No mês de conscientização e prevenção ao suicidio, FEBRASGO reforça a importância de identificar e abordar precocemente distúrbios emocionais para garantir o bem-estar da mãe e do recém-nascido
A maternidade é um momento de profundas transformações na vida de
uma mulher, mas para algumas mães, esse período pode ser marcado por uma luta
silenciosa e muitas vezes invisível: a Depressão Pós-Parto (DPP). Essa condição
severa e aguda exige atenção e cuidados especializados, pois seus sintomas
podem afetar significativamente a saúde mental e emocional da mãe, bem como o
desenvolvimento do bebê. No mês dedicado à campanha de conscientização sobre a
saúde mental e prevenção ao suicídio, Setembro Amarelo, é fundamental lembrar
da importância de tratar a DPP, que, se não abordada, pode ter consequências
graves, incluindo a morte.
O Dr. Rômulo Negrini, vice-presidente da Comissão de Assistência ao Abortamento, Parto e Puerpério da Federação das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), explica que, o obstetra tem um papel fundamental na identificação precoce de sintomas de depressão e psicose pós-parto. “Durante as consultas de acompanhamento no puerpério, o médico deve questionar sobre o estado emocional da paciente e observar sinais de alerta. A abordagem cuidadosa e a identificação precoce de possíveis distúrbios emocionais são essenciais para garantir um suporte adequado e promover o bem-estar da mãe e do recém-nascido”, explica.
Entre os sintomas de depressão pós-parto estão tristeza intensa e persistente, falta de interesse nas atividades diárias, fadiga extrema, perda de apetite ou compulsão alimentar, sentimentos de culpa ou inutilidade, dificuldades para estabelecer vínculo com o bebê, ou até pensamentos de auto lesão. Esses sintomas podem surgir em qualquer momento durante o primeiro ano após o parto.
No entanto, durante o período pós-parto, conhecido como puerpério,
é comum que as mulheres experimentam variações de humor, frequentemente
referidas como "baby blues". “Isso ocorre devido às mudanças
hormonais, à privação de sono e à adaptação à nova rotina. Por isso, é
importante distinguir essa tristeza transitória dos sintomas de depressão
pós-parto e psicose pós-parto, que são condições mais graves e que requerem
atenção médica”, afirma.
A diferença entre "Baby Blues" e Depressão Pós-Parto é
significativa tanto em termos de sintomas quanto de intensidade. O "Baby
Blues" é caracterizado por sintomas leves, como tristeza passageira, choro
fácil, irritabilidade, ansiedade, dificuldade para dormir e sensação de
sobrecarga. Esses sintomas costumam surgir entre o 2º e o 5º dia após o parto e
geralmente desaparecem dentro de duas semanas. A intensidade do "Baby
Blues" é moderada; embora possa ser desconfortável, a mulher consegue
geralmente manter os cuidados básicos de si mesma e do bebê. No caso da
Depressão Pós-Parto, os sintomas são mais intensos e o tempo de duração também,
e a gravidade pode interferir significativamente na capacidade da mulher de
cuidar de si mesma e do bebê.
Psicose Pós-Parto
A psicose pós-parto é uma condição rara, porém extremamente grave,
que geralmente se manifesta nas primeiras semanas após o parto. “Os sintomas
incluem alucinações, delírios (frequentemente envolvendo o bebê), paranóia,
agitação, confusão mental e comportamentos erráticos. Em casos extremos, pode
haver pensamentos de machucar o bebê ou a si mesma. Devido à gravidade e ao
potencial de danos severos, a psicose pós-parto é considerada uma emergência
psiquiátrica que exige intervenção imediata para garantir a segurança da mãe e
do bebê”, destacou o médico .
Tratamento
O especialista da FEBRASGO destaca que o tratamento para a Depressão Pós-Parto pode envolver psicoterapia, como a terapia cognitivo-comportamental ou interpessoal, bem como o uso de medicamentos antidepressivos, levando em consideração a segurança para lactantes. Segundo o especialista, o apoio familiar e a participação em grupos de apoio são fundamentais para a recuperação. Por outro lado, a Psicose Pós-Parto exige uma abordagem mais intensiva, incluindo internação hospitalar, uso de antipsicóticos, estabilizadores de humor e antidepressivos, além de terapia intensiva. O suporte contínuo de profissionais de saúde, familiares e amigos é essencial para enfrentar e superar esses desafios durante o período pós-parto.
Prevenção
O Dr. Rômulo Negrini reforça que o cuidado ao longo de toda a gestação e o acompanhamento médico é fundamental para garantir a saúde mental da paciente. Além disso, é importante que durante este período a gestante também possa encontrar um tempo para o autocuidado.
"Recomenda-se manter um sono de qualidade, ter uma alimentação saudável e equilibrada, praticar exercícios físicos, dedicar tempo de qualidade para si mesma, manter pensamentos positivos, evitar o isolamento social e o consumo de cafeína, álcool e outras substâncias. E, caso a paciente sinta algum sintoma de depressão pós-parto, deve agendar seu primeiro check-up pós-natal o mais breve possível após o parto”, finaliza.
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