmente quando o diagnóstico é recente e há acompanhamento multidisciplinar. 

Porém, de acordo com levantamento da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), em 2023 foram realizadas cerca de 80 mil cirurgias metabólicas no país, um número ainda pequeno diante da demanda. O procedimento é coberto por planos de saúde e a cirurgia bariátrica e metabólica também é coberta pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas ainda é restrita a casos específicos.

 

Economia e eficácia 

Uma análise do Hospital das Clínicas da FMUSP quantificou economias de cerca de US$62 por quilo perdido em tratamentos complementares relacionados à diabetes e à obesidade. Estudos da SBCBM demonstram que o investimento inicial gera economias significativas ao sistema de saúde, minimizando despesas com hospitalizações, tratamentos prolongados e uso contínuo de medicamentos.

Além disso, observa-se uma redução de aproximadamente 45% na incidência de diabetes tipo 2 já no primeiro ano após a cirurgia, o que reforça seu impacto positivo tanto na saúde dos pacientes quanto na sustentabilidade do sistema público. 

“A cirurgia bariátrica e metabólica é considerada um procedimento custo-efetivo, pois reduz gastos com medicamentos, internações e complicações crônicas", afirma Canavarros. Segundo ele, há também quedas expressivas no uso de medicações para diabetes e outras comorbidades após o procedimento, refletindo menor necessidade de intervenções médicas e hospitalares. 

O presidente da SBCBM Juliano Canavarros, explica que o diabetes é uma doença crônica e progressiva. “Como consequência o paciente pode vir a ter lesão renal inicial que geralmente evolui para diálise, transplante renal e tem risco de complicações cardiovasculares, como infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC)", relata. 

No entanto, o estudo publicado pela Jama Surgery constatou a remissão de mais de 80% da albuminúria e das lesões renais, com tratamento cirúrgico, o que significa evitar a progressão da doença e consequentemente diálise e transplante de rins. 

Segundo a SBCBM , pesquisas de acompanhamento de até dez anos mostram que os efeitos positivos se mantêm a longo prazo, reforçando o papel da cirurgia como uma terapia eficaz e duradoura no controle do DM2. Além disso, o procedimento contribui para melhor qualidade de vida, redução no uso de medicamentos, melhora do controle glicêmico e cardiovascular e menor risco de complicações e hospitalizações”, completa Juliano Canavarros, presidente da SBCBM.


 

Cirurgia Metabólica

A diabetes tipo 2 está diretamente associada à obesidade, considerada uma doença crônica e um dos principais gatilhos para o desenvolvimento da enfermidade. A cirurgia metabólica é semelhante à bariátrica tradicional, porém vai além da perda de peso, ela é uma intervenção multifatorial que atua no tratamento da obesidade e de suas complicações, especialmente o diabetes tipo 2 (DM2). Ao provocar alterações anatômicas e hormonais, como o aumento do GLP-1, que estimula a produção de insulina, a cirurgia melhora a sensibilidade à insulina e pode levar à remissão parcial ou total do diabetes em mais de 50% dos pacientes, segundo estudos clínicos. 

As principais técnicas cirúrgicas utilizadas são o bypass gástrico e a gastrectomia vertical (sleeve), sempre indicadas após avaliação médica detalhada. 

“Somente um médico especialista pode indicar o tratamento adequado e avaliar as implicações para cada paciente”, reforça Canavarros.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Posts mais acessados