Você é feliz em seu trabalho? Para 72% dos
brasileiros, a profissão atual não lhes traz satisfação, relatando o desejo de
buscar um cargo que traga mais valor para sua vida, segundo dados da pesquisa
Isma Brasil. Tendo que decidir qual profissão escolher sendo ainda tão jovem,
não são os raros os casos de quem se frustra com a escolha – acendendo um
alerta importante para a necessidade de revermos questões centrais sobre nosso
modelo de carreira.
Muitos jovens se sentem pressionados a decidir qual
profissão seguir, principalmente durante o ensino médio. De fato, alguns já
demonstram interesse genuíno em determinada área – em muitos casos, baseados em
históricos de seus próprios familiares. Mas, em sua grande maioria, a pressão
por escolher o caminho a seguir com tão pouca idade pode ser indício de grande
frustração futura.
Somado a isso, quando comparado com exemplos
internacionais, percebemos que o modelo educacional brasileiro – incluindo o
nível universitário – explora pouco as verticais profissionalizantes. Ao invés
de trazerem em sua grade conteúdos que evidenciem, ao máximo, a rotina de cada
profissão, focam em materiais didáticos, que não unem a teoria à prática.
Diante de mundos distantes, que não convergem, as empresas passam a ter cada
vez mais dificuldade para encontrar profissionais preparados para lidar com as
responsabilidades diárias.
Como resultado inevitável dessa disparidade, mais
da metade dos brasileiros desejam trocar de carreira. Em meio a um sistema
fortemente generalista e pouco incentivador à experimentação, o melhor jeito de
reduzir, ao máximo, decisões equivocadas que gerem frustrações profissionais, é
iniciando desde cedo um processo profundo de autoconhecimento.
Cada pessoa possui seu próprio tempo de descoberta
e compreensão do que gosta e deseja para seu futuro. E, ao invés de exigir essa
resposta antes dos 18 anos, o mundo ideal seria aquele que estimulasse as
tentativas, minimizando o peso dos erros e buscando compreender, ao menos, o
básico de informações das áreas que lhe chamam mais atenção para, a partir
disso, reduzir as chances de selecionar aquela que não vai lhe trazer
satisfação. Muito além de descobrir o que aprecia, é preciso identificar aquilo
que não gosta.
Toda construção de carreira depende de um conjunto
de fatores baseados no quanto nos conhecemos. Quanto maior for a compreensão
acerca de suas habilidades, preferências e limitações, mais claro será o
entendimento sobre a jornada a ser percorrida. Para aqueles que já são
experientes e desejam mudar sua área de atuação, o caminho poderá ser ainda
mais desafiador – mas, não deve ser encarado como motivo de desistência.
Afinal, o brilho nos olhos é uma característica que poucos currículos superam.
As relações de trabalho estão mudando em alta
velocidade. Em substituição aos salários elevados, os valores e propósitos dos
cargos serão alguns dos pontos mais decisivos para os profissionais. Diante de
mudanças inegáveis, aqueles que se focarem em aprimorar o conhecimento sobre si
próprios, suas ambições e sua visão de negócios, certamente terão mais chance
de se satisfazerem profissionalmente, com riscos reduzidos de tomarem decisões
equivocadas.
Fernando Poziomczyk - sócio da Wide, consultoria boutique de recrutamento e seleção.
Wide
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