Com maior
incidência após os 50 anos, neoplasia é o sétimo tipo de tumor mais comum no
público feminino. Oncologista explica por que pode acontecer, tipos e como
identificar
Considerado o sétimo tipo de tumor mais comum entre
as mulheres, o câncer de ovário merece atenção. De acordo com o Instituto
Nacional do Câncer (INCA), é estimado que no triênio 2020-2022 sejam
diagnosticados 6.650 novos casos da neoplasia ao ano. Quanto ao número de óbitos,
o Atlas de Mortalidade por Câncer de 2020 apontou 3.921 mortes no período.
Quando não tratado em estágio inicial, o câncer de
ovário pode evoluir rapidamente e costuma ser assintomático. No entanto, quando
existem sinais da doença, são bastante discretos, podendo dificultar o
diagnóstico.
“A neoplasia possui uma maior incidência em
mulheres acima de 50 anos. Na grande maioria dos casos, não é possível que os
fatores de risco sejam identificados previamente, tornando este tipo de câncer
agressivo", comenta a Dra. Marcela Bonalumi, oncologista da Oncoclínicas
São Paulo.
Tipos de câncer de ovário
Ao todo, é estimado que existam cerca de 30 tipos
de câncer de ovário, podendo ser denominados a partir de suas células de
origem.
"Em 95% dos casos, o câncer de ovário é
derivado das células epiteliais, que revestem o ovário. Já os outros 5% são das
células germinativas, que formam os óvulos, e também das estromais,
responsáveis por produzir grande parte dos hormônios femininos", comenta a
oncologista.
Vale lembrar ainda que o câncer de ovário é o
segundo tipo de câncer ginecológico mais comum em mulheres, ficando atrás
somente do câncer de colo de útero. Os três principais grupos da neoplasia são:
- Carcinoma
epitelial de ovário --
vem da superfície do ovário (o epitélio) e é o subtipo mais comum. O
câncer de tuba uterina e o câncer primário do peritônio estão incluídos
neste grupo;
- Carcinoma
de células germinativas de ovário -- origina-se nas células reprodutivas ou germinativas dos ovários,
ou seja, aquelas que dão origem aos óvulos;
- Carcinoma
de células estromais de ovário -- forma-se nas células do tecido conjuntivo.
Há também o carcinoma de pequenas células
hipercalcêmico do ovário, que não se enquadra nos três grupos acima e é extremamente
raro. Ainda não foi identificado em que tipo de células ele se origina.
Sintomas e sinais do câncer de ovário
O câncer de ovário é uma doença silenciosa e em
seus estágios iniciais não costuma apresentar sintomas específicos. À medida
que o tumor cresce, pode causar:
- Inchaço no abdômen;
- Dor no abdômen;
- Dores na região pélvica, nas costas ou nas
pernas;
- Náuseas;
- Indigestão;
- Gases;
- Funcionamento anormal do intestino (prisão de
ventre ou diarreia);
- Fadiga constante;
- Perda de apetite e de peso sem razão aparente;
- Sangramento vaginal anormal, especialmente
depois da menopausa;
- Aumento na frequência e/ou na urgência de
urinar.
Por que o tumor pode acontecer?
"Não se tem um motivo ao certo, mas existem
alguns fatores de risco que podem colaborar para o surgimento do câncer de
ovário. Dentre eles, é possível citar: a obesidade, sedentarismo, tabagismo,
endometriose, idade maior a 50 anos, fatores hormonais (menarca precoce ou
menopausa tardia), histórico familiar, mutações em genes BRCA1 e BRCA2, fatores
reprodutivos (mulheres que não tiveram filhos possuem um risco aumentado de
desenvolver a doença), entre outros", comenta a oncologista da
Oncoclínicas São Paulo.
Alguns estudos sugerem que o uso de pílula
anticoncepcional pode ser adotado como método preventivo, pois o número
excessivo de ovulações tende a levar ao aparecimento de tumores. "A partir
dos resultados, foi possível analisar que o medicamento diminuiu em até 33% o
risco de câncer de ovário, seguido por 34% no de endométrio e 19% no de
intestino", explica.
Diagnóstico
Infelizmente, até o momento não existe um exame
específico que possa detectar o câncer de ovário, assim como o Papanicolau para
o câncer de colo de útero ou a mamografia para o câncer de mama.
"Os sintomas da neoplasia podem ser facilmente
confundidos com outras doenças. Por isso, caso qualquer um deles apareça, é
muito importante procurar ajuda médica o mais rápido possível", comenta a
oncologista.
A partir disso, o médico pode solicitar exames
clínicos ginecológicos, laboratoriais e também de imagem, para identificar a
presença de ascite ou acúmulo de líquidos, além da extensão da doença em
mulheres com suspeita de disseminação intra-abdominal. Se houver suspeita de
câncer de ovário, é necessário uma avaliação cirúrgica.
Vale lembrar que pode ser realizado também um raio
x ou tomografia computadorizada do tórax, com o intuito de analisar derrame
pleural, metástases pulmonares ou ainda quaisquer outras alterações.
Tratamento
Apesar do câncer de ovário ser o tumor ginecológico
de maior índice de óbito no mundo, quando diagnosticado precocemente, as
chances de cura podem aumentar. "O tratamento irá depender do tipo de
estágio do câncer de ovário. Além disso, deve-se levar em conta os desejos da
paciente, ou seja, se há a vontade de ter filhos. A partir disso, a cirurgia é
o principal tratamento, mas pode significar a retirada unilateral ou bilateral
dos ovários. Já no caso da quimioterapia, ela pode ser realizada antes ou
depois da cirurgia", comenta a Dra. Marcela Bonalumi.
Por isso, a oncologista aconselha que a decisão
sempre seja tomada junto com o especialista. "O melhor método é aquele com
o objetivo de salvar a vida da paciente, mas sem perder de vista os sonhos
futuros. Contudo, devemos realizar uma abordagem personalizada para cada caso,
pensando não só nas questões físicas, mas também nas emocionais durante todo o
processo", finaliza.
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