Mais de 3% da população acima dos 18 anos no Brasil usa o cigarro eletrônico Créditos: Envato |
Usar um dispositivo desse com 3% a 5% de nicotina equivale a fumar de dez a 15 cigarros por dia, aumentando risco de infarto e doenças pulmonares
Mais de 3% da população acima dos 18 anos no Brasil
faz uso diário ou ocasional de cigarro eletrônico, aponta pesquisa realizada
pelo Datafolha. Mesmo com a comercialização proibida desde 2009 no país, o
dispositivo é facilmente adquirido em tabacarias, lojas de conveniência,
supermercados e sites, o que preocupa autoridades de saúde.
Ao contrário do que alguns acreditam, o cigarro
eletrônico não é inofensivo. Já foi apontado, inclusive, como causa de um novo
tipo de doença pulmonar, conhecida pela sigla EVALI (do inglês vaping
associated lung injury), e relacionado a várias mortes. O
cardiologista Paulo Negreiros, do Hospital Marcelino Champagnat, alerta que
mesmo com índice menor de lesões que o cigarro comum, o vape - como é conhecido
- pode causar lesões sérias no pulmão e ainda, levar ao infarto. “Por
causar uma inflamação, o cigarro eletrônico pode ser um indutor de infartos e,
por isso, dores torácicas devem sempre estar no radar de quem fuma”.
Perigo para jovens
“Além das questões pulmonares e cardiológicas, o
dispositivo acaba abrindo uma porta para outros tipos de dependência química,
principalmente para os adolescentes”, complementa a pneumologista Orjana
Freitas.
Seu funcionamento consiste no aquecimento de um
líquido - a uma temperatura aproximada de 300°C - que se transforma em vapor e
é tragado. Geralmente, a composição contém glicol, glicerina e outras
substâncias naturais e sintéticas que dão o sabor, que muitas vezes remetem à
infância como o de algodão doce, chiclete, morango e chocolate. Isso,
inclusive, é um dos atrativos que faz com que cada vez mais jovens façam uso do
dispositivo.
Riscos cardiovasculares
No organismo, o cigarro eletrônico gera partículas
ultrafinas que ultrapassam as barreiras dos alvéolos pulmonares e chegam à
corrente sanguínea, fazendo o corpo reagir como se fosse uma inflamação. Além
de problemas bucais, também estão associados ao uso do vape a falta de ar, a
tosse e a expectoração sanguínea que podem evoluir para uma insuficiência
respiratória e até infarto. Pesquisas apontam, inclusive, que países que
liberaram a comercialização do cigarro eletrônico registraram aumento de
eventos cardiovasculares em pessoas com menos de 50 anos.
Relatório divulgado pela Organização Mundial da
Saúde (OMS) aponta que 84 países não contam com medidas contra a proliferação
da comercialização desse tipo de produto. Ainda segundo o estudo, outros 32
países proíbem a venda dos aparelhos e 79 adotaram pelo menos uma medida para
limitar o uso, como a proibição da propaganda, por exemplo.
“O ideal é que as pessoas nem
iniciem o uso do cigarro eletrônico, porém quando percebem qualquer sintoma de
dependência, é fundamental buscar tratamento para tal condição e evitar mais
problemas futuros”, enfatiza a pneumologista.
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