O mês de novembro é dedicado à sensibilização para
a prematuridadeFoto: Laura Garcia
O parto de emergência de
Ana Luísa ocorreu na 33ª semana de gestação, quando a professora apresentou
sangramento e recebeu o diagnóstico de trombose placentária e de restrição de
placenta (quadro em que a placenta não se desenvolve devidamente fazendo com
que o feto não receba a quantidade de nutrientes necessária para o devido
desenvolvimento). Mãe de primeira viagem, a professora deu à luz a Ester durante
a madrugada após horas de monitoramento. A bebê, que nasceu pesando pouco mais
de 1 Kg, foi imediatamente encaminhada para o Centro de Terapia Intensiva
Neonatal da Maternidade Brasília (CETIN), onde permaneceu por 49 dias, 4 deles
entubada.
A passagem da pequena
Ester pela UTI neonatal foi marcada por altos e baixos. Em alguns momentos
apresentava melhoras importantes e em outros precisava de monitoramento por
conta de um derrame no pericárdio e quadros de apneia. “Esses dias foram
difíceis e frustrantes. Em alguns momentos ela estava bem e só estávamos
esperando que ela ganhasse peso o suficiente para receber alta, em outros
ficávamos tensos devido ao quadro de dificuldades respiratórias”, relata a mãe
que saia todos os dias de sua casa no Gama para acompanhar o desenvolvimento da
filha.
Depois de receber alta
da UTI, a criança precisou passar mais uma semana internada pois os médicos
queriam garantir o ganho de peso antes de Ester e a família poderem finalmente
ir para casa. “O dia em que ela foi liberada foi o mais feliz do ano. Meu
marido, Ester e eu fomos recebidos com festa em casa. Ela é a primeira neta, a
família toda estava ansiosa para conhecê-la e muito feliz por ela estar em
casa”, conta Ana Luísa.
Hoje, com cinco meses e
já tendo o alcançado o desenvolvimento motor adequado para a idade, Ester já
recebeu alta de parte dos especialistas que a acompanharam. “Ainda falta o
cardiologista e ela ainda precisa fazer a estimulação precoce. Mas já podemos
ver nossa filha se desenvolver saudável e ativa e isso é o que mais importa”,
finaliza a mãe.
Daniel veio ao mundo com
25 semanas de gestação pesando 810g. Sua mãe, a servidora pública Angela de
Jesus, desenvolveu complicações por conta de uma infecção urinária que, sem
manifestar sintomas, chegou a atingir a placenta e adiantou em várias semanas
os sinais de parto.
Foram 97 dias na UTI
neonatal, desses, mais de 40 entubado. O que só permitiu que a mãe segurasse o
filho nos braços pela primeira vez 44 dias após o parto. “Eu ia todos os dias
acompanhá-lo, tirar o leite para ele e para os outros bebês internados que
precisavam. Era angustiante não poder segurar meu filho, sentir o cheirinho
dele”, emociona-se a servidora pública.
Angela relata que o
período de internação foi marcado por apreensão e angústia. Além de todos os
desafios, Daniel desenvolveu infecção e precisou passar por uma cirurgia nos
olhos por conta de uma retinopatia – problema visual muito comum em bebês
prematuros, que ocorre devido ao reduzido grau de desenvolvimento dos olhos.
Mas ela não foi a única a sofrer em casa, o filho mais velho, de cinco anos não
pode visitar o irmão por conta das restrições causadas pela pandemia da
covid-19.
Hoje, com 1 ano e cinco
meses, Daniel é uma criança ativa e saudável. Ainda realiza
acompanhamento com uma equipe multidisciplinar para alcançar o desenvolvimento
adequado para a idade, mas já está em casa aos cuidados dos pais e recebendo o
carinho do irmão mais velho.
Novembro Roxo: o mês da prematuridade
No mês de novembro,
comemora-se o Dia Mundial da Prematuridade, que é lembrado no dia 17. A
campanha tem o objetivo de despertar para a realidade da prematuridade no
Brasil: um em cada dez bebês nascem nessa condição. A prematuridade é um
problema de saúde que se caracteriza pelo nascimento pré-termo, também
conhecido como prematuro, que é quando o bebê nasce antes da 37ª semana de
gestação (com menos de 259 dias). A condição da prematuridade é grave e é a
principal causa de morbidade e mortalidade neonatal, por isso requer muita
atenção e cuidado especializado.
Os motivos que levam ao
nascimento de bebês prematuros são diversos. Por causa de vários fatores de
risco, em algumas situações é difícil identificar o motivo exato do problema.
No entanto, existem muitas condições que podem contribuir para o quadro, entre
elas estão falta de cuidado pré-natal, diabetes, infecções urinárias,
obesidade, gravidez gemelar, alcoolismo, tabagismo e hipertensão.
A coordenadora da UTI
Neonatal da Maternidade Brasília, Ana Amélia Meneses, explica que, entre as
causas de prematuridade, algumas podem ser tratadas, como a infecção urinária
materna, controle do diabetes e da hipertensão. “Em alguns casos, apesar de um
pré-natal bem-feito, não é possível controlar a glicemia e a hipertensão e, em
razão do risco que a mãe corre com essas alterações, é indicada a interrupção
da gestação antes da hora, com o nascimento do bebê prematuro. O descolamento
de placenta é uma emergência obstétrica, com indicação de interrupção imediata
da gestação”, diz a médica.
A Dra. Ana Amélia orienta
também que a principal forma de diminuir os riscos de ter um filho prematuro é
fazer um bom acompanhamento médico durante o pré-natal. “É fundamental a
avaliação de um profissional de confiança para que as dúvidas sejam respondidas
e as mudanças comuns da gestação sejam compreendidas. Além disso, a adoção de
um estilo de vida saudável também é recomendada durante esse período. O
pré-natal deve começar cedo, logo após a confirmação da gravidez, para que consultas
e exames sejam feitos e o médico possa acompanhar bem de perto a gestante, bem
como todo o desenvolvimento do bebê, para evitar riscos de complicações e
prevenir o nascimento prematuro”, finaliza a médica.
Dasa
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