Depressão sazonal, também conhecida como transtorno afetivo sazonal (SAD), está relacionada ao desenvolvimento de sintomas depressivos diretamente associados às mudanças climáticas.
Em
geral, a desordem afetiva sazonal começa no outono ou inverno e termina na
primavera ou início do verão. Mas não se trata de uma regra, já que o principal
desencadeador da depressão sazonal é a menor incidência de luz solar, que pode
ocorrer até no verão, quando há mudanças bruscas de temperatura.
De
acordo com um estudo realizado no Departamento de Psicologia Médica, da King’s
College/Universidade de Londres, em países tropicais como o Brasil, uma média
de 1% da população é afetada pela depressão sazonal, equivalente a quase 2
milhões de pessoas.
Já
segundo a Academia Americana de Médicos da Família, entre 4% e 6% dos
americanos podem ter depressão sazonal. A incidência também é grande em países
nórdicos, como Finlândia, Noruega e Suécia, uma vez que os dias são mais curtos
e há menos horas de luz no inverno.
O
que ocorre na depressão sazonal
Próximo
de estações ou períodos com menos luz solar, muitas pessoas, especialmente as
mais suscetíveis à depressão, sentem perda de energia, mudança de humor, maior
irritabilidade e até ansiedade generalizada.
“Tendemos
a mudar algumas atitudes e comportamentos devido à baixa temperatura, como
ficar mais tempo em casa, diminuindo a exposição ao ar livre. Por consequência,
reduzimos a produção de hormônios como a serotonina e a melatonina,
responsáveis pela sensação de bem-estar e prazer. Essa desarmonia pode deixar a
pessoa mais deprimida, ansiosa e cansada, gerando o transtorno afetivo
sazonal”, explica Dr. Adiel Rios, Mestre em Psiquiatria pela UNIFESP e
pesquisador no Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP.
Além
disso, com a menor exposição ao sol, diminuem os níveis de vitamina D no
organismo, fundamental para a absorção de cálcio, como também para várias
funções do sistema imunológico, digestivo, circulatório e nervoso. Daí o maior
cansaço e desânimo.
O
transtorno é quatro vezes mais comum em mulheres e costuma acontecer com maior
frequência após os 20 anos de idade. “Com alguns pacientes, os sintomas podem
continuar mesmo com a chegada do verão. Nestes casos, é preciso ter
acompanhamento com um especialista, até para investigar uma possível depressão
comum”, diz Adiel Rios.
Sintomas
típicos
Os
principais sinais de uma depressão sazonal são semelhantes ao de uma depressão
normal:
-
Labilidade emocional (variação frequente do humor)
-
Desinteresse pelas atividades do cotidiano
-
Dificuldade de concentração
-
Dificuldade para dormir ou sono excessivo
-
Tristeza sem causa aparente
-
Afastamento familiar e social
-
Fraqueza generalizada
-
Dores no corpo
Tratamentos
Há
diversas alternativas que podem reduzir os impactos negativos da depressão
sazonal, e que dependem da gravidade dos sintomas:
Uso
de medicamentos
Alguns
medicamentos podem ser indicados, como antidepressivos. “Estes inibem a reabsorção
da serotonina no cérebro, reduzindo sintomas como tristeza e cansaço excessivo.
Além disso, há estudos que apontam que a deficiência da vitamina D pode ser
compensada com a suplementação, atuando na manutenção do equilíbrio mental e
corporal, e proporcionando a energia perdida neste período”, orienta o
psiquiatra Adiel Rios.
Psicoterapia
Ainda
que a depressão sazonal esteja relacionada aos mecanismos biológicos, buscar
ajuda psicoterapêutica é fundamental. “A psicoterapia, especialmente a terapia
cognitivo-comportamental (TCC), auxilia o indivíduo a entender suas emoções e,
consequentemente, saber lidar com elas em diferentes situações”.
As
sessões de psicoterapia, que podem ser feitas individualmente ou em grupo,
envolvem, por exemplo, exercícios de reflexão (para ajudar na identificação dos
sentimentos negativos) e de respiração (para promover o relaxamento).
Fototerapia
(terapia de luz)
A
fototerapia consiste na aplicação de luz brilhante sobre a pessoa como
substituição à exposição solar, sendo realizada em hospitais e clínicas
especializadas.
O indivíduo permanece deitado, enquanto recebe a luz durante um período de 20 a 60 minutos, dependendo da força da luz e o tempo de tratamento estipulado pelo médico. A fototerapia é bastante indicada para pessoas com depressão sazonal, sendo aplicada, normalmente, em conjunto com medicamentos.
“Vale lembrar que
a adoção de hábitos saudáveis é sempre benéfica. A escolha de alimentos
nutritivos, como frutas, verduras e legumes, é totalmente favorável à redução
da incidência de depressão. A prática regular de atividade física é um
importante aliado, pois estimula a liberação dos hormônios responsáveis pelo
bem-estar. Por fim, uma boa dica para driblar a depressão sazonal é tirar umas
férias e, claro, ir para lugares com o clima bem mais animador”, finaliza Adiel
Rios.
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