Pioneiro no tratamento oncológico infantojuvenil no Paraná, Pequeno Príncipe realizou levantamento com seus pacientes entre 1998 e 2017
Há um ano Julio foi diagnosticado com câncer e tem reagido bem ao tratamento.
Foto: Camila Hampf/Hospital Pequeno Príncipe |
“Meu filho
sempre foi saudável, mas em um certo dia começou a sentir muita dor de cabeça e
a ter vômitos. Levamos ao posto de saúde e no primeiro momento a suspeita era
de COVID-19, que não se confirmou”, conta a mãe de Julio, de 12 anos, Liani
Márcia Dessbesell. Entre os primeiros sinais de que algo não estava bem até o
diagnóstico de câncer no sistema nervoso foram aproximadamente 20 dias.
O
diagnóstico precoce faz toda a diferença no sucesso do tratamento do câncer
infantojuvenil, primeira causa de morte entre crianças e adolescentes (de 0 a
19 anos) no Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA). Se
diagnosticado precocemente, cerca de 80% dos casos de câncer alcançam a cura.
Mas
infelizmente, a grande maioria dos pacientes chega ao Hospital Pequeno
Príncipe, que há mais de cinco décadas é referência no tratamento
oncológico para crianças e adolescentes de todo o país, com a doença mais
avançada. Um estudo feito pela instituição que englobou dados de pacientes
atendidos entre os anos de 1998 e 2017 mostrou que 57,6% deu entrada com câncer
em nível já avançado. Apenas 8,8% chegaram com o primeiro estágio da doença, e
33,5%, com o segundo.
Julio foi
encaminhado para o Hospital Pequeno Príncipe e teve o diagnóstico realizado de
maneira precoce, fazendo parte dos 8,8% dos pacientes que descobrem a doença no
primeiro estágio. A rapidez entre o primeiro atendimento e o resultado dos
exames foram fundamentais para o início do tratamento. “O câncer não espera e
se eu não tivesse sido encaminhada para o Pequeno Príncipe, não teríamos
conseguido salvar ele porque o diagnóstico é muito agressivo, mas ele está
reagindo muito bem ao tratamento e melhorando a cada dia”, completa
Liani.
Por isso, no Dia Nacional de Combate ao Câncer
Infantil, lembrado neste 23 de novembro, o Pequeno Príncipe reforça a
importância do diagnóstico precoce para salvar vidas. A leucemia é o tipo mais
comum de câncer em crianças, seguido de tumores do sistema nervoso central e
linfomas. Os cânceres em crianças e adolescentes são considerados mais
agressivos e se desenvolvem rapidamente. Por outro lado, os pacientes infantis
respondem melhor ao tratamento e as chances de cura são maiores, se comparado
com o público adulto.
Mas a
dificuldade para fazer diagnóstico precoce e para chegar aos centros
especializados de tratamento são as principais causas que levam à alta
mortalidade por câncer infantil no Brasil. Enquanto a taxa nos Estados Unidos é
de 22 mortes por milhão, no Brasil o índice fica em 43,4 por milhão, ou seja,
praticamente o dobro. Os dados refletem a realidade até 2019 e constam em um
levantamento sobre o panorama da oncologia pediátrica no Brasil feito pelo
Instituto Desiderata com o apoio técnico de profissionais da Fundação do
Câncer, do Instituto Nacional de Câncer e da Iniciativa Global da Organização
Mundial da Saúde para o Câncer Infantil na América Latina e Caribe.
“Infelizmente,
no Brasil, ainda existem poucos centros especializados no tratamento do câncer
infantil. O Hospital Pequeno Príncipe é um desses centros e oferece tratamento
completo, desde o diagnóstico até o transplante de medula óssea, nos casos em
que há indicação. Também oferecemos uma estrutura completa de exames, incluindo
os genéticos, que auxiliam imensamente na decisão de qual tratamento oferecer
para cada criança”, explica a médica chefe do Serviço de Hematologia e
Oncologia, Flora Mitie Watanabe.
No
Pequeno Príncipe, são atendidos cerca de 100 novos casos de câncer infantil por
ano, com predominância das leucemias, dos tumores do sistema nervoso central e
dos tumores abdominais. “Diariamente fazemos cerca de 30 sessões de
quimioterapia e 35 consultas”, conta a médica. A taxa de sobrevida da
instituição está em 74% e se aproxima do resultado dos centros internacionais.
Sinal de alerta
A
leucemia é o tipo mais comum de câncer em crianças, seguido de tumores do
sistema nervoso central e linfomas e muitas vezes, os sintomas do câncer podem
ser confundidos com doenças comuns da infância por isso é importante estar
atentos aos seguintes sinais:
- Dores nos ossos, principalmente nas pernas, com
ou sem inchaço.
- Palidez inexplicada.
- Fraqueza constante.
- Aumento progressivo dos gânglios linfáticos.
- Manchas roxas e caroços pelo corpo, não
relacionados a traumas.
- Dores de cabeça, acompanhadas de vômitos.
- Perda de peso, com aumento/inchaço na barriga.
- Febre ou suores constantes e prolongados.
- Distúrbios visuais e reflexos nos olhos.
Serviço
de Oncologia do Pequeno Príncipe
A instituição também disponibiliza uma cartilha
para famílias que estão enfrentando a doença. O download gratuito pode ser
feito pelo link: http://pequenoprincipe.org.br/projetosabermais/manual/apj_fab_onco_01.pdf
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