Muitos casos são assintomáticos e
diagnosticados em exames de rotina, e outros passam totalmente despercebidos,
sendo descobertos quando alguma complicação surge de forma aguda.
Cálculo Biliar
É também conhecido tecnicamente como
Colecistopatia calculosa, colelitíase ou, simplesmente, pedras na vesícula
biliar. Antes de entendermos o que é, devemos compreender mais sobre o órgão em
que ela ocorre.
Parte do processo de digestão, a vesícula
biliar é um órgão pequeno, com a forma de uma bexiga murcha,
localizado abaixo do fígado, na parte superior direita do abdome. Ela armazena
e concentra a bile - substância produzida pelo fígado, responsável pela
digestão, principalmente de gorduras no intestino. A bile é composta por vários
elementos, entre eles o colesterol, um dos responsáveis por grande parte da
formação de cálculos (pedras).
Os cálculos biliares são depósitos de
material sólido (em sua maioria cristais de colesterol) e podem variar de
quantidade e tamanho, o que causa diferentes sintomas ou complicações, sendo as
principais: a inflamação aguda da vesícula biliar (Colecistite aguda); e a
migração das pedras pelos ductos biliares e consequente inflamação aguda do
pâncreas (Pancreatite aguda). Tais complicações são emergenciais e necessitam
de cuidados médicos imediatos.
Estima-se que 30 a 50% das pessoas com
diagnóstico de colelitíase poderão ter complicações, caso não sejam tratadas
adequadamente.
Causas e fatores de risco
As causas da formação de pedras na vesícula ainda não
são totalmente esclarecidas. Dentre os fatores que podem aumentar o risco de se
tê-las destacamos: ser do sexo feminino; ter mais de 60 anos; sobrepeso e
obesidade; gravidez; histórico familiar de pedras na vesícula; diabetes;
elevação do LDL (colesterol ruim) e diminuição do HDL (colesterol bom);
hipertensão arterial; perda de peso rápida; dieta rica em gorduras e açúcares;
tabagismo; sedentarismo; uso prolongado de anticoncepcionais e uso de
medicamentos que contêm estrógeno.
Mas é importante ressaltar que o
diagnóstico não ocorre exclusivamente em pessoas com os fatores mencionados
acima, elas apenas possuem um risco maior. Mesmo quem possui bons hábitos
alimentares, saudáveis e sem outros problemas de saúde também podem sofrer
desta patologia.
Sintomas e
diagnóstico
Os cálculos biliares podem permanecer
assintomáticos por muito tempo. Quando são sintomáticos, podem causar desde um
leve desconforto abdominal e intolerância a alimentos gordurosos, até dores de
forte intensidade no lado superior direito do abdome (que podem irradiar para
as costas), náuseas, vômitos, febre e icterícia (pele e olhos amarelados).
Em caso de suspeita, o diagnóstico pode
ser feito por meio do exame de ultrassonografia abdominal. Em casos raros de
microlitíase, ou seja, pedras muito pequenas, pode ser necessária a realização
de um ultrassom por endoscopia (ecoendoscopia).
Tratamento
O tratamento preconizado e definitivo é
a cirurgia para a remoção da vesícula biliar (colecistectomia). Mesmo nos casos
assintomáticos ela é indicada para prevenir sintomas ou complicações, como a
pancreatite. O procedimento é realizado por meio de métodos minimamente
invasivos (laparoscópica ou robótica) e requer poucos dias de internação
hospitalar. O método é seguro e a recuperação costuma ser rápida, com o retorno
às atividades profissionais e físicas poucos dias após o procedimento.
E a vida sem a
vesícula biliar?
O corpo humano é capaz de se adaptar
bem à retirada da vesícula biliar. Nos primeiros dias, após a remoção, é
recomendável uma dieta com pouca gordura e balanceada. Contudo, a grande
maioria das pessoas leva uma vida normal após a cirurgia, sem nenhum prejuízo à
saúde e sem a necessidade de nenhum tipo de tratamento ou reposição
específicos.
Dr. Samuel Okazaki - ingressou no curso de medicina da UNIFESP em
1999. Desde o início esteve engajado com atividades ligadas à cirurgia geral e
do aparelho digestivo. Fez residência médica em Cirurgia Geral e Cirurgia do
Aparelho Digestivo na UNIFESP, da qual ainda é médico assistente da disciplina
de Gastrocirurgia. É especializado em cirurgia minimamente invasiva --
Laparoscopia e em cirurgia robótica através da Intuitive Surgical -- da Vinci
Surgical System. Atualmente, faz parte do corpo clínico dos hospitais Israelita
Albert Einstein, Vila Nova Star, São Luiz entre outros renomados, atuando não
só na parte assistencial, mas também em grupos científicos de tais
instituições.
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