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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

Violência sexual contra crianças e adolescentes aumenta até 30% no período de carnaval

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 ONG Ficar de Bem alerta para os riscos e reforça a importância da denúncia

 

O carnaval, marcado pela festa e o clima de descontração, também esconde uma realidade alarmante: o aumento da violência sexual contra crianças e adolescentes. Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos mostram que, em 2024, foram registradas mais de 26 mil denúncias de violações de direitos contra o público infantojuvenil, um crescimento de 30% em relação ao mesmo período do ano anterior. Entre os principais casos denunciados estão negligência, maus-tratos e exposição a situações de risco à saúde. 

O relatório também aponta que a maioria dos abusos ocorre dentro da casa da vítima ou do agressor, sendo as crianças de 5, 7 e 10 anos as mais afetadas. São Paulo lidera o número de denúncias, seguido por Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia.

A ONG Ficar de Bem, dedicada à proteção integral de crianças e adolescentes e a defesa de seus direitos, alerta que o período carnavalesco cria condições que favorecem esse tipo de crime, como o consumo excessivo de álcool, a sexualização precoce e a falta de atenção por parte dos responsáveis contribuem para a vulnerabilidade dos menores. “A combinação desses elementos cria um ambiente propício para que abusadores se aproveitem da distração e da falta de supervisão, resultando em um aumento significativo dos casos de violência e importunação sexual”, comenta Lígia Vezzaro Caravieri, gerente técnica institucional da ONG Ficar de Bem

A instituição ressalta que uma das formas de proteger crianças e adolescentes desse tipo de violência é o diálogo aberto. “Muitas vítimas não conseguem reconhecer que estão sofrendo abuso ou têm medo de denunciar. O papel dos responsáveis é estar próximo, conversar sobre consentimento, ensinar que existem toques que não são normais e reforçar que a criança tem o direito de dizer ‘não’ e contar sempre que algo a incomodar”, reforça Lígia.

A ONG ainda alerta para sinais que devem ser levados a sério e investigados com cautela para garantir a segurança e o bem-estar de crianças e adolescentes. “Mudanças de comportamento são frequentemente os primeiros indícios de que algo está acontecendo. Uma criança muito falante pode ficar mais quieta, enquanto outra, antes mais retraída, pode se tornar excessivamente comunicativa. Outras mudanças podem ser a recusa em ir à escola, agressividade, tristeza, regressões comportamentais, como voltar a fazer xixi na cama, uso de expressões adultas ou quando a criança deixa de aceitar toques rotineiros, como abraços, que antes eram comuns”, pontua a especialista. 

Vale destacar que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), no Artigo 70, estabelece que é dever de toda a sociedade prevenir qualquer ameaça ou violação dos direitos das crianças e adolescentes. Ou seja, identificar e denunciar situações de abuso é uma responsabilidade coletiva. 

Denúncias podem ser feitas anonimamente pelo Disque 100, 180 ou 190, que direcionam os casos para os órgãos competentes, como a polícia ou o Ministério Público. Também é possível procurar o Conselho Tutelar ou registrar a ocorrência em delegacias e Promotorias de Justiça. 

Após a denúncia, as vítimas podem receber acompanhamento psicológico, assistência jurídica e atendimento médico, incluindo medidas protetivas e profilaxia contra doenças sexualmente transmissíveis. Nos casos previstos em lei, também há suporte para a interrupção da gravidez.

"Muitas vítimas passam anos sofrendo em silêncio por medo ou por não serem acreditadas. Precisamos criar um ambiente seguro para que elas possam falar e, acima de tudo, garantir que suas vozes sejam ouvidas e suas denúncias levadas a sério. O combate à violência sexual contra crianças e adolescentes começa com informação, prevenção e uma rede de apoio eficiente. Não basta sentir indignação diante desses crimes, é preciso agir. Na Ficar de Bem, trabalhamos para oferecer acolhimento, orientação e suporte às vítimas, além de conscientizar a sociedade sobre a importância de romper o ciclo da violência e proteger a infância”, finaliza Lígia Vezzaro Caravieri, gerente técnica institucional da ONG Ficar de Bem. 


Sobre Ficar de Bem

A ONG Ficar de Bem é uma organização não governamental, sem fins lucrativos e sem vínculos políticos ou religiosos, que há 36 anos defende os direitos e oferece apoio integral a crianças, adolescentes e suas famílias vítimas de violência física, psicológica, sexual e negligência. Fundada em 1988 como CRAMI – Centro Regional de Atenção aos Maus Tratos na Infância do ABCD – pelo pediatra Emílio Jaldin Calderon, a instituição atualmente é presidida pelo empresário Evenson Robles Dotto e conta com núcleos de atuação em Santo André, São Bernardo do Campo e Diadema. Com 18 projetos voltados para prevenção, acolhimento e suporte social, além de coordenar o Bom Prato na região do ABC, a ONG mantém parcerias com o poder público que possibilitam a ampliação e sistematização do atendimento, rompendo ciclos de violência e promovendo relações de cuidado e respeito. Reconhecida por sua transparência e eficiência, a Ficar de Bem possui certificações e prêmios e é declarada Utilidade Pública em níveis municipal, estadual e federal, atuando conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), reafirmando seu compromisso com uma sociedade justa e igualitária. Além disso, a instituição está pelo terceiro ano consecutivo na lista das 100 melhores ONGs do Brasil.

 

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