Saiba mais sobre o retinoblastoma, tipo de câncer ocular que mais afeta
crianças
Sintomas são discretos no início, razão pela
qual profissionais devem estar atentos; diagnóstico precoce eleva chances de
cura para mais de 90%
Neste domingo, 10 de julho, é celebrado o Dia da Saúde Ocular. A Sociedade Brasileira de Oncologia
Pediátrica (SOBOPE) reforça que muitas doenças possuem seu primeiro sinal nos
olhos, incluindo o retinoblastoma, tumor maligno ocular mais frequente durante
a infância.
O retinoblastoma é originário das células da retina e pode comprometer um ou ambos os olhos, afetando principalmente crianças menores de 5 anos de idade. Segundo dados da literatura médica, trata-se do câncer ocular mais comum no público infantil, correspondendo de 2 a 3% dos cânceres infantis.
Segundo Neviçolino Carvalho, presidente da SOBOPE, o paciente apresenta poucos sinais ou sintomas nos estágios iniciais da doença: "É um grande desafio para os profissionais de saúde da atenção básica fazer a suspeita do diagnóstico. Portanto, quanto mais informação sobre a doença, mais eles podem ficar alerta e valorizar queixas trazidas pelos pais nas consultas de rotina ou em serviços de urgência”.
O principal sinal de retinoblastoma é o reflexo do olho de gato, que é o aspecto esbranquiçado que se vê através da pupila, chamado leucocoria. Em fotos com flash pode-se notar a leucocoria em um ou ambos os olhos. O segundo sinal é o estrabismo, quando a criança tem um desvio no olhar. “Na maioria dos casos, quando os sinais são notados, o tumor já tem um tamanho considerável”, alerta Carvalho.
Caso a criança apresente estes indicativos, é fundamental direcioná-la para centros especializados, onde ela poderá ser avaliada por oftalmologistas e oncologistas pediátricos. As chances de cura são superiores a 90% quando o diagnóstico ocorre precocemente. Segundo a Organização Mundial da Saúde, este índice cai para 30% quando a doença é descoberta tardiamente e a lesão já está avançada.
"O diagnóstico precoce é um
desafio no mundo inteiro, não só no Brasil. O exame 'Teste do Reflexo
Vermelho', que é feito na maternidade e depois nas consultas com o pediatra até
os 5 anos representa um diferencial na avaliação de rotina e não deve ser
negligenciado. Há também recomendações de que essas crianças passem por
consultas com oftalmologistas de forma regular", afirma.
Tratamento
dinâmico
Neviçolino Carvalho pontua que, primordialmente, garantir a vida é o mais importante no tratamento do retinoblastoma, ainda que em alguns casos a enucleação (remoção cirúrgica) seja a melhor conduta, diminuindo assim o risco de disseminação da doença para sítios extraoculares, como ossos, medula óssea, fígado e sistema nervoso central. Além da cura, preservar a visão e o globo ocular da criança são objetivos nobres.
“Para isso, o mais recomendado
atualmente é a quimioterapia intra-arterial associada a outras modalidades de
procedimento local (laser, crioterapia e outros), orientada pelo trabalho
conjunto do oncologista pediátrico e oftalmologista. O tratamento do
retinoblastoma é complexo e dinâmico, deve ser realizado em centros especializados
devidamente equipados e com profissionais com expertise no manejo terapêutico e
de suas complicações", conclui o presidente da SOBOPE.
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