Apesar de serem mais preocupadas com a saúde, 40% das brasileiras não cumprem a recomendação de atividade física, o que torna os exames preventivos ainda mais importantes. Especialistas listam os testes que não podem faltar no check-up feminino
Dados do Programa
Nacional de Saúde mostram que 82% das mulheres cuidam mais da saúde, contra 69%
dos homens e de acordo com o Fórum Econômico Mundial, elas passam, em média,
25% mais tempo lidando com problemas de saúde do que eles. Ainda assim, muitas
enfrentam dificuldades para manter uma rotina saudável. O estudo Longitudinal
de Saúde do Adulto - ELSA-Brasil, feito ano passado, apontou que 40% das
brasileiras de todas as faixas etárias e grupos socioeconômicos não atingem a
recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 150 minutos semanais de
exercícios físicos intensos ou moderados.
Uma das razões
levantadas pelo estudo para o baixo engajamento em atividades físicas é o pouco
tempo de lazer disponível. A consequência disso é o aumento de peso corporal
observado em mulheres que trabalham mais do que 40 horas semanais.
“A sobrecarga de
trabalho, o estresse e as responsabilidades familiares podem dificultar a
adoção de hábitos saudáveis, tornando os exames preventivos ainda mais
essenciais para a detecção precoce de doenças e para a promoção da saúde da
mulher em todas as fases da vida.” – Dra. Dalva Gomes, endocrinologista do
laboratório Sérgio Franco, da Dasa.
Para garantir um cuidado
contínuo e eficaz, especialistas recomendam cinco exames fundamentais para a
saúde da mulher. Entre eles:
1.
Papanicolau
e colposcopia
Indicado anualmente para
todas as mulheres que já iniciaram a vida sexual, e estão na faixa etária de 25
aos 64 anos. Esses exames detectam lesões com possibilidade de câncer de colo,
processos infamatórios e infecciosos, incluindo o HPV (Papiloma Vírus Humano)
que causar a doença.
2.
Mamografia
e ultrassonografia mamária
Segundo a dra. Letícia
Gonçalves, radiologista e especialista em exames de mama na CDPI, clínica de
diagnóstico por imagem da Dasa no Rio de Janeiro, o rastreamento do câncer de
mama é essencial, especialmente para mulheres acima dos 40 anos ou com
histórico familiar da doença. A mamografia deve ser feita anualmente, enquanto
a ultrassonografia mamária é recomendada para complementar a avaliação.
“A mamografia é um exame
fundamental no rastreio do câncer de mama, mas também é eficaz para visualizar
outras alterações que podem ocorrer nessa área, como cistos, abcessos e
fibroadenoma. Por isso, todas as mulheres devem incluí-lo em sua rotina de
cuidados com a saúde, que deve começar aos 40 anos para quem não tem casos da
doença na família e aos 35 ou 30 para aquelas que com esse histórico,
principalmente em parentes diretos, como a mãe”, detalha a dra. Letícia. Cada
caso deve ser individualizado pelo médico que acompanha a paciente.
3. Exames hormonais e
avaliação da tireoide
As alterações hormonais
da tireoide são comuns e podem impactar diretamente a qualidade de vida das
mulheres, causando sintomas como fadiga, ganho de peso, oscilações de humor e
dificuldades para engravidar.
A Dra. Dalva Gomes,
explica que a tireoide, glândula responsável pela produção dos hormônios
tireoidianos, pode apresentar disfunções como hipotireoidismo (produção
insuficiente de hormônios) ou hipertireoidismo (produção excessiva). O
hipotireoidismo tem maior prevalência em mulheres, especialmente após os 40
anos.
“Além do fator feminino
e da idade acima de 40 anos, algumas condições aumentam o risco de doenças da
tireoide, como histórico familiar, outras doenças autoimunes e o uso de
medicamentos à base de iodo. O hipotireoidismo pode ser silencioso. Ele se
desenvolve de forma gradual e discreta, o que pode dificultar o reconhecimento
dos sintomas no dia a dia. Por isso, a dosagem de TSH e T4 Livre deve fazer
parte do check-up feminino, principalmente para mulheres no com os fatores de
risco”, destaca a Dra. Dalva Gomes que finaliza ressaltando que outras
alterações comuns como resistência à insulina e diabetes mellitus tipo 2 também
devem ser avaliadas.
4. Densitometria óssea
Fundamental para a detecção da osteoporose e da osteopenia, a
avaliação da saúde óssea deve acontecer em mulheres na menopausa, a partir dos
50 anos mesmo sem menopausa e naquelas que possuem fator de risco, sendo estes:
baixa exposição solar, tabagismo, sedentarismo e consumo excessivo de álcool.
Com esse exame simples, é possível saber se os ossos estão na
melhor forma ou se existe alguma perda de massa, o que pode aumentar o risco de
fraturas. O importante é prevenir, pois existe tratamento eficaz para a perda
de densidade.
5. Check-up
cardiovascular
As doenças
cardiovasculares são a principal causa de morte entre as mulheres no Brasil,
superando até mesmo o câncer, segundo dados do Ministério da Saúde. De acordo
com a Dra. Fernanda Erthal, cardiologista da CDPI, as mulheres apresentam
fatores de risco específicos que aumentam a chance de desenvolver doenças
cardíacas, e entre eles estão a menopausa e a queda hormonal e doenças
autoimunes, assim como algumas complicações na gravidez e que podem aumentar o
risco no futuro. Há também fatores comportamentais, como o uso de
anticoncepcionais combinados ao tabagismo que também podem ter impacto.
“O check-up cardiológico
é recomendado para mulheres sem fatores de risco a partir dos 40 anos. Aquelas
que têm diabetes, hipertensão, colesterol alto, obesidade, são tabagistas ou
possuem histórico familiar de doenças cardiológicas devem conversar com um
especialista para definir a frequência ideal dos exames”, explica a Dra.
Fernanda.
Além dos exames
laboratoriais básicos, como colesterol e glicemia, a especialista destaca a
importância dos exames de imagem na prevenção e diagnóstico das doenças
cardiovasculares. Entre eles, temos o ecocardiograma, que avalia a estrutura e
a função do coração; a tomografia de coronárias, utilizada para identificar
precocemente a aterosclerose coronariana; e o teste ergométrico, que analisa a
resposta do coração ao esforço físico.
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