Pode até parecer fatalista, mas precisamos entender a importância de buscar tratamento adequado e, também, de não interromper o tratamento da asma grave, uma forma mais severa da asma. Mesmo porque, se tratada corretamente, a asma grave pode ser controlada e o paciente, que antes sofria com muitas exacerbações e constantes internações, pode levar uma vida normal, mantendo uma rotina de exercícios físicos e atividades do dia-a-dia.
Primeiramente, o paciente precisa ter um diagnóstico para
sua asma. A asma grave é uma forma muito mais agressiva da doença. É como dizer
que o paciente que sofre com asma tem os bronquios mais sensíveis e
inflamados¹, podendo apresentar sintomas frequentes, despertar noturno,
limitação para atividades físicas, visitas a salas de emergência e
internações..
A classificação da asma como sendo grave é feita mediante
análise clínica juntamente com os resultados dos exames. Importante salientar
que a gravidade da asma pode mudar com o tempo, fazendo-se necessário o ajuste
na medicação.
A asma, uma enfermidade crônica, atinge adultos e
crianças. Em todo mundo, estima-se que 300 milhões de pessoas convivam com a
doença, sendo que de 3% a 10% sofrem com a forma mais grave da doença⁴. Já no
Brasil, as estimativas apontam para 20 milhões. Informações do Banco de Dados
do Sistema Único de Saúde (Datasus), ligado ao Ministério da Saúde, apontam
para uma média de 350 mil internações por ano. A maioria das mortes por asma
estão relacionadas a falta de acesso às terapias ou não cumprimento do
tratamento pelos pacientes.
Por isso, os pneumologistas enfatizam a importância da
educação para desmitificar a doença. As pessoas preferem não lidar com um
tratamento contínuo e diário, pois acreditam que a asma pode demonstrar
socialmente uma espécie de incapacidade ou fraqueza. E, também, associam a
doença às famosas "bombinhas", usadas para controlar as exacerbações,
com uma idéia errônea de que podem fazer muito mal.
No entanto, se esquecem de que a descontinuação do
tratamento pode ser pior e agravar ainda mais a asma. A ciência evoluiu muito.
E, com os tratamentos regulares disponíveis hoje em dia, muitos pacientes
conseguem ter uma vida normal.
Além dos tratamentos tradicionais e os com base em
corticoides, vem ganhando destaque também as terapias à base de
imunobiológicos. Algumas terapias, inclusive, já têm cobertura dos planos de
saúde e do SUS ⁶. Recentemente, a Comissão Nacional de Incorporação de
Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) aprovou o Protocolo Clínico e
Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Asma no Sistema Único de Saúde (SUS). O
documento insere novas tecnologias no tratamento da doença, bem como mecanismos
de controle clínico, acompanhamento e verificação de resultados terapêuticos a
serem seguidos pelos gestores da rede pública de saúde.
Não há razão para interromper um tratamento de uma doença
como a asma grave, mesmo que haja receios relacionados à "exposição"
social e riscos dos medicamentos (que são mínimos). O tratamento adequado,
usado de forma correta e sem interrupções evitará exacerbações da asma, fazendo
com que a bombinha precise ser cada vez menos usada para resgate.
Dr Paulo Pitrez (CRM
RS 20324) - pneumologista pediátrico do Hospital Moinhos de Vento de Porto
Alegre, e presidente do Grupo Brasileiro de Asma Grave (BraSA).
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