Condição tem componente genético importante e está ligada à miopia leve a moderada
O glaucoma não é uma doença da terceira idade. Na verdade, a condição
pode afetar bebês, crianças, jovens, adultos e idosos. O que muda de uma faixa
etária para a outra é a causa da patologia.
Pouco conhecido, o glaucoma secundário pigmentar é relativamente comum entre
homens jovens, com grau leve ou moderado de miopia. A causa é a liberação de
pigmentos da íris que se acumulam e atrapalham a drenagem do humor aquoso. A
partir disso, a pressão intraocular aumenta danificando o nervo óptico.
Segundo a oftalmologista Dra. Maria Beatriz Guerios, a íris é a
parte colorida dos olhos. Esse colorido depende de pigmentos, que são
substâncias que conferem cor aos tecidos e células do corpo humano.
“Algumas pessoas desenvolvem uma condição chamada de síndrome de dispersão
pigmentar, que como o próprio nome diz, libera pigmentos da íris que se
acumulam em partes do olho que são fundamentais para drenagem do humor aquoso,
o líquido que preenche o globo ocular”.
O resultado desse acúmulo é o aumento da pressão intraocular, principal fator
de risco para o glaucoma. O desequilíbrio da PIO causa lesões irreversíveis no
nervo óptico, que levam à perda visual.
Miopia leve é fator de risco
A síndrome de dispersão pigmentar é relativamente comum entre homens jovens e
míopes. A prevalência é de 2,5% da população em geral. Uma das hipóteses é que
a síndrome está ligada a um formato mais côncavo da íris. Isso, por sua vez, causa
fricção do local em que se encontram os pigmentos, causando a liberação dos
pigmentos.
“O principal fator de risco para desenvolver o glaucoma pigmentar é ter o
diagnóstico da síndrome de dispersão pigmentar. Estima-se que o risco de
desenvolver o glaucoma pigmentar nessa população é de 10% após 5 anos do
diagnóstico e esse risco aumenta com o passar dos anos, podem chegar a 50%”,
comenta Dra. Maria Beatriz.
Sem sinais
Infelizmente, o glaucoma é uma doença silenciosa. Isso quer dizer que não há
sintomas nas fases iniciais. “Infelizmente, quando a pessoa percebe algum tipo
de perda na acuidade visual, o glaucoma já está instalado. Daí a importância de
consultas regulares com o oftalmologista.
“No caso do glaucoma pigmentar, é importante descobrir se há histórico familiar
da doença. Outra recomendação é que o grupo de risco – homens jovens com miopia
– se submetam com mais frequência aos exames oftalmológicos de rotina. A partir
disso, o oftalmologista pode avaliar se há indícios de uma possível dispersão
pigmentar, por exemplo”, ressalta a médica.
Tratamentos podem impedir perda visual
Felizmente, o glaucoma é uma doença que pode ser controlada. A perda completa
da visão ocorre em 5% dos casos em geral, mas pode variar de acordo com a fase
da doença no momento do diagnóstico.
“O glaucoma pigmentar é tratado, preferencialmente, com cirurgias a laser, como
a iridotomia e a trabeculoplastia. Em todos os tratamentos, o objetivo é
controlar a pressão intraocular para impedir os danos no nervo óptico”, finaliza
a médica.
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