Estudos apontam que a doença é a quinta causa mais comum de mortes relacionadas ao câncer em todo o mundo, diz o oncologista Ivan Moreira, da Oncologia D’Or.
O câncer de pulmão é o quarto tipo de tumor mais recorrente no
Brasil. Projeções do Instituto Nacional do Câncer (Inca)1 dão conta
que 32.560 brasileiros deverão ser diagnosticados com a doença em 2024. A
principal causa da enfermidade é o tabagismo, que está em queda em todo o
mundo. No Brasil, por exemplo, os fumantes com
18 anos ou mais representam 12,6% dos brasileiros. Em 1989, eram 34,8% da
população2. Como os casos de câncer de pulmão não caíram,
acredita-se que essa estabilidade se deve ao crescimento da doença em não
fumantes.
“Se separarmos o câncer de pulmão em tabagistas e não tabagistas, em números, o câncer de pulmão em não tabagistas representa atualmente a quinta causa de mortalidade associada ao câncer no mundo”, afirma o oncologista Ivan Moreira, da Oncologia D’Or.
As mulheres não fumantes são as mais atingidas pela doença.
De acordo com o Centro de Controle de Doenças (CDC)3, dos Estados
Unidos, a doença acomete por ano entre 20 mil e 40 mil pessoas que nunca foram
tabagistas ou fumaram 100 cigarros ao longo da vida. Em 20234, a
enfermidade foi responsável pela morte de mais de 20 mil pessoas, sendo a
oitava principal causa de mortalidade relacionada ao câncer naquele país.
A campanha Agosto Branco é um momento importante para disseminar
informações sobre o câncer de pulmão, inclusive para as pessoas que não fumam.
MULHERES SÃO MAIS ATINGIDAS
As
mulheres que nunca fumaram são duas vezes mais propensas a desenvolver o câncer
de pulmão do que os homens com a mesma condição5 Os fatores de risco
principais são tabagismo passivo (inalação da fumaça do cigarro de outra
pessoa), poluição atmosférica, fatores genéticos, infecções pulmonares de
repetição, doença pulmonar obstrutiva crônica, idade avançada, exposição
ocupacional à radiação (gás randônio) e agentes químicos, como gases e metais
pesados (benzeno, por exemplo) e histórico prévio de radioterapia.
Os
sintomas são iguais para quem fuma ou não: tosse persistente ou com sangue,
falta de ar, chiado no peito, rouquidão, perda de peso inexplicável e crises
repetidas de bronquite ou pneumonia. Nesses casos, o ideal é buscar ajuda
médica o mais breve possível.
Em
geral, o tratamento varia de acordo com o tipo e a extensão da doença, podendo
ser realizado por meio de cirurgia, radioterapia, medicamentos (quimioterapia,
imunoterapia ou terapias-alvo) ou a combinação dessas modalidades.
PREVENÇÃO E
CIGARRO ELETRÔNICO
A principal ação de prevenção do câncer de pulmão consiste em não
fumar, porém, outros fatores devem ter atenção especial, como por exemplo o uso
do cigarro eletrônico chamados popularmente de vape. Não há evidência
científica no momento que associe diretamente esse dispositivo ao
desenvolvimento de câncer de pulmão, talvez por seu uso recente na população.
Mas além de possuírem nicotina em altas concentrações, os vapes contêm
muitas outras substâncias de potencial risco à saúde. “Ele aumenta as chances
de os pacientes fumarem cigarros convencionais e se tornarem dependentes, além
de outras doenças pulmonares”, alerta Ivan Moreira.
Como a poluição atmosférica é uma das causas da doença, políticas
públicas precisam ser criadas para melhorar a qualidade do ar nos grandes
centros urbanos. Trabalhadores expostos a substâncias tóxicas devem usar
equipamentos de proteção individual.
O 1º Consenso Brasileiro para Rastreamento de Câncer de Pulmão
indica que a tomografia do tórax de baixa radiação deve ser realizada
anualmente em pessoas com mais 50 anos, fumantes ou ex-fumantes há menos de 15
anos e com carga tabágica igual ou superior a 20 anos-maço. O cálculo da carga equivale à
multiplicação do número de maços fumados por dia pelo número de anos de
tabagismo. Por exemplo, se uma pessoa fumou 40 cigarros por dia (dois maços)
durante 20 anos, a carga tabágica é de 40 anos-maço (2 X 20).
Oncologia D'Or
Referências
1. Instituto Nacional do Câncer (Inca). Disponível em Link
2. Inca. Disponível em Link
3. Centro de Controle de Doenças. Link.
4. Global Center Observatory (Globocan). Disponível Link
5. Sung, H. et al. Global cancer statistics 2020: Globocan estimates of incidence and mortality worldwide for 36 cancers in 185 countries. CA Cancer J. Clin. 71, 209–249 (2021).
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