O tratamento acabou, não deu certo, o paciente desistiu ou o remédio venceu. Seja qual for o motivo, boa parte daquela "farmacinha" caseira que muitos brasileiros continuam mantendo como hábito acaba tendo que ir para o lixo. E os números, somados, assustam. Anualmente, mais de 28 mil toneladas de medicamentos são literalmente jogados fora, segundo dados da Anvisa.
Em um país onde cada habitante produz cerca de 1 kg de rejeitos por dia, essa é apenas a primeira das questões (e vamos voltar a ela), se considerarmos o impacto que o depósito dessas medicações em local inapropriado pode causar ao meio ambiente. Não é incomum que xaropes sejam despejados na pia e comprimidos, na lata do lixo.
E qual é o risco disso? São muitos.
Mesmo aquele inocente comprimido para dor de cabeça – vendido sem receita
médica – é composto por substâncias químicas que, individualmente ou
combinadas, têm efeitos curativos, paliativos ou de diagnóstico. Fruto de muita
pesquisa, ensaios clínicos e exaustivos testes em laboratórios, são seguros e
indispensáveis para curar, tratar e prevenir doenças.
Se descartados na natureza, vão contaminar o solo e os lençóis freáticos, e
afetar os peixes e outros organismos vivos. Em cadeia, colocam em risco também
pessoas que consomem a água ou se alimentam dos animais contaminados. E, claro,
podem prejudicar diretamente aqueles que lidam diretamente com os dejetos, como
catadores e garis.
Em 2020, o governo federal criou um programa de logística reversa que obriga a
instalação de pontos de coleta em farmácias para destinação correta de
medicamentos.
Certamente um avanço, mas com pouco impacto sobre o volume de lixo
medicamentoso, para voltarmos à primeira das questões que tratamos neste texto.
O problema do descarte passa, sim, pelo desencontro entre a quantidade de
medicamento prescrito para o tratamento e a quantidade que vai ser comprada,
por força da oferta. Vamos dar um exemplo: se você precisa tomar oito
comprimidos, mas só encontra uma caixa com dez, terá dois candidatos a descarte
inadequado.
Se formos listar quatro boas práticas para o descarte correto de medicamentos,
a primeira da lista seria:
Opte por medicamentos manipulados. A manipulação contribui para evitar o
desperdício, ao produzir exatamente a quantidade de remédios suficiente para o
tratamento. Nem mais, nem menos.
É claro que as mudanças não ocorrem do dia para a noite. Nós do Grupo
Artesanal, há 40 anos, nos preocupamos com esse tema, pensando não só como
negócio, mas na qualidade de vida de nossos clientes e no avanço das questões
ambientais na sociedade como um todo. Muito antes de ESG se tornar uma sigla
tão conhecida e de haver uma legislação regulamentando o tema, já tínhamos em
nossa rede pontos de coleta para descarte de medicamentos, instalados em mais
de 70 unidades.
Desde 2012, já coletamos mais de 19 toneladas de medicamentos, que foram
encaminhados para incineração a uma temperatura de 3 mil graus Celsius.
Completando a lista iniciada acima, orientamos os nossos clientes sobre o
descarte correto.
Não jogue os remédios vencidos no lixo comum. Separe uma sacola de descarte só
para eles.
Leve os medicamentos vencidos até o ponto de
descarte mais próximo.
Use remédios de forma racional, sem exageros, sem automedicação e não interrompa o tratamento por conta própria. Exija de seu médico uma prescrição completa e coerente, sem desperdícios.
Nesta Semana Mundial do Meio Ambiente, dois anos após uma das maiores crises
sanitárias já enfrentadas pela humanidade, temos que reafirmar nosso
compromisso e nosso propósito com todas essas questões. E apoiar nossos
clientes em todos os momentos do tratamento, para que seu plano terapêutico
seja seguido à risca e sem abandono. Uma garantia certeira de redução na
quantidade de resíduos.
Walkiria
Tokarski Vêncio - diretora de Compliance e de Produção da Farmácia Artesanal
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