Especialista explica como os óleos essenciais ajudam a controlar as emoções envolvidas na rotina escolar e aponta sete dicas do que “não fazer” para quem está começando a usar esse recurso complementar de saúde
A aromaterapia – técnica milenar que faz uso de óleos essenciais para melhorar a saúde e o bem-estar – tem conquistado cada vez mais adeptos. Quando inalados, estimulam o sistema nervoso (cérebro, medula espinhal e nervos), dando início a uma reação em cadeia de sinais para o cérebro e respostas químicas por todo o corpo. Mas os óleos essenciais também podem ser aplicados durante massagens, desde que devidamente diluídos. Usada com segurança, a aromaterapia pode ajudar crianças a se sentirem mais calmas e inclusive facilitar no processo de adaptação infantil na volta às aulas.
De acordo com o World Therapy Center (Turquia), a adaptação escolar é um passo importante para as crianças se expressarem, fazerem amigos e começarem a aprender. Se esse processo prosseguir de forma saudável e positiva, ele serve como uma pedra fundamental para o desenvolvimento das crianças. Mas, são muitos desafios a serem vencidos. Crianças mais novas podem sofrer com ansiedade por conta do afastamento do lar e precisam de apoio para se ajustar a um novo lugar com novas pessoas. Até mesmo crianças mais velhas passam por estresse ao voltarem para a escola, com uma rotina diferente, mudança no horário de dormir, e até pelo fato de assumirem mais responsabilidades.
Para a aromaterapeuta pediátrica Vanessa Ramalho, os óleos essenciais entram na dinâmica dos “pequenos gestos com grandes resultados”. “O ambiente escolar dos pequenos pode gerar um desequilíbrio nas emoções e intensificar uma queda na imunidade. Impaciência, timidez e agitação estão entre as principais queixas dos pais nesta época em que a criança já poderia estar mais acostumada com a escola – e podem ser tratadas com benjoim, bergamota e laranja doce, respectivamente”.
Mas, na opinião da especialista, para que a aromaterapia seja um recurso eficiente no sentido de melhorar a saúde e o bem-estar de adultos e crianças, é fundamental que o uso dos óleos essenciais seja criterioso e definido mediante um diagnóstico bem elaborado, baseado no máximo de informações possível. “Não basta saber que o óleo essencial de lavanda é um ótimo recurso para tratar ansiedade. É preciso lançar um olhar mais atento para o paciente, descobrir a origem da ansiedade, em que situações ela se acentua, ou ainda na presença de quem. Só assim é possível prescrever um tratamento aromaterapêutico eficiente”.
Para quem está começando a se interessar por esse recurso complementar da saúde, Vanessa Ramalho aponta sete dicas do que “não fazer”:
- “Nunca se deve usar óleos concentrados, não diluídos, diretamente na
pele. A diluição ideal dependerá da finalidade e da relação idade/peso da
criança. Os óleos essenciais costumam ser diluídos em carreadores, que são
óleos vegetais que podem ser aplicados na pele sem causar irritação”.
- “Óleos concentrados não devem ser gotejados diretamente na água do
banho, podendo gerar reações adversas. Vale ressaltar que óleos
concentrados não diluem em água, mas em outros óleos e loções”.
- “Nem toda formulação de blend (combinação de dois ou mais óleos
essenciais) para adultos é indicada para crianças pequenas, principalmente
antes dos sete anos de idade. O óleo de cravo e o de canela, por exemplo,
são muito fortes, podendo sobrecarregar o fígado dos pequenos. O ideal é
recorrer a alternativas eficientes, porém, mais brandas, como o limão
siciliano”.
- “O óleo de hortelã-pimenta, muito utilizado para tratar de
problemas respiratórios, como asma, bronquite, tosse e resfriados, também
é altamente desaconselhado para crianças com menos de sete anos), podendo
aumentar o risco de convulsões. Há alternativas eficientes e menos
agressivas para tratar esses mesmos sintomas”.
- “Não se deve usar somente o critério ‘preço’ ao adquirir um óleo
essencial. É importante comprar de uma fonte confiável, pedir indicações.
O rótulo deve trazer o nome comum da planta e seu nome científico, além de
descrever a parte da planta usada para fazer o óleo, o país de origem e
como o óleo foi extraído”.
- “Não se deve usar óleo essencial todo dia nem o tempo todo, a menos
que isso faça parte de um protocolo prescrito por um especialista, com um
devido fim. Deixar o difusor ligado o dia inteiro não vai acelerar o
tratamento, bem como usar uma loção que contenha lavanda e depois aplicar
um óleo essencial de lavanda não vai potencializar o resultado”.
- “Jamais se deve deixar os frascos de óleo essencial espalhados pela casa. Primeiramente, porque os óleos essenciais podem ser tóxicos se ingeridos acidentalmente por uma criança pequena, ou entrar em contato com os olhos. Além disso, eles devem ser armazenados em um local fresco e seco, longe da luz solar direta”.
Segundo a especialista, que é farmacêutica por formação, o uso da aromaterapia em crianças vem aumentando, na medida em que os pais percebem como os óleos essenciais podem ser úteis para tratar desde picadas de insetos, até aumentar a imunidade contra tosses e resfriados ou ainda controlar as emoções diante dos desafios que a escola apresenta, como atividades em grupo, passeios e provas.
Desde 2018, a aromaterapia, bem como o Reiki, o uso de florais e outras sete terapias complementares foram incorporadas ao Sistema Único de Saúde. Ao todo, o SUS conta com 29 práticas integrativas e complementares (PICs) – o que torna o Brasil uma referência mundial nesse segmento da atenção básica. Segundo o Ministério da Saúde, essas práticas são investimento em prevenção de doenças.
Os
fortes incentivos de crescimento dos setores de hospitalidade e turismo
tornaram a aromaterapia mais acessível aos consumidores regulares. Análise da Market Research Future sobre o mercado global de óleos essenciais indica
um salto de 8,8 bilhões de dólares em 2024 para 15,2 bilhões de dólares em
2032. Nesse período de oito anos, o crescimento anual é estimado em 9,5%,
impulsionado não só pelo uso na fabricação de sabonetes e sprays aromáticos,
mas pela indústria que atende às terapias de saúde complementar.
Fonte: Vanessa Ramalho, farmacêutica e aromaterapeuta
pediátrica.
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