Quando
acabam as férias, as viagens e as refeições fora de casa, é comum que o
intestino "reclame" na volta à rotina. Alterações no hábito
intestinal, sensação de inchaço, gases, prisão de ventre ou diarreia estão
entre os sintomas mais relatados no pós-férias. Segundo médico cirurgião do
aparelho digestivo sub-especializado em Cirurgia Bariátrica e Coloproctologia
do corpo clínico dos hospitais Sírio Libanês e Nove de Julho, Dr. Rodrigo Barbosa, esses sinais
são reflexo direto das mudanças no padrão alimentar, no sono e no estresse
vivenciadas nesse período.
“O
intestino é um órgão muito sensível à rotina. Mudanças na alimentação, no
horário das refeições, na hidratação e até no ritmo de sono e vigília impactam
diretamente no funcionamento intestinal. Durante as férias, é comum abusar de
alimentos ultraprocessados, gordurosos ou com baixo teor de fibras, o que afeta
o trânsito intestinal”, explica o médico.
Férias x microbiota intestinal
O
desequilíbrio alimentar pode interferir na microbiota — o conjunto de trilhões
de bactérias que habitam o intestino e desempenham funções vitais para a
digestão, imunidade e até o humor.
“Alimentos
industrializados, álcool em excesso e o uso indiscriminado de medicamentos para
dor, ressaca ou enjoo durante as férias alteram a composição da microbiota.
Isso deixa o intestino mais lento, inflamado ou mais sensível. O retorno ao dia
a dia é o momento ideal para cuidar dessa recuperação”, afirma Dr. Rodrigo.
Como “educar” o intestino de volta à rotina?
O
especialista orienta que o retorno ao equilíbrio intestinal deve ser feito com
medidas simples, porém consistentes:
- Reintrodução gradual de fibras:
consumir frutas com casca, vegetais crus e integrais ajuda a restabelecer
o ritmo do intestino.
- Hidratação:
aumentar a ingestão de água é fundamental para melhorar a consistência das
fezes.
- Sono regulado:
dormir e acordar em horários fixos contribui com o funcionamento do eixo
intestino-cérebro.
- Evitar jejum prolongado ou beliscos constantes: o
intestino funciona melhor com horários regulares de alimentação.
- Atividade física leve:
caminhar, pedalar ou fazer alongamentos auxilia o peristaltismo, movimento
natural do intestino.
E se os sintomas persistirem?
“Se,
mesmo com essas mudanças, o intestino continuar preso, solto ou dolorido por
mais de sete dias, é importante procurar um médico. Pode haver intolerâncias
alimentares, disbiose intestinal ou até condições inflamatórias que precisam de
investigação”, alerta o cirurgião.
A retomada da rotina não precisa ser um sofrimento para o intestino. Com cuidado e atenção aos sinais do corpo, é possível reconectar o organismo aos bons hábitos e garantir uma digestão saudável ao longo do ano.
Dr Rodrigo Barbosa - Cirurgião Digestivo sub-especializado em Cirurgia Bariátrica e Coloproctologia do corpo clínico dos hospitais Sírio Libanês e Nove de Julho. CEO do Instituto Medicina em Foco e coordenador do Canal ‘Medicina em Foco’ no Youtube Link
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