Infectologista
do HJSC destaca que isolar pacientes é fundamental para prevenir a disseminação
do vírusFreepik
A Organização
Mundial da Saúde (OMS) declarou a mpox, mais conhecida como varíola dos
macacos, emergência de saúde pública após o aumento de casos na República
Democrática do Congo. Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil registrou 709
casos da doença em 2024. Em São Paulo, já são 315 casos confirmados desde o
início desse ano, de acordo com o monitoramento da Secretaria Estadual da Saúde
(SES). Entre janeiro e julho, o número de casos cresceu 257% em relação ao
mesmo período de 2023.
A mpox é causada
pelo mpox vírus (MPXV), pertencente ao gênero Orthopoxvirus e à família
Poxviridae. "Trata-se de uma doença zoonótica, ou seja, transmitida de
animais para seres humanos. O vírus pode ser encontrado em animais como
roedores e primatas, e o contato direto com esses animais ou materiais
contaminados pode levar à infecção em humanos", explica o infectologista
do Hospital Japonês Santa Cruz, Dr. Silvio Bertini.
A transmissão da
mpox ocorre principalmente por contato direto entre pessoas, através da pele,
secreções e fluidos corporais de uma pessoa infectada. O vírus também pode ser
transmitido pelo contato com objetos contaminados, como roupas e utensílios. A
pessoa infectada pode transmitir o vírus desde o início dos sintomas até a
cicatrização completa das erupções.
"O período
entre o primeiro contato com o vírus e o aparecimento dos primeiros sintomas
varia de 3 a 16 dias, podendo chegar a 21 dias. Os sintomas iniciais incluem
febre, dor de cabeça intensa, dores musculares, dores nas costas, linfonodos
inchados (linfadenopatia), calafrios e exaustão. As erupções na pele, que podem
surgir de um a três dias após o início da febre, podem ser planas ou elevadas,
cheias de líquido, e formam crostas que eventualmente caem. Elas costumam se
concentrar no rosto, mãos e pés, mas podem aparecer em qualquer parte do corpo,
incluindo boca, olhos, órgãos genitais e ânus. O número de lesões pode variar
de poucas a milhares", explica o especialista.
Diagnóstico,
tratamento e prevenção
O diagnóstico da
mpox é feito através da análise clínica dos sintomas, principalmente das
erupções cutâneas características, e pode ser confirmado por meio de exames
laboratoriais, como a PCR, que detecta o material genético do vírus. "O
diagnóstico precoce é essencial para o controle da disseminação da doença, pois
permite o isolamento adequado do paciente e a adoção de medidas preventivas
eficazes", afirma Dr. Bertini.
O tratamento da
mpox é sintomático, focando no alívio dos sintomas, como febre e dor, e na
prevenção de complicações secundárias. Em casos graves, podem ser utilizados
antivirais específicos sob orientação médica. "Embora não exista um
tratamento específico para a mpox, o manejo adequado dos sintomas e o suporte
médico são fundamentais para a recuperação do paciente", explica Dr. Bertini.
Ele reforça ainda a importância do isolamento dos infectados: "Isolar o
paciente é crucial para evitar a propagação do vírus."
A prevenção da
mpox inclui evitar o contato com os portadores do vírus e adotar medidas de
higiene rigorosas, como a lavagem frequente das mãos. Além disso, pessoas que
convivem com infectados devem utilizar equipamentos de proteção individual
(EPI) e evitar o contato direto com lesões ou fluidos corporais. "A
conscientização e as práticas preventivas são fundamentais para reduzir o risco
de infecção e controlar a disseminação da mpox", conclui Dr. Bertini.
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