Ginecologista Ricardo Bruno explica os principais sintomas e consequências da doença, além de citar quais são os tratamentos indicados
A endometriose é uma doença que, de tempos em tempos, ganha
destaque na mídia devido ao fato de alguma famosa ter desenvolvido.
Recentemente Wanessa comentou, dentro do programa Big Brother Brasil, que
precisou fazer cirurgia em virtude do problema, mas, antes dela, Anitta, Paloma
Duarte, Larissa Manoela e muitas outras já haviam declarado ter a enfermidade.
Isso porque cerca de 10% da população feminina brasileira tem a doença, segundo
dados do Ministério da Saúde.
De uma forma simplificada, a Endometriose é quando o tecido do
endométrio, que reveste a cavidade uterina, está posicionado fora do útero,
podendo atingir vários locais como os ovários, as trompas, a bexiga e os
intestinos. O principal sintoma são as cólicas, que geralmente, ocorrem no
período pré-menstrual, cerca de três ou quatro dias antes da menstruação, e vão
se intensificando a cada ciclo, devido à progressão da doença.
“A endometriose provoca muitas dores na mulher e a tendência é que
elas progridam a cada ciclo, de tal forma que os analgésicos mais fracos
precisem ser substituídos por medicamentos mais fortes, para terem efeito. A
doença impacta tanto a qualidade de vida que muitas mulheres sofrem de
depressão por conta dela”, explica o ginecologista Ricardo Bruno (que é Mestre
e Doutor em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Chefe do
Serviço de Reprodução Humana do Instituto de Ginecologia da UFRJ e Diretor
Médico da Exeltis Brasil).
O especialista também esclarece quais são os tipos de
endometriose. “Essa é uma condição médica crônica que pode ser classificada
como leve, quando as lesões são em menor número ou superficiais, ou profunda,
que é quando já está acometendo órgãos importantes como o reto, a bexiga e o
ureter, sendo que nesse segundo caso a paciente pode, além da cólica, sentir
dores durante a relação sexual”, declara Dr. Ricardo.
Ainda de acordo com o ginecologista, há mais um tipo, que, apesar
de raro, pode acontecer. “Também há a possibilidade da endometriose ser ‘a
distância’, ou seja, quando têm a disseminação da doença, geralmente por via
sanguínea, podendo acometer os olhos, o pulmão, o umbigo… Ou seja, em lugares
distantes do útero, que é o ciclo original do endométrio”, conclui.
Dentre as principais consequências da doença está a infertilidade
ou a dificuldade de engravidar. “Porém, quando a mulher com endometriose deseja
ter filhos, é possível fazer um tratamento por estimulação da ovulação ou técnicas
de inseminação intrauterina. Caso ela já tenha as trompas comprometidas ou
obstruídas, que seria um caso profundo, a principal indicação é a fertilização
in vitro”, explica o doutor. Ele também ressalta que “Por se tratar de uma doença
progressiva, é importante que a paciente engravide o mais rapidamente possível,
para não comprometer tanto os órgãos internos como o útero, as trompas e os
ovários”.
Vale destacar que o diagnóstico de endometriose, normalmente, é
clínico, feito através da observação da cólica menstrual progressiva, sendo que
alguns médicos também podem solicitar exames, como a ressonância nuclear
magnética. “Por isso é sempre indicado que as mulheres façam um acompanhamento
constante com um ginecologista. Com a frequência, o especialista pode
identificar essa doença e diversas outras”, enfatiza Dr. Ricardo.
Já o tratamento principal, tem foco no alívio dos sintomas e na
preservação da fertilidade. “Ele é realizado a partir do uso de contraceptivos
hormonais, que são fundamentais para conter a doença. Porém, é importante
destacar que o uso de anticoncepcionais não leva à cura, mas alivia muito a dor
e reduz o fluxo menstrual. Se for o caso, também pode ser prescrito um método
contraceptivo que interrompa a menstruação”, explica o ginecologista,
esclarecendo que para mulheres com endometriose profunda, também pode ser
recomendada a cirurgia, indicada com o objetivo de reverter um processo de
infertilidade ou para conter os avanços da doença em órgãos importantes.
Para finalizar, o Dr. Ricardo Bruno ressalta que o diagnóstico
precoce é fundamental para reduzir o avanço da endometriose e deixa um recado
para todas as mulheres: “Se você perceber que está tendo cólicas muito fortes,
diferentes do que estava acostumada, é importante procurar assistência médica
para investigar!”.
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